Num debate aberto do Conselho de Segurança sobre o futuro das operações de paz, o embaixador de Portugal junto da ONU, Rui Vinhas, afirmou que essas missões têm sido uma das expressões mais visíveis “do multilateralismo em ação”, tendo salvado vidas, impedido a escalada de conflitos e apoiado processos políticos frágeis.
No entanto, tendo em conta que os conflitos estão cada vez mais complexos, transnacionais e prolongados, Portugal defendeu a necessidade de garantir que as operações de manutenção da paz se mantêm eficazes e credíveis.
Vinhas apontou para a importância da sustentabilidade, frisando que o apoio político, o envolvimento regional e as parcerias regionais fortes, especialmente com a União Africana, são cruciais para um resultado bem-sucedido.
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“Devemos também esforçar-nos por proteger as operações das crises de liquidez que comprometam a execução dos mandatos (…) E nunca devemos ignorar que, sem financiamento adequado, todo o trabalho e esforços restantes podem acabar por ser em vão”, observou.
O debate de hoje acontece num momento em que a ONU enfrenta uma grave crise de financiamento, potenciada por cortes significativos de países como os Estados Unidos.
Tendo em conta essas limitações orçamentais, as Nações Unidas colocaram em marcha a “Iniciativa ONU80” – um projeto que visa mudanças estruturais na própria organização, como a fusão de unidades, eliminação de duplicações funcionais e estruturais, e cortes em funções que são desempenhadas noutras partes do sistema, incluindo nas missões de paz.
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Além da necessidade de financiamento adequado, Rui Vinhas destacou também o papel da prevenção, defendendo que as operações de manutenção da paz devem contribuir cada vez mais para a resolução pacífica dos litígios através da mediação, da diplomacia preventiva e dos bons ofícios do secretário-geral.
Por fim, o embaixador português ressaltou a questão da adaptabilidade, afirmando que as missões devem ser adaptadas às realidades no terreno, com mandatos que sejam “exequíveis e politicamente fundamentados”.
Defendeu igualmente que a inteligência artificial deve fazer parte dessa adaptação, mas frisou que a agilidade não deve ser feita em detrimento da proteção dos civis e dos direitos humanos, da sensibilização ambiental e climática e da participação efetiva das mulheres e dos jovens.
🌍 Contexto e Relevância
"Portugal acredita que este é um momento para reafirmar o nosso compromisso coletivo: as operações de manutenção da paz da ONU são cruciais e o apoio dos Estados-membros é essencial", disse.
Portugal, enquanto país que contribuiu com mais de 20 mil efetivos para as Operações de Paz da ONU nos últimos 65 anos, continuará a apoiar os esforços para tornar estas operações mais coerentes e com mais impacto, garantiu o diplomata.
"Como candidato a um lugar não permanente no Conselho de Segurança da ONU para 2027-2028, Portugal continuará a defender uma abordagem integrada, centrada nos três 'Ps': prevenção, parceria e proteção", concluiu.
No próximo ano, Portugal vai concorrer a uma vaga no Conselho e terá como adversários diretos a Alemanha e a Áustria, numa disputa pelos dois lugares de membros não-permanentes atribuídos ao grupo da Europa Ocidental para o biénio 2027-2028.
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Fonte: noticiasaominuto
09/09/2025 20:25