Dubladores brasileiros uniram esforços em um movimento para pleitear a regulamentação do emprego de inteligência artificial em filmes, séries, jogos de videogame e outras produções audiovisuais.
O receio do setor é que artistas humanos sejam suplantados por sistemas capazes de replicar vozes reais, com base em padrões vocais identificados em registros disponíveis na internet. Um relatório da Universidade de Oxford, publicado em 2013, aponta os dubladores como profissionais vulneráveis devido ao avanço da tecnologia.
O manifesto da campanha Dublagem Viva destaca que o objetivo não é proibir a evolução tecnológica, mas assegurar que uma ferramenta de criação não seja erroneamente percebida como o criador.
Esse movimento conta com o respaldo de nomes como Wendel Bezerra, a voz em português do personagem Goku de “Dragon Ball”, Gilberto Baroli, o Saga de “Os Cavaleiros do Zodíaco”, Selma Lopes, a Maggie Simpson, Christiane Monteiro, a Lindinha de “As Meninas Superpoderosas”, e outros profissionais renomados da dublagem brasileira.
Uma petição liderada pela United Voice Artists, uma coalizão global de associações de dublagem, já angariou mais de 50 mil assinaturas para evitar a substituição de dubladores humanos por robôs.
A discussão sobre os limites para o uso de inteligência artificial em produções audiovisuais está em pauta globalmente e foi um dos pontos centrais da greve dos atores de Hollywood, que perdurou quase quatro meses em 2023.
Os dubladores brasileiros pleiteiam a definição de regras para equilibrar os avanços tecnológicos com a preservação de empregos e garantir a qualidade da dublagem. Destacam que a autenticidade na versão dublada das produções e a adaptação dos personagens à cultura e contexto do país são responsabilidades dos artistas vocais.
O movimento delineou limites para o uso de inteligência artificial na dublagem, como a proibição de reprodução de vozes de atores em outros idiomas para o português, o respeito às leis de direitos autorais e contratos de trabalho, a não promoção de estereótipos e discriminação, e a necessidade de uma regulamentação ampla, consultando todos os interessados no setor.
O manifesto destaca que as ferramentas de IA devem ser utilizadas apenas para auxiliar e aprimorar os processos nas produções audiovisuais, preservando a expressão vocal, emoção e interpretação artística dos profissionais de dublagem. A tecnologia deve ser encarada como uma ferramenta complementar, não como um substituto.