Deise Moura dos Anjos, que estava presa temporariamente sob suspeita de matar três pessoas com um bolo envenenado com arsênio em Torres, no Rio Grande do Sul, foi encontrada morta na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, na manhã desta quinta-feira, 13. Ela também era investigada pela morte do sogro em setembro de 2024.
“Imediatamente, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) que, ao chegar no local, constatou o óbito”, afirmou.
Segundo a Polícia Penal, Deise estava sozinha na cela. As circunstâncias de sua morte serão apuradas pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
A suspeita foi presa no dia 5 de janeiro. Ela era nora de Zeli dos Anjos, de 60 anos, que preparou o bolo e foi uma das vítimas intoxicadas após consumir o alimento. A sogra da investigada chegou a ser internada, mas recebeu alta no dia 10 de janeiro. De acordo com a Polícia Civil, Zeli seria o principal alvo do envenenamento, motivado por desavenças antigas entre as duas.
Deise foi detida sob a acusação de triplo homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e uso de veneno) e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. O envenenamento por arsênio ocorreu em dezembro de 2024.
As três vítimas fatais, que consumiram o bolo, foram as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, além da filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Além de Zeli, uma criança de 10 anos que também ingeriu o doce havia hospitalizada, mas já recebeu alta. O marido de Maida, que também consumiu o bolo, foi internado e posteriormente liberado.
Suspeita havia pesquisado por termo arsênio
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, há depoimentos de familiares relatando desentendimentos antigos entre a suspeita e a sogra. Além disso, foi encontrado um relatório preliminar sobre os dados extraídos do celular da suspeita, junto com análises toxicológicas que indicam que as vítimas foram contaminadas com arsênio.
“Quanto ao telefone, foram extraídas informações de busca na internet, inclusive no Google shopping, pelo termo arsênio e similares”, afirmou o TJRS em nota ao Terra.
Em uma coletiva de imprensa após a morte da família, a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Marguet Inês Hoffmann, afirmou que o arsênio responsável pelas mortes estava presente na farinha utilizada para fazer o bolo, encontrada na residência da sogra da suspeita, em Arroio do Sal.
De acordo com Marguet, foram coletadas 89 amostras na casa da mulher que preparou o bolo, e uma delas, de farinha, apresentou níveis elevados da substância, que também foi detectada no sangue das vítimas.
“Foram identificadas concentrações altíssimas de arsênio nas três vítimas. Tão elevadas que são tóxicas e letais. Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior”, explicou Marguet.