Por que a cantora Tyla, amada no Brasil, é tão odiada nos Estados Unidos?
Rejeição à carreira da cantora tem raízes em uma discussão racial A cantora sul-africana Tyla, de 23 anos, foi lançada ao sucesso de forma rápida e repentina: antes mesmo de ter um disco ou EP lançado, seu single Water, de 2023, começou a viralizar no TikTok, alçando a jovem ao sucesso e a introduzindo em um espaço bastante relevante na indústria fonográfica americana.
Ela se tornou a primeira sul-africana em 55 anos a entrar na Billboard Hot 100 — um dos principais charts americanos –, venceu o Grammy de melhor performance musical africana, ganhou o VMA de melhor afrobeat e foi considerada a artista do ano pelo iHeartRadio Music Awards.
Recentemente, foi o rosto da campanha SS25 da H&M — empresa sueca de moda que abriu loja no Brasil e trouxe a cantora para um evento com outros cantores como Gilberto Gil e Anitta.
🧠 Análise da Situação
Porém, a curiosidade sobre a jovem talentosa da música também foi o início de um boicote contra ela.
Usuários da internet encontraram um vídeo antigo de Tyla, publicado em 2020, em que ela aparece fazendo em si mesma um penteado típico sul-africano e se apresenta como uma “coloured South African”.
A diferença cultural no uso do termo coloured — traduzido livremente como “pessoa de cor” ou “colorida” — enfureceu os americanos.
Na África do Sul, é comum que pessoas negras de ascendência mista se chamem de “coloured”, enquanto que nos Estados Unidos esse termo carrega uma conotação negativa por remeter a era racista de Jim Crow, quando pessoas negras denominadas “coloured” eram separadas de pessoas brancas em espaços públicos.
📊 Fatos e Dados
Um evento posterior à descoberta do vídeo ajudou a prejudicar ainda mais a imagem da estrela em ascensão.
Em junho de 2024, Tyla foi entrevistada pelo podcast The Breakfast Club, e, ao ser questionada sobre ter se chamado de “coloured south african”, ela não respondeu e pediu a intervenção de sua assessora, que declarou que a cantora não falaria sobre aquele assunto publicamente.
No mesmo dia, diante de uma repercussão negativa, a cantora publicou uma nota explicando sua atitude: “Eu nunca neguei minha negritude.
Eu não sei de onde vem isso.
Sou mestiça de negro/zulu, irlandês, mauriciano/indiano e ‘coloured’.
Na África do Sul eu seria classificada como ‘coloured’ e em outros lugares do mundo como negra.
Raça é classificada de formas diferentes em diferentes partes do mundo.
(…) Para encerrar essa discussão, eu sou ‘coloured’ na África do Sul e uma mulher negra”.
Em entrevista para a Vogue britânica em fevereiro deste ano, Tyla aprofundou o tópico, desabafando sobre ter sido mal compreendida.
“Se as pessoas realmente pesquisassem, veriam que na África do Sul tínhamos muita segregação.
Era ruim para muitos de nós.
Eles simplesmente nos classificavam e esse era o nome que os brancos nos chamavam.
Eles escolheram chamar pessoas mestiças de ‘coloridas’.
E não vou mentir, foi difícil porque durante toda a minha vida, obviamente eu sabia que ‘sou negra’, mas também sabia que ‘sou de cor’.
📊 Informação Complementar
Então, quando fui para os Estados Unidos e as pessoas diziam: ‘Você não pode dizer isso!’, eu estava em uma posição em que pensava: ‘Ah, então o que eu faço?
O que eu sou então?'”.
Mesmo após posicionamentos e explicações da cantora, Tyla não conseguiu recuperar totalmente sua imagem nos Estados Unidos.
Seu último lançamento, WWP, um compilado com quatro músicas, vendeu menos de 4 000 cópias em sua primeira semana de lançamento.
Para uma cantora que fez tanto sucesso em uma de suas primeiras músicas lançadas, o número foi bastante desanimador.
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Fonte: veja
26/08/2025 12:38