Na TV, Lula não cita o nome de Trump e chama taxa dos EUA de ‘chantagem inaceitável’ Em fala na rede aberta, petista defendeu Pix e atuação da Justiça brasileira e destacou política ambiental; ‘Ninguém está acima da lei’ Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou nesta quinta-feira (17) a taxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil de “chantagem inaceitável”.
Em pronunciamento na cadeia nacional de televisão aberta, o petista afirmou que o republicano “ameaça” as instituições brasileiras com “informações falsas” (veja o discurso na íntegra ao fim).
“O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo.
Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos, e encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação.
Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse Lula.
Nos quase cinco minutos de pronunciamento, Lula não citou o nome de Trump — o petista referiu-se ao republicano apenas como “presidente norte-americano” —, nem o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um dos motivos da tarifa de Trump seria uma suposta perseguição judicial contra Bolsonaro.
Lula fez críticas a isso na fala na TV.
“Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros.
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São verdadeiros traidores da pátria.
Apostam no quanto pior, melhor.
Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo”, declarou Lula no pronunciamento.
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Negociação é prioridade, mas governo pode retaliar
O petista voltou a declarar, ainda, que o Brasil está disposto a negociar, mas não descarta retaliar os EUA com a mesma taxação de 50%.
“Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia.
Desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional.
Não há vencedores em guerras tarifárias”, completou.
Durante a fala, Lula aproveitou para defender a atuação da Justiça brasileira na fiscalização das plataformas digitais.
“No Brasil, ninguém — ninguém — está acima da lei.
É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes e fraudes", destacou.
Tarifaço e investigação dos EUA
Na semana passada, Donald Trump anunciou que vai cobrar 50% de todos os itens do Brasil comprados pelos EUA a partir de 1º de agosto.
Segundo o republicano, a medida é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e à forma como o país tem tratado Bolsonaro.
Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações que envolvem o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.
Dias depois, a Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) abriu uma investigação contra o Brasil.
O objetivo é apurar supostas práticas comerciais desleais, envolvendo o Pix, as grandes empresas de tecnologias dos EUA e medidas brasileiras de controle de desmatamento ilegal.
Segundo a USTR, a medida visa investigar se atos, políticas e práticas do governo brasileiro em áreas como comércio digital, serviços de pagamento eletrônico, como o Pix, tarifas preferenciais, combate à corrupção, proteção de propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol e controle de desmatamento ilegal são injustificáveis ou discriminatórios e impõem restrições ao comércio norte-americano.
Pronunciamento completo de Lula na TV Minhas amigas e meus amigos, Fomos surpreendidos, na última semana, por uma carta do presidente norte-americano anunciando a taxação dos produtos brasileiros em 50%, a partir de 1º de agosto.
O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo.
Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos, e encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação.
Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.
Contamos com um Poder Judiciário independente.
No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa.
Tentar interferir na justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional.
Só uma pátria soberana é capaz de gerar empregos, combater as desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar as oportunidades que as pessoas precisam para crescer na vida.
Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros.
São verdadeiros traidores da pátria.
Apostam no quanto pior, melhor.
Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo.
Minhas amigas e meus amigos, a defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras no Brasil.
Para operar no nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras.
No Brasil, ninguém — ninguém — está acima da lei.
É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes e fraudes, cometer crime de racismo, incentivar a violência contra as mulheres e atacar a democracia, além de alimentar o ódio, violência e bullying entre crianças e adolescentes, em alguns casos levando à morte, e desacreditar as vacinas, trazendo de volta doenças há muito tempo erradicadas.
Minhas amigas e meus amigos,
Estamos nos reunindo com representantes dos setores produtivos, sociedade civil e sindicatos.
Essa é uma grande ação conjunta que envolve a indústria, o comércio, o setor de serviços, o setor agrícola e os trabalhadores.
Estamos juntos na defesa do Brasil.
E faremos isso de cabeça erguida, seguindo o exemplo de cada brasileiro e cada brasileira que acorda cedo, e vai à luta para trabalhar, cuidar da família e ajudar o Brasil a crescer.
Seguiremos apostando nas boas relações diplomáticas e comerciais, não apenas com os Estados Unidos, mas com todos os países do mundo.
Minhas amigas e meus amigos,
A primeira vítima de um mundo sem regras é a verdade.
São falsas as alegações sobre práticas comerciais desleais brasileiras.
Os Estados Unidos acumulam, há mais de 15 anos, robusto superávit comercial de US$ 410 bilhões de dólares.
O Brasil hoje é referência mundial na defesa do meio ambiente.
Em dois anos, já reduzimos pela metade o desmatamento da Amazônia.
E estamos trabalhando para zerar o desmatamento até 2030.
Além disso, o Pix é do Brasil.
Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo.
Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo, e vamos protegê-lo.
Minhas amigas e meus amigos,
Quando tomamos posse na Presidência da República, em 2023, encontramos o Brasil isolado do mundo.
Nosso governo, em apenas dois anos e meio, abriu 379 novos mercados para os produtos brasileiros no exterior.
Estamos construindo parcerias comerciais com a União Europeia, a Ásia, a África e nossos vizinhos da América Latina e do Caribe.
Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia.
Desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional.
Minhas amigas e meus amigos,
Não há vencedores em guerras tarifárias.
📊 Informação Complementar
Somos um país de paz, sem inimigos.
Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações.
Mas que ninguém se esqueça: o Brasil tem um único dono — o povo brasileiro.
Muito obrigado.
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Fonte: r7
18/07/2025 04:28