O desafio de ingerir 30 plantas por semana para domar sinais da menopausa
Movimento ganhou as redes sociais após estudo atestar benefícios do consumo de vegetais nessa fase da vida.
Médico esclarece a história Um estudo do King’s College London, na Inglaterra, em parceria com uma empresa de ciência, investigou a relação entre a alimentação e os sintomas da menopausa por meio da análise dos dados de quase 70 mil mulheres na perimenopausa (que ainda menstruam e estão passando por alterações hormonais) e na pós-menopausa (aquelas que pararam de menstruar).
Como parte da pesquisa, mais de 4 200 britânicas na menopausa foram acompanhadas por uma média de sete meses e incentivadas a seguir as orientações alimentares para consumir “30 plantas” por semana.
🧠 Análise da Situação
Independentemente de estarem fazendo reposição hormonal ou usando outros medicamentos, os resultados apontaram que um cardápio fonte de fibras e folhas verdes amenizou os sintomas causados pelas alterações hormonais na meia idade.
As manifestações psicológicas (alterações de humor, depressão e ansiedade) diminuíram 35% em mulheres na perimenopausa e 44% em mulheres na pós-menopausa.
Sinais físicos (ondas de calor e suor noturno) caíram 30% em mulheres na perimenopausa e 32% em mulheres na pós-menopausa.
🌍 Contexto e Relevância
Mas o que são essas plantas?
Quando os pesquisadores falam de “plantas”, estão se referindo a todos os tipos de alimentos vegetais: além das hortaliças (como brócolis, cenoura, abobrinha e espinafre), entram as frutas, leguminosas (como feijão, ervilha e grão de bico), castanhas e sementes (como castanhas, nozes e amêndoas), grãos integrais (como arroz, aveia e quinoa), ervas e especiarias (como manjericão, coentro e salsinha).
A alteração hormonal comum na meia idade, principalmente com a deficiência de estrogênio, pode levar a disbiose, desequilíbrio da comunidade de microrganismos que vivem trato gastrointestinal, e a má absorção de nutrientes.
📌 Pontos Principais
Muitas dessas “plantas” contêm prebióticos, fibras alimentares não digeríveis que servem como alimento para as bactérias benéficas do intestino, e polifenóis, conhecidos por suas propriedades antioxidantes e potenciais benefícios à saúde).
Para os pesquisadores, esse consumo ajuda a melhorar a microbiota intestinal, o que, por sua vez, ajuda a aliviar os sintomas descritos na perimenopausa e pós-menopausa.
E, quanto mais variada for a refeição, com as “plantas” de tamanhos, cores e formatos sortidos, melhor será o aporte de nutrientes.
E por que “30 plantas”?
Em uma pesquisa datada de 2018, mais de 10 mil participantes que comeram 30 ou mais “plantas” diversificadas por semana tiveram maior probabilidade de terem certas bactérias intestinais boas do que aqueles que ingeriram apenas dez.
Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de cinco porções diárias de frutas e hortaliças em cinco dias da semana, só que apenas 22,5% da população adulta brasileira segue essa diretriz, de acordo com levantamento da Fiocruz.
Apesar das descobertas reforçarem o papel da alimentação para amenizar os efeitos das alterações hormonais na menopausa, cada mulher passa por essa fase de forma diferente, afinal nem todas apresentam o calorão ou têm alterações de humor.
Por isso, é importante manter um acompanhamento com um especialista para identificar as necessidades específicas e traçar estratégias para que promovam uma melhor qualidade de vida, bem-estar e saúde.
De qualquer forma, os resultados desses estudos recentes despertaram um movimento nas redes sociais propondo o desafio: você consegue comer 30 plantas por semana?
Talvez seja uma boa tentar pensando nos sintomas e outras adversidades da menopausa.
* Renato Lobo é médico nutrólogo, especialista em medicina esportiva e membro da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran)
Fonte: veja
28/07/2025 09:35