O segundo semestre político começou sob o impacto de dois episódios reveladores.
O primeiro foi a invasão da Mesa Diretora da Câmara por deputados insatisfeitos com a condução da pauta da anistia de Jair Bolsonaro e de seus aliados.
O segundo, a decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, de não dar andamento ao impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.
🌍 O Cenário Atual de veja
Os fatos expuseram a fragilidade das lideranças no comando das Casas Legislativas.
O gesto dos deputados teve peso simbólico e político.
A anistia a Bolsonaro, tema altamente sensível e polarizador, inflamou a base e gerou um cenário de confronto aberto.
🔄 Atualizações Recentes
Hugo Motta viu sua autoridade questionada justamente no espaço que simboliza a ordem e o comando da Câmara.
Embora a situação tenha sido contida, ficou claro que sua liderança terá de enfrentar pressões intensas sempre que temas ligados a Bolsonaro estiverem em debate.
Alcolumbre caminhou sobre terreno movediço.
🌍 Contexto e Relevância
Ele buscou evitar choque direto com o Supremo, mas desagradou à base bolsonarista, que vê no Senado o espaço natural para confrontar o Judiciário.
O movimento projetou Alcolumbre como uma liderança que aposta na moderação, mas revelou o risco de fissuras dentro do seu arco de sustentação.
“Tanto Motta quanto Alcolumbre viram escapar das mãos uma arena estratégica como a CPMI do INSS” Os dois episódios mostram presidentes das Casas que precisam lidar com bancadas cada vez mais autônomas e dispostas a desafiar acordos.
Isso ocorre em um semestre crucial, no qual temas de natureza fiscal e orçamentária dominam a pauta — da regulamentação da reforma tributária à revisão do arcabouço fiscal, passando pelos vetos presidenciais e pela pressão por emendas.
A consequência é clara: a previsibilidade do processo legislativo se reduz.
O Executivo perde capacidade de antecipar votações, e os próprios líderes do Congresso veem a necessidade de negociações mais fragmentadas.
A articulação torna-se mais trabalhosa e sujeita a sobressaltos.
Essa nova realidade ganhou expressão imediata na CPMI do INSS.
Tratada como uma das primeiras grandes batalhas do semestre, a comissão fugiu ao controle das cúpulas.
Tanto Motta quanto Alcolumbre viram escapar das mãos uma arena estratégica.
📊 Informação Complementar
A CPMI expôs, em definitivo, que a fragilidade demonstrada nos episódios da anistia e do impeachment reverberou em perda de controle sobre a dinâmica interna do Congresso.
Hugo Motta, visando restabelecer sua liderança, acelerou a votação da PEC das Prerrogativas, apresentada como uma resposta política ao tensionamento institucional.
A proposta, que reforça a proteção de parlamentares, foi interpretada como gesto de afirmação de autoridade frente às bases insatisfeitas e como tentativa de reposicionar a Câmara na disputa de protagonismo com o Judiciário.
Embora a tramitação dependa de composições delicadas, o avanço da PEC simboliza a estratégia de Motta de mostrar firmeza.
O semestre, portanto, começa com um Congresso mais imprevisível, lideranças mais pressionadas e bancadas dispostas a testar os limites do sistema.
Um cenário que exigirá habilidade política redobrada para evitar que a pauta fiscal e orçamentária, vital para a estabilidade do país, se transforme em mais um foco de crise.
Tudo agravado pela crescente influência dos movimentos pré-eleitorais de 2026.
Publicado em VEJA de 29 de agosto de 2025, edição nº 2959
Fonte: veja
31/08/2025 16:58