
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (4) um julgamento que pode mudar completamente as regras do jogo para redes sociais como Instagram, Facebook, X (ex-Twitter) e YouTube.
A decisão vai determinar quando as plataformas devem ser responsabilizadas por conteúdos postados por seus usuários — e o que muda no Marco Civil da Internet, lei em vigor desde 2014.
📜 O que diz o artigo 19 do Marco Civil?
Hoje, a regra é clara:
As redes sociais só podem ser responsabilizadas por conteúdos ofensivos se descumprirem uma ordem judicial para removê-los.
Ou seja: se alguém posta algo criminoso, como racismo ou discurso de ódio, a plataforma só é punida se ignorar uma decisão da Justiça mandando apagar aquele conteúdo.
⚔️ O que o STF está discutindo agora?
O STF está analisando dois recursos diferentes que pedem a revisão dessa regra. A discussão é polêmica e coloca em jogo liberdade de expressão x combate ao discurso de ódio na internet.
👨⚖️ O que os ministros já disseram?
🟥 Dias Toffoli (relator de um dos processos)
- Defendeu que o artigo 19 é inconstitucional;
- Acredita que a plataforma deve agir assim que for notificada extrajudicialmente pela vítima ou advogado;
- Disse que, em casos graves, nem precisa de notificação para tirar do ar;
- Entende que a empresa que se omite, deve ser responsabilizada.
🟦 Luiz Fux (relator do segundo recurso)
- Também considerou o artigo 19 inconstitucional;
- Defendeu que a retirada do conteúdo ofensivo deve ser imediata após notificação;
- Disse que conteúdos com ódio, racismo, pedofilia, violência ou apologia a golpe são ilícitos por natureza;
- Plataformas devem ter canais de denúncia sigilosos e monitoramento ativo dos conteúdos;
- Reforçou que isso não fere a liberdade de expressão.
🟨 Luís Roberto Barroso (presidente do STF)
- Foi o último a votar antes da suspensão;
- Propôs responsabilização somente quando a plataforma não agir diante de conteúdos criminosos;
- Para crimes como calúnia, injúria e difamação, a remoção só deve ocorrer com ordem judicial.
⏳ E agora?
O julgamento volta com o voto de André Mendonça, que deve defender a liberdade de expressão e divergir de Toffoli e Fux.
Depois dele, outros sete ministros ainda vão votar. É possível que outro pedido de vista atrase novamente a decisão.
🚨 Por que isso importa para você?
Essa decisão pode mudar a forma como as redes sociais funcionam no Brasil. Se a maioria seguir Toffoli e Fux, as plataformas terão que agir mais rápido e por conta própria para remover conteúdos ofensivos — mesmo sem ordem judicial.
Se o STF manter o artigo 19 como está, as redes só agem após decisão da Justiça.
A discussão é complexa, mas essencial: trata-se de proteger direitos sem censurar opiniões — um dos maiores desafios da era digital.