Lula discursa na ONU pela 10ª vez; relembre discursos e saiba o que esperar para este ano A comitiva brasileira foi para a 80ª Assembleia Geral da Organização da ONU, nos Estados Unidos, em meio a tensões com governo Trump É a décima vez que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) – mas é a primeira com o Brasil imerso em uma crise diplomática com os Estados Unidos, onde o evento acontece.
A 80ª edição do encontro contará com mais de 150 líderes internacionais e começará nesta terça-feira, 23.
Lula deve ser o presidente a abrir os discursos, seguindo a tradição do Brasil ser o primeiro Estado-membro a se pronunciar, logo após a fala dos representantes da ONU.
O tensionamento com o governo Trump deve ser um dos focos de sua fala.
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No total, sem contar a edição deste ano, Lula já abriu oito assembleias-gerais – as de 2003, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2023 e 2024.
Em 2005 o pronunciamento foi feito em uma reunião que antecedeu a Assembleia Geral – e a abertura do evento foi feita por Celso Amorim, agora assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República.
O único ano em que não participou foi em 2010, quando estava focado na campanha eleitoral de Dilma Rousseff – e Celso Amorim também fez a vez.
Brasil soberano
A política externa é pautada desde a primeira vez que Lula subiu no palanque da ONU.
Em 2003, ele falou sobre sua busca em ampliar e diversificar a presença internacional do Brasil, estreitando laços com países para além da América do Norte e da Europa.
Em 2004, frisou a importância da independência política dos países mais pobres, falando no fim do “colonialismo”.
A questão sempre segue presente, mesmo que nas entrelinhas.
Mas, neste ano, a soberania do Brasil deve ser o foco.
O tensionamento entre o Brasil e os Estados Unidos começou a escalar em julho, quando Trump ameaçou taxar em 50% as importações brasileiras em resposta à “caça às bruxas” que o Brasil estaria fazendo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula e as autoridades brasileiras encararam a situação como uma “chantagem inaceitável” e não cederam.
Trump também não cedeu, e em agosto deu início à sanção – assim como diversas outras a autoridades brasileiras, como a aplicação da lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e a revogação de vistos.
E, em paralelo, os ritos se seguiram.
Desde então, Jair Bolsonaro passou a estar sob prisão domiciliar após ser indiciado no processo que investiga ele e um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PL), por tentarem interferir no julgamento da trama golpista buscando apoio de autoridades norte-americanas.
Já no caso da trama golpista, ele foi julgado pelo STF e condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
O governo Trump divulgou mais uma leva de sanções a autoridades brasileiras em resposta à situação de Bolsonaro nesta segunda-feira, 22, um dia antes do início da Assembleia Geral da ONU.
O republicano não participará do evento.
Também não há confirmação de que ele se encontrará com Lula, que está em Nova Iorque.
A tensão também se reflete no povo.
No início do mês, as ruas foram tomadas no Sete de Setembro por bolsonaristas que clamaram por anistia ao ex-presidente, aliados e envolvidos nos atos de 8 de Janeiro — assim como pediam pela intervenção de Trump, como exposto em diversos cartazes pelo ato.
E agora, no último domingo, 21, manifestantes contra a anistia também lotaram as ruas pelo Brasil.
Já no Congresso, o projeto de anistia segue em tramitação.
E tudo isso evidenciou, ainda mais, o discurso de “Brasil Soberano” de Lula.
Meio ambiente
A questão ambiental também é comumente citada por Lula e, neste ano, pode-se cravar que será um dos tópicos de destaque no discurso do presidente.
Isso porque, em novembro, o Brasil sediará pela primeira vez a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP).
O evento global será em Belém, na Amazônia, e colocará o País como centro do debate climático.
Em 2007, Lula abriu seu discurso falando de mudanças climáticas, alertando que “crescem os riscos de uma catástrofe ambiental e humana sem precedentes”.
Em 2009 ele voltou a defender que os países deveriam se comprometer com regras mais expressivas de redução de emissões.
De lá pra cá, a crise climática se agravou e os compromissos dos “países ricos” seguem sendo deixados a desejar.
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Luta contra a fome
Em discursos passados, pode-se dizer que um dos assuntos mais destacados por Lula é a luta do Brasil contra a fome, a pobreza e a desigualdade.
Na primeira vez que falou na Assembleia Geral, em 2003, chegou a sugerir a criação de um Comitê Mundial de Combate à Fome.
Em 2006, falou dos programas brasileiros Bolsa Família e o Fome Zero.
Já neste ano, o assunto deve ser retomado, evidenciando a importância do assunto e com um marco histórico a ser compartilhado: em julho deste ano, o Brasil saiu do Mapa da Fome.
O Brasil havia ficado de fora do indicador em 2014, mas retornou em 2021 durante a pandemia da Covid-19.
Fonte: terra
23/09/2025 08:13