“O atual fluxo de capitais, que retira recursos de países pobres e os envia aos ricos, é inaceitável e insustentável.” A fala do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, ecoou no plenário da 4ª Conferência da ONU sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em Sevilha, nesta terça, 1º.
Representando o presidente Lula, Macêdo liderou a delegação brasileira no encontro que reuniu 15 mil participantes de 150 países — e deixou clara a estratégia do Planalto: reforçar o protagonismo do Brasil no Sul Global e cobrar dos países ricos maior responsabilidade sobre os custos da crise climática e social.
Ao criticar os trilhões gastos em armamentos enquanto faltam recursos para enfrentar a fome, o ministro apontou o paradoxo: “Como financiar os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) se o mundo prefere tanques a sementes?” Internamente, a fala também foi lida como parte da operação do Planalto para recuperar sua imagem em meio ao vaivém com o Congresso.
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Na ONU, o governo aproveitou a ausência de líderes do G7 — com exceção de Macron e da presidente da Comissão Europeia — para ocupar espaços diplomáticos e conduzir debates, inclusive sobre racismo, sexismo e justiça fiscal.
Macêdo também participou de bilaterais com a ministra alemã Reem Alabali-Radovan, tratando da COP 30, e com a diplomata saudita Deemah AlYahya, sobre equidade de gênero e economia digital.
A ideia, segundo ele, é transformar discurso em política pública: “Estamos alinhando o que fazemos no Brasil com o que o mundo espera”, afirmou à coluna.
Nos bastidores, a delegação brasileira saiu fortalecida.
O que resta saber agora é se esse novo fôlego internacional se traduzirá em mais capital político dentro de casa.
Fonte: veja
02/07/2025 14:20