Impasse nas negociações com os EUA pressiona exportações brasileiras e preocupa setores Apesar de a medida entrar em vigor em agosto, empresas começam a sentir os efeitos, alerta especialista Economia|Do R7, em Brasília Enquanto países como Japão e Filipinas celebraram acordos comerciais com os Estados Unidos para reduzir as tarifas previstas , o Brasil enfrenta um cenário alarmante no campo das exportações.
Faltando três dias para a implementação do tarifaço anunciado pelo presidente americano, diversos setores da economia nacional relatam impactos significativos.
No segmento de pescados, contêineres permanecem retidos devido à incerteza sobre a aplicação da alíquota de 50% nas vendas externas.
No Porto de Santos (SP), cargas de alimentos estão paralisadas por conta de cancelamentos por parte de empresas exportadoras.
💥 Impacto e Consequências
‘Bomba atômica’ para o Brasil Para Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais — empresa especializada em consultoria aduaneira, logística e comércio exterior —, sem avanço nas negociações tarifárias, a economia brasileira enfrentará um colapso.“ Tarifas impostas pelos EUA podem desvalorizar o real, aumentar o desemprego e resultar numa verdadeira bomba atômica”, afirmou o empresário.
Segundo relatório da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), o comércio bilateral totalizou US$ 41,7 bilhões entre janeiro e junho de 2025 — crescimento de 7,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Entre os dez principais itens exportados, oito apresentaram queda nas vendas, e todos, com exceção de petróleo bruto e óleos combustíveis, correm risco de serem afetados pelas novas tarifas: – Açúcares e melaços: −51,6% – Óleos brutos de petróleo: −24,5% – Instalações e equipamentos de engenharia civil: −23,6% – Celulose: −14,9% – Manufaturas de madeira: −14,0% – Motores de pistão: −7,6% – Óleos combustíveis: −6,6% – Partes e acessórios de veículos: −5,6% – Geradores elétricos giratórios: −3,6% – Armas e munições: −1,8% Ceará no caminho do tarifaço Com mais da metade das exportações destinadas aos Estados Unidos, o Ceará desponta entre os estados mais expostos aos efeitos das medidas anunciadas por Donald Trump.
Dados do Comex Stat, plataforma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, indicam que, entre janeiro e julho de 2025, aproximadamente 52% das vendas externas cearenses foram direcionadas ao mercado norte-americano.
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Embora São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais liderem em volume financeiro, o Ceará se destaca pela alta dependência em relação ao comércio com os EUA.
Setores da pesca e do mel
Fernandes menciona a cidade de Picos, no Piauí, altamente dependente das exportações de mel.
Segundo ele, cerca de 100 contêineres são enviados anualmente aos Estados Unidos, movimentando aproximadamente US$ 12 milhões em receita.
No entanto, parte dessa carga está parada no Porto do Pecém (CE).
No setor de carnes, destaca-se o caso do Mato Grosso do Sul, onde cerca de 70% da produção destinada ao mercado externo tem os EUA como destino.
Na última semana, frigoríficos locais interromperam a produção voltada ao mercado norte-americano.
Já no setor de pedras brutas, alguns envios foram mantidos mesmo diante das tarifas, após negociações entre exportadores e importadores para repartir os custos extras e preservar o mercado.
Acordo diplomático é a única saída
Fernandes descarta alternativas econômicas ou comerciais no curto prazo.
Em sua avaliação, uma solução diplomática representa a única saída estratégica.
Segundo o especialista, substituir o mercado norte-americano de forma imediata é praticamente impossível, dada a magnitude dos volumes exportados e a especificidade dos produtos brasileiros, como commodities e itens perecíveis.
Ele conta que o Brasil tem uma fábrica de pás que, no auge, empregou cerca de 7.000 pessoas.
“Foi a primeira exportação de pás eólicas fabricadas no Ceará para os Estados Unidos.
Foram dois anos desenvolvendo esse mercado, criando moldes, ajustando especificações técnicas, contratando cerca de 1.500 profissionais, além de investimentos logísticos e em planejamento.
Transportar uma pá de 32 metros não é algo simples”, relatou.
Fernandes faz a comparação com produtos perecíveis.
“Como encontrar um novo mercado consumidor da noite para o dia?
📊 Informação Complementar
É inviável.
Cada país impõe exigências técnicas, sanitárias e certificações específicas.
Trata-se de um processo complexo, que demanda estrutura, tempo e negociação”, concluiu.
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Fonte: r7
29/07/2025 09:34