BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na articulação política para que o Senado aprove a escolha do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula não admite qualquer “plano B” como alternativa a seu indicado.
Além de conversar nesta segunda-feira, 1, com o senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Lula pediu a ministros que não alimentem discussões sobre o assunto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Em duas reuniões ocorridas nesta segunda, o presidente deu vários recados: o primeiro é o de que, a partir de agora, ele vai conduzir pessoalmente as conversas com senadores da base aliada que resistem à indicação de Messias.
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Lula não quer saber de “disse me disse” para não aumentar a crise política e por isso solicitou a ministros que cuidem das votações do projeto de lei antifacção – prevista para esta semana no Senado – e também do Oçamento e da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.
A ordem teve endereço certo.
A portas fechadas, o presidente mostrou contrariedade com nota divulgada por Alcolumbre, no domingo, 30, dizendo ser nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a “falsa impressão” de que divergências entre os Poderes são são resolvidas por “ajuste de interesse fisiológico”, com distribuição de cargos e emendas.
O texto foi interpretado no Palácio do Planalto como uma tentativa de pressionar o presidente.
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Em almoço com o senador Weverton, no Palácio da Alvorada, Lula começou a fazer um mapeamento dos nomes da base aliada que são próximos a Alcolumbre e veem dificuldade para a aprovação do nome de Messias a uma cadeira no STF.
Nessa lista estão o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e até o presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA).
Na semana passada, o próprio Weverton chegou a comparar sua função de dar um parecer sobre a indicação de Messias à de segurar “uma granada sem pino”, tamanhas eram as dificuldades para conseguir apoio ao advogado-geral da União.
Vice-líder do governo, o senador afirmou, depois, que iria atrás do pino “para não deixar a granada explodir”.
Era uma referência velada à reunião com Lula.
Interlocutores que estiveram com o presidente dizem que ele vai conversar com Alcolumbre, mas não quer fazer isso nesse momento porque não age com “a faca no pescoço”.
A intenção de Lula é ouvir Renan, Braga e Otto, que é amigo do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi ao X (antigo Twitter) para afirmar que o governo nunca considerou rebaixar a relação com o presidente do Senado “a qualquer espécie de fisiologismo ou negociações de cargos e emendas”.
Depois da nota divulgada por Alcolumbre, ministros também fizeram questão de dizer que o vazamento sobre as exigências do senador para garantir a aprovação de Messias não havia saído do Planalto.
Como mostrou o Estadão, o presidente do Senado sempre atuou como uma espécie de facilitador do Planalto com o Congresso.
Os cargos negociados não são apenas para ele, mas também para aliados do Centrão, que ficam lhe devendo favores.
Atualmente, os postos cobiçados são o comando do Banco do Nordeste, a presidência e a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a vice-presidência de Tecnologia da Caixa.
Lula tenta adiar a sabatina de Messias, marcada para o próximo dia 10.
A leitura do governo é a de que Alcolumbre quer mais “atenção” do Planalto e usa agora a análise do indicado por Lula para o STF como pretexto para conseguir tudo o que deseja.
📊 Informação Complementar
Pelos cálculos de Alcolumbre, Messias teria hoje entre 25 a 31 votos no plenário.
Para que sua indicação receba sinal verde, ele precisa do apoio de no mínimo 41 dos 81 senadores, após passar pelo crivo da CCJ.
Em conversas com amigos, nos últimos dias, o presidente do Senado – que gostaria de ver Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ocupando a cadeira de ministro do STF – tem reclamado muito de Lula e de seus auxiliares.
No diagnóstico de Alcolumbre, aliados do governo tentam desmoralizá-lo e associar seu nome às conexões políticas do banqueiro Daniel Vorcaro, que protagonizou o escândalo do Banco Master.
Alcolumbre está até hoje inconformado com o fato de Lula não ter lhe comunicado com antecedência que iria mesmo indicar Messias.
Até hoje o governo também não enviou ao Senado a mensagem presidencial sobre a escolha do advogado-geral da União.
O movimento é considerado “desrespeitoso” por Alcolumbre, que chegou a romper relações com Jaques Wagner.
Para ele, Wagner fez “jogo duplo” para emplacar Messias e atrapalhou as pretensões de Pacheco.
A intenção do presidente do Senado ao marcar a sabatina de Messias na CCJ para o dia 10 é justamente a de não dar tempo para ele virar votos a seu favor.
Na contabilidade do Planalto, porém, Messias está muito próximo de conseguir a maioria dos votos.
Um ministro disse ao Estadão, sob reserva, que o que interessa é a aprovação de Messias, mesmo que seja “em cima do laço”, com o apoio de 41 senadores.
Fonte: estadao
01/12/2025 23:33











