O destino mais promissor hoje para investimentos imobiliários no exterior Estados Unidos e Portugal deixaram de ser as opções mais atraentes para negócios Investir em imóveis no exterior sempre foi uma estratégia utilizada por brasileiros que buscam proteger seu patrimônio, diversificar aplicações e acessar mercados mais estáveis.
No entanto, o momento atual impõe uma série de desafios a essa alternativa, exigindo uma análise mais criteriosa antes de qualquer decisão.
Os Estados Unidos, por exemplo, há anos são vistos como um destino seguro para o capital estrangeiro, especialmente voltado ao mercado imobiliário.
Mas hoje, com o dólar acima de 5 reais e a instabilidade provocada pelas políticas do atual governo Trump, o cenário deixou de ser tão promissor.
A combinação entre alta do câmbio e imprevisibilidade política e econômica tem espantado até investidores experientes.
Comprar imóveis em Miami, Orlando ou Nova York ficou caro demais para quem está no Brasil e o retorno sobre o investimento não compensa os riscos cambiais e as incertezas regulatórias que têm surgido no país.
Assim, o mais indicado é congelar os planos de comprar um imóvel nas terras do Tio Sam.
🧠 Análise da Situação
Portugal, que foi o queridinho dos brasileiros por quase uma década, também atravessa um momento de virada.
O fim do Golden Visa, um benefício que permitia residência em troca de investimento imobiliário, retirou um dos principais atrativos para quem pretendia aliar investimento à possibilidade de migrar para a Europa.
Além disso, uma série de mudanças nas regras de imigração tem dificultado a vida dos estrangeiros, especialmente dos brasileiros.
A exigência de vistos mais específicos, o fim da regularização por “manifestação de interesse” e a ampliação do prazo necessário para pedir a cidadania tornaram o processo mais burocrático e incerto.
Além disso, em termos econômicos, junto com a desvalorização da nossa moeda frente ao euro, Portugal já não tem imóveis a preços atrativos em comparação há cinco anos, muito pelo contrário.
A supervalorização do país teve reflexos no custo de vida e nos preços dos imóveis.
Não apenas para os estrangeiros, como também para os locais.
Hoje, quem pensa em se mudar ou investir em Portugal já não encontra a mesma facilidade de anos anteriores.
A tendência é que o país se feche ainda mais, dificultando o fluxo de novos residentes e investidores.
A Espanha, que poderia ser uma saída para receber os investidores brasileiros, encontra-se em pé de guerra com os turistas, justamente por uma questão imobiliária.
Plataformas de locação de curta temporada, como AirBnb, tomaram conta da maioria dos imóveis de aluguel.
Dessa forma, os moradores não estão conseguindo alugar uma residência, pois a preferência dos proprietários é por contratos curtos, que são muito mais rentáveis.
Dessa forma, se tornou comum ver protestos em cidades como Barcelona e Madri contra os aplicativos e contra os turistas, tornando um ambiente inóspito para investimentos imobiliários de estrangeiros.
Com esses destinos mais tradicionais em baixa e nossa moeda tão desvalorizada, a pergunta que se impõe é: existe alguma alternativa viável e inteligente para quem deseja investir fora do Brasil sem enfrentar os mesmos obstáculos?
A resposta pode estar mais próxima do que se imagina.
O Uruguai tem se mostrado uma opção interessante para investidores atentos.
O país reúne uma série de características favoráveis: estabilidade política, ambiente econômico previsível, regras claras para estrangeiros, além de uma moeda com relação cambial mais acessível ao real.
Com cerca de 7 pesos uruguaios equivalendo a 1 real, o poder de compra do brasileiro no país é significativamente maior do que em mercados dolarizados ou atrelados ao euro.
Enquanto por aqui o governo está fechando o cerco a grandes fortunas, no pequeno país vizinho as portas da imigração estão abertas para os milionários brasileiros e de qualquer outro lugar do mundo.
O céu de brigadeiro para as grandes fortunas se abriu quando Luis Lacalle Pou assumiu a presidência uruguaia em março de 2020, com objetivo de atrair os investidores endinheirados para o país.
Um decreto logo que ele assumiu baixou de US$ 1,7 milhão (R$ 8,6 milhões) para US$ 380 mil (R$ 1,9 milhão) o valor mínimo para a compra de um imóvel, o que tornaria o estrangeiro elegível para receber o visto de residente no país.
No caso de empresários, o valor de investimento exigido caiu de US$ 5,5 milhões (R$ 28,1 milhões) para US$ 1,6 milhão (R$ 8,2 milhões).
O governo de Lacalle Pou ainda duplicou boa parte da isenção de impostos de cinco para dez anos e a obrigação de passar um tempo no país baixou de seis para dois meses.
Ainda que o novo presidente tenha tomado posse em março desse ano, tudo indica que essa política econômica se mantenha, já que vem atraindo muito dinheiro para os cofres públicos.
O Uruguai é um paraíso também para pessoas jurídicas, em especial para as empresas que recebem receitas de fontes não uruguaias.
Uma vez estabelecida no Uruguai, uma empresa paga imposto de renda corporativo apenas sobre rendimentos provenientes de fontes uruguaias, ou seja, os rendimentos recebidos de fora do Uruguai não são tributáveis.
A legislação do país não diferencia investidores locais e estrangeiros, criando assim um clima positivo para investimentos empresariais.
O título da “Suiça latino-americana” que o país detinha nos anos 1960 parece que deve voltar a ostentar em função de tantos benefícios fiscais.
No mercado imobiliário, os preços também são bastante convidativos.
Em bairros valorizados de Montevidéu é possível encontrar apartamentos amplos por valores entre 200 e 300 000 dólares.
Traduzindo para o real, esses imóveis podem ser adquiridos por valores a partir de 1 milhão de reais, o que é compatível com endereços de médio padrão em grandes capitais brasileiras.
📊 Informação Complementar
E para quem busca imóveis menores ou localizados em cidades litorâneas, como a famosa Punta del Este, há boas oportunidades por valores ainda mais baixos, principalmente em lançamentos ou imóveis fora da alta temporada.
Um ponto importante para se ter atenção é a sazonalidade.
O mercado imobiliário uruguaio tem uma particularidade que precisa ser levada em conta se a ideia é investir em imóveis visando uma rentabilidade recorrente.
Boa parte da rentabilidade, especialmente em imóveis de veraneio, está concentrada nos meses de verão, quando o país recebe turistas de várias partes da América Latina.
Durante esse período, os aluguéis disparam e o retorno pode ser bastante expressivo.
No entanto, nos meses restantes, a demanda cai consideravelmente, o que exige planejamento por parte do investidor.
Apesar dessa sazonalidade, há boas oportunidades também para quem busca aluguéis de longo prazo em Montevidéu, onde a ocupação tende a ser mais estável ao longo do ano.
Além disso, o Uruguai tem investido em melhorias urbanas e atrativos fiscais que tornam o ambiente ainda mais acolhedor para investidores estrangeiros, sem as burocracias e restrições encontradas em outros países.
O mais interessante é que, além do fator econômico, o Uruguai oferece qualidade de vida, segurança jurídica e proximidade cultural com o Brasil.
Isso facilita tanto a gestão do imóvel quanto uma eventual mudança de vida, se for o caso.
Para muitos brasileiros, o país se apresenta como uma alternativa segura, acessível e estratégica — especialmente em um momento em que outras portas estão se fechando.
Investir no exterior continua sendo uma boa ideia, mas é preciso saber onde pisar.
Enquanto Estados Unidos e Portugal exigem cautela e paciência e a Espanha nos afugenta, o Uruguai convida à análise com mais otimismo.
Não se trata apenas de diversificar, mas de encontrar um novo lugar para fazer o capital render, com menos barreiras, mais previsibilidade e uma perspectiva mais realista de retorno.
E, aí?
Partiu Uruguai?
Fonte: veja
24/07/2025 12:15