A iminente prisão do ex-presidente Bolsonaro impõe um teste crucial ao comportamento estratégico dos políticos.
Quando o custo reputacional junto ao eleitorado se antecipa, é racional que os partidos desenvolvam relutância em se associar a nomes marcados por problemas com a Justiça.
Em um ambiente eleitoral cada vez mais competitivo — em que, até a véspera da votação, ainda é difícil prever o vencedor —, é esperado que as legendas busquem candidatos substitutos distantes do perfil do político condenado.
🧠 Análise da Situação
Esse movimento abre uma oportunidade para que o centro e a direita democrática se libertem do clã Bolsonaro.
Depois que eles ressuscitaram Lula ao provocar, com a lei Magnitsky e o tarifaço americano, um surto de patriotismo em defesa do Brasil, a recente crise de segurança pública devolveu uma nova chance à oposição.
Mas esse campo político ainda não conseguiu se reagrupar em torno de uma liderança.
📊 Fatos e Dados
As pesquisas de opinião mostram com clareza: o clamor popular não é por saídas autocráticas, mas por uma centro-direita capaz de restaurar a ordem nas ruas — sem abrir mão da legalidade.
Na França, a polícia é chamada de Forces de l’Ordre.
No Brasil, talvez por termos vivido uma ditadura violenta por mais de duas décadas, confundimos autoridade com autoritarismo.
📌 Pontos Principais
Algumas lideranças de direita já entenderam esse recado, mas seguem reféns de Bolsonaro.
O Brasil já dispõe de engenharia institucional que remove políticos desviantes e que atentam contra a democracia do jogo eleitoral por oito anos: a Lei da Ficha Limpa.
Mas é importante reconhecer que a inelegibilidade de um político não é apenas uma punição individual.
Ela tem efeitos coletivos: os partidos também pagam o preço pelos desvios de seus líderes.
Pesquisas mostram que partidos cujos líderes são banidos sofrem queda de desempenho eleitoral.
A perda de votos não se restringe ao cargo diretamente afetado pelo escândalo, mas contamina toda a legenda.
Além disso, essas siglas enfrentam dificuldades para encontrar candidatos de reposição à altura em função do dano reputacional.
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Quanto mais cedo romperem com Bolsonaro, mais chances terão de reconquistar a confiança do eleitorado com autoridade moral e competitividade eleitoral.
Fonte: estadao
09/11/2025 20:19











