Martelo da Meia-Noite: prodigiosa operação americana encerra questão?
Do ponto de vista militar, nunca se viu nada igual ao bombardeio de instalações nucleares iranianas, o problema é o que vem depois Os americanos enganaram todo mundo direitinho – inclusive os próprios repórteres da área de defesa, profissionais escolados e acostumados a “ler” todos os sinais que emanam do Pentágono, indo desde as insinuações de suas fontes até o chamado índice de entrega de pizzas, um indicador de atividades fora do comum.
Numa cidade como Washington, que basicamente funciona sobre os vazamentos de notícias, o silêncio total em torno da operação Martelo da Meia-Noite funcionou além de todas as previsões.
Algumas táticas de diversionismo ajudaram.
💥 Impacto e Consequências
Donald Trump, que segundo reportagem do jornal Israel Hayom coordenou o ataque com Israel desde o início, disse que estava dando um prazo de duas semanas para o Irã e choveram notícias sobre a ida de bombardeios B-2 para a base americana de Guam.
Houve realmente esse deslocamento, com o objetivo de enganar os alvos e criar um falso cronograma.
Na verdade, os sete aviões em formato de morcego envolvidos no bombardeio saíram da base da Força Aérea no estado do Missouri e voaram direto durante dezessete horas até chegar ao Irã, com múltiplos reabastecimentos no ar, sobrevoando o Atlântico, o Mediterrâneo, a Síria e o Iraque.
Contando o trajeto de volta, foram 37 horas de voo.Esses aviões têm cama, microondas e, luxo máximo, até um pequeno banheiro para as missões de longa duração.
📌 Pontos Principais
Contra o Irã, usaram catorze das superbombas de que todo mundo falou incessantemente na semana passada, antecipando a missão destinada a, na expressão do secretário da Defesa, Pete Hegseth, obliterar o programa nuclear bélico do Irã, em Fordo e Natanz.
Contra uma terceira localidade, Isfahan, conhecida pelos requintados tapetes, um submarino – provavelmente o Georgia – disparou trinta mísseis Tomahawk.
Ao todo, participaram do Martelo da Meia-Noite 125 aviões.
Nada parecido a essa operação coordenada foi feito antes na história da guerra.
“Agora está na hora da paz”, postou Trump, em maiúsculas.
ATO DE GUERRA
Obviamente, ele sabe que o regime iraniano não tomará esse caminho.
Como Trump é Trump, postou que “não é politicamente correto” falar em mudança de regime, mas se o atual regime iraniano não é capaz de Fazer o Irã Grande de Novo, por que não haveria mudança de regime?”.
Até onde dá para ver, não parece uma opção viável.
O Parlamento iraniano fez o que tantos analistas antecipavam e aprovou o fechamento do estreito de Ormuz, o gargalo por onde passa 20% da produção mundial de petróleo, deixando o Irã na posição única de detonar não apenas a si próprio, mas a vizinhos como a Arábia Saudita, Emirados Árabes, Iraque e Kuwait – e todos poderiam alegar um ato de guerra.
Atenção: foi aprovada a realização eventual do bloqueio, mas ela não passou do papel para as águas do Golfo Pérsico.
📊 Informação Complementar
É claro que um bloqueio vai detonar o preço do petróleo, enigmaticamente mantido desde que Israel lançou os ataques para inviabilizar o programa nuclear bélico, no dia 13.
E é claro que um dos argumentos de Trump para ganhar a eleição do ano passado foi uma gasolina mais acessível.
Uma pesquisa da Fox antes do ataque de sábado para domingo mostrou que 73% dos americanos consideram o Irã representa uma ameaça para a segurança dos Estados Unidos.
JUNTOS NESSA
Como conciliar os dois movimentos contrários, o da gasolina barata e o da neutralização de um programa nuclear de altíssima probabilidade de desestabilizar o Oriente Médio?
Muito do sucesso ou do fracasso do governo Trump depende disso.
A inacreditável torcida para que ele se dê mal ignora quantos outros países, inclusive o nosso, podem ser prejudicados por uma crise no mercado de petróleo.
Querendo ou não, agora estamos juntos nessa.
Idealmente, na medida em que essa palavra pode ser usada numa situação de conflito e perigo de crise global, o programa nuclear bélico estaria obliterado, Israel caminharia para encerrar operações, o Irã teria recursos militares vastamente diminuídos e a diplomacia tomaria o lugar dos mísseis.
É a única possibilidade de pacificação.
O B-2 Spirit, um prodígio do engenho humano, não resolve sozinho as questões de altíssima complexidade envolvidas, embora ajude a tirar da mesa, pelo menos por alguns anos, a bomba iraniana.
O engenho humano agora tem que ser aplicado em outras áreas.
Fonte: veja
23/06/2025 14:53