As obras no Parque da Cidade, que será o principal local das discussões da COP30 (conferência das Nações Unidas sobre clima que acontecerá em Belém), estão 78% concluídas. O número foi apresentado pelo Governo do Pará nesta quinta-feira (24), em evento sobre os 200 dias para o evento.
O percentual se refere à chamada “green zone”, espaço maior no Parque da Cidade que receberá a grande massa de visitantes da sociedade civil para os debates. Já outra área menor, que receberá chefes de Estado, a “blue zone”, terá estruturas temporárias de montagem mais facilitada, segundo o governo, e que depois do evento serão eliminadas para dar lugar a outra destinação.
O Parque da Cidade deve receber chefes de Estado e de governo, ativistas, cientistas e representantes da sociedade civil de todo o mundo. A conferência está marcada para de 10 a 21 de novembro. Antes, nos dias 6 e 7, haverá a cúpula dos líderes.
Com 500 mil metros quadrados, o Parque da Cidade tem quadras poliesportivas, jardins, um pavilhão de economia criativa e um centro gastronômico. A intenção é que seja usado posteriormente pela população e receba convenções, feiras, cursos e peças de teatro.
De fora, é possível ver o pavilhão central com a estrutura em grande parte pronta e com janelas espelhadas instaladas. Mas ainda há concreto e tijolos à vista, além de andaimes na parte de dentro. Os jardins e as quadras esportivas já estão praticamente concluídos.
O Governo do Pará, que vê no projeto um dos grandes legados da COP30, afirma que o espaço contará com mecanismos de mitigação climática com uso de energia solar, sistemas de captação e reaproveitamento de água da chuva e plantio de 2.500 árvores –incluindo 12 sumaúmas, árvores gigantes da amazônia.
No passado, funcionava um aeroclube no terreno –que era de propriedade da União. Com o crescimento da cidade, o governo local e o Executivo federal começaram negociações nos últimos anos para uma outra destinação para o espaço até que foi feita a cessão para o estado.
“Era um aeroporto subutilizado. Agora será um local de benefício para a cultura, o lazer e a prática esportiva na nossa capital. E ajudará no fomento ao turismo, com certeza”, afirmou a vice-governadora do Pará, Hana Ghassan Tuma.
“Em algumas COPs anteriores os locais eram improvisados. Como em Baku [cidade que recebeu a COP29, em 2024], com um estádio de futebol adaptado. Aqui é um espaço construído para esse grande evento. Toda a comitiva da ONU [Organização das Nações Unidas] ficou encantada”, disse.
Além do Parque da Cidade, o Governo do Pará toca mais de 30 obras de infraestrutura na cidade, que vão demandar R$ 4,5 bilhões em investimentos em mobilidade, saneamento, desenvolvimento urbano e turismo. A vice-governadora afirma que os trabalhos vão gerar um patrimônio permanente para os moradores e para o turismo na cidade.
Outra obra-chave para o evento é a do porto do Outeiro, que permitirá receber grandes navios para ajudar a reduzir o déficit de hospedagem na cidade –que não tem leitos suficientes para o público do evento. Os trabalhos nesse caso estão 69% concluídos, segundo o governo.
Belém hoje dispõe de cerca de 15.246 leitos nas principais plataformas de hospedagem, de acordo com a vice-governadora. O número é insuficiente frente à demanda esperada, que pode ultrapassar 40 mil visitantes. Além da solução dos transatlânticos, o Governo do Pará tem recorrido a intervenções em escolas e até vilas militares para expandir a capacidade de hospedagem da cidade.
Outros trabalhos relevantes para a época do evento têm um percentual de conclusão bem mais baixo. A intervenção para o saneamento do mercado Ver-O-Peso, um dos principais pontos turísticos da cidade, estão apenas 29% concluídos.
Local da maior feira aberta da América Latina, o mercado é um patrimônio histórico e cultural da cidade onde é vendida uma grande variedade de produtos por comerciantes locais, como frutas, peixes, carnes, castanhas, frutas, bebidas e artesanato. Feirantes têm a percepção de que as obras não devem ser concluídas a tempo do evento, que deve impulsionar a visitação ao local.
A realização da COP30 em Belém é considerada estratégica para inserir a amazônia no centro das discussões globais sobre a crise climática.
A cidade foi escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como símbolo de uma nova postura do Brasil na política ambiental, após anos de críticas à gestão ambiental.
O repórter viajou a convite do Governo do Pará