Nesta sexta-feira (31), o Grupo Dia anunciou um acordo com a gestora MAM Asset Management para a venda de todos os seus supermercados no Brasil. A transação será realizada por um valor simbólico de € 100, com o compromisso adicional do Grupo Dia de injetar € 39 milhões para auxiliar na recuperação judicial dos negócios brasileiros. No entanto, a efetivação do acordo depende da obtenção de autorização das entidades financeiras do sindicato de bancos.
A decisão de vender as operações brasileiras é motivada por uma série de resultados negativos. As receitas do Grupo Dia no Brasil totalizaram € 161,3 milhões, refletindo uma queda de 11,7% em comparação com o ano anterior. Em termos comparáveis, o faturamento registrou uma redução de 10,4%. A empresa encerrou março com 587 lojas no país, uma diminuição de 3,1% em relação ao mesmo período de 2023. Além disso, o Grupo Dia havia anunciado anteriormente um plano para fechar 343 lojas e três centros de distribuição na tentativa de estabilizar suas operações.
O encerramento das operações no Brasil permitirá ao Grupo Dia concentrar-se nos mercados da Espanha e Argentina, considerados mais rentáveis. No entanto, a empresa prevê um impacto negativo de 101 milhões de euros em seus resultados devido a essa operação.
Sobre os motivos que levaram à derrocada do Grupo Dia, o advogado Bernardo Freitas, especializado em Direito Societário, destacou diversos fatores, incluindo o aumento do preço dos alimentos, que são uma parte significativa do portfólio do Grupo Dia, e a expansão do modelo de atacarejo, que tem se mostrado mais eficiente. Além disso, Freitas apontou problemas de qualidade nos estabelecimentos da rede de supermercados, afastando clientes de maior renda, e uma alta alavancagem financeira como desafios enfrentados pela empresa. A decisão de solicitar recuperação judicial no Brasil foi anunciada após o Grupo Dia fechar centenas de lojas no país e acumular uma dívida estimada em R$ 1 bilhão.