Segundo o boletim de ocorrência do caso, a jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira se recusou a assinar documentos pertinentes à sua prisão em flagrante e não colaborou para a realização de sua legitimação e de seu boletim de Identificação criminal. A Justiça concedeu liberdade provisória a ela após audiência de custódia.
A jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, que foi presa em flagrante no sábado (14) após fazer xingamentos homofóbicos contra um homem em uma cafeteria do Shopping Iguatemi, na Zona Oeste de São Paulo, também ofendeu policiais civis que estavam na delegacia durante o processo da prisão.
De acordo com o boletim de ocorrência do caso, Adriana se recusou a assinar documentos pertinentes à sua prisão em flagrante e não colaborou para a realização de sua legitimação e de seu boletim de Identificação criminal.
“Durante todo o tempo que permaneceu nesta delegacia, continuou a fazer ofensas contra os policiais civis em trabalho no plantão, recusando-se a acatar as ordens legais para cumprimento dos procedimentos decorrentes da prisão em flagrante”, aponta o documento.
O g1 procurou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para saber se a Polícia registrou crime de desacato, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
O caso
Clientes do shopping registraram Adriana falando “bicha nojenta” para Gabriel Galluzzi Saraiva, de 39 anos, que estava sentado na mesa ao lado.
Depois da prisão em flagrante, a Justiça mandou soltá-la mediante o cumprimento de medidas cautelares, como não frequentar o shopping.
A jornalista também chegou a chamar o homem de “assassino”. Ele, por sua vez, xingou Adriana de “imbecil” na discussão.
Os vídeos não mostram como o embate começou, mas mostram a agressora nervosa e xingando o homem. Ele não aparece nas imagens, mas também reage em tom elevado.
Adriana afirmou à TV Globo que Gabriel e seus amigos estavam rindo dela. Ela também disse que se arrependeu das ofensas.
Segundo Adriana, ela estava ao telefone quando Gabriel e outras pessoas que o acompanhavam mandaram que ela falasse baixo e calasse a boca. Ela alegou ainda que foi vítima de etarismo.
“Eu estava ao telefone, eu vou ser operada no dia 27 do joelho, vou colocar uma prótese […]. Estou muito ansiosa, muito nervosa, comecei a chorar ao telefone. E esse grupo que estava ao lado começou a rir. Quando eles começaram a rir, eu desliguei o telefone, levantei o braço e pedi a conta. Falei ‘por favor, traz a conta, eu quero ir embora'”, disse
“Eles estavam rindo de mim, falaram que eu tinha que ser anestesiada […] Aí, ele se manifestou, disse ‘fala baixo’, ‘cala a boca’. […]. Houve aquela confusão na hora, eu chamei ele de ‘boiola’. Xinguei mesmo. Ele já tinha me xingado de ‘velha’. […] Sim, me arrependo”, completou.
Já Gabriel afirmou que Adriana estava em uma mesa próxima, falando alto. Ele disse que pediu a ela para que tivesse mais calma na hora de falar com a atendente da cafeteria. Foi então que as agressões diretas e homofóbicas começaram, segundo ele.
“A gente estava tomando um café. Era por volta de 15h30. Uma senhora sentada na mesa do lado começou a pedir pela conta, descontrolada, falando bem alto ‘eu quero minha conta’, ‘eu quero ir embora’, ‘eu quero minha conta’, ‘eu quero ir embora’. Ela pedindo insistentemente, falando bem alto […] A moça fez um sinal de que já iria. Daí intervi, falei ‘calma, ela já virá, já deu o sinal’. Então, ela se descontrolou, começou a me atacar diretamente”, disse.
Giulia Podgaic, que estava sentada em uma mesa próxima, presenciou a discussão e confirmou a versão de Gabriel.
“Ouvi a mulher gritar com a funcionária do café, pedindo a conta, falando que queria ir ao banheiro, gritando. Aí a vítima pediu para a senhora se acalmar, disse ‘se acalma, ela já vai vir’, e aí ela começou a falar um monte, ofender ele de todos os jeitos, falar ‘pobre’, ‘bicha’, todas as palavras de baixo calão possíveis… ‘bicha nojenta’, ‘pobre’, ‘você não deveria estar aqui'”, afirmou.
“Ele começou a ficar nervoso, mas conseguiram retirar ele para que se acalmasse. Ele foi para outro lugar e ela continuou a ofender. Foi uma situação horrível. Chamou ele de ‘assassino’ do nada. Foi uma situação muito horrível”, completou.
Em nota, o shopping Iguatemi lamentou o ocorrido e reforçou seu respeito à diversidade.
“O shopping lamenta a ocorrência entre os dois clientes em uma das suas operações, esclarece que prestou todo o apoio necessário e segue à disposição das autoridades competentes.”
“O empreendimento reforça que o respeito à diversidade — em todas as suas formas — é um valor inegociável e repudia qualquer ato de discriminação e intolerância.”
O que diz a Secretaria da Segurança Pública
“Uma mulher de 61 anos foi presa em flagrante na tarde de sábado (14), em um shopping na Avenida Brigadeiro Faria Lima, zona sul da capital. Policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, no local, constataram que a mulher havia proferido ofensas homofóbicas a um homem, de 39 anos.”