A prática de queimar fios, perpetrada por pessoas em situação de rua e dependentes químicos, está gerando apreensão entre os residentes do Centro de Salvador. Vídeos recebidos pela equipe de reportagem revelam flagrantes dessa atividade ocorrendo ao longo do dia, em diversos pontos da região central da cidade.
Um morador, que optou por não se identificar, desabafou: “Não há horário específico para eles queimarem os fios. As filmagens mostram incidentes ocorrendo durante o dia, à noite e até de madrugada. É uma situação constante. Basta olhar pela janela para ver a densa fumaça subindo e adentrando nos apartamentos. Estamos perdidos quanto ao que fazer.”
Segundo relatos, os materiais que estão sendo queimados são provenientes de furtos realizados pelos dependentes químicos. “Todos nós sabemos que eles queimam os fios para extrair o cobre, que depois vendem em ferros-velhos. Com o dinheiro obtido, compram drogas”, afirmou outro morador.
Apesar das denúncias, as autoridades locais têm enfrentado dificuldades para intervir. “Já reportamos à Polícia Militar e à Guarda Civil Militar, mas parece que nada pode ser feito. As forças de segurança até tentam, mas, como se trata de dependentes químicos e não há flagrante do furto, eles alegam não poder agir. Estamos sem opções”, lamentou um dos residentes.
O local onde os materiais são queimados está próximo a importantes órgãos públicos, pontos turísticos e bairros de alto padrão de Salvador. “A poucos metros daqui, temos o Comando Geral da Polícia Militar, o Forte de São Pedro, onde está baseado o Exército, além de um grande hotel, a Praça do Campo Grande, os teatros Castro Alves e Vila Velha, e o Palácio da Aclamação. O Corredor da Vitória também está nas proximidades. É uma área significativa que está se transformando em uma ‘Cracolândia’ de Salvador.”
A Polícia Militar informou que mantém a segurança no Centro de Salvador 24 horas por dia, realizando abordagens para combater e coibir ações criminosas. Quanto aos furtos de fios, a Prefeitura de Salvador revelou que, somente em 2023, teve prejuízo de R$ 2 milhões para repor os cabos furtados da iluminação pública.