Fãs do BTS se mobilizam contra PL da Devastação Army Help The Planet: coletivo brasileiro lidera campanha contra projeto que enfraquece licenciamento ambiental Muito além da música, a força de uma comunidade engajada.
O que começou como uma mobilização espontânea de fãs brasileiras do grupo sul-coreano BTS, em resposta às queimadas que escureceram o céu de São Paulo em 2019, hoje se consolida como uma iniciativa com atuação concreta nas causas socioambientais no país.
A Army Help The Planet, formada por voluntárias conhecidas como armys (como são chamadas as fãs do BTS em todo o mundo), ganhou projeção com campanhas de conscientização política, ambiental e social.
Agora, o grupo retorna ao centro do debate público em firme oposição ao PL da Devastação (projeto de Lei 2.159/202), que busca flexibilizar regras de licenciamento ambiental.
O texto, já aprovado pelo Congresso, aguarda a decisão do presidente Lula, que pode sancionar, vetar ou vetar parcialmente.
📌 Pontos Principais
Se o veto não for total ou derrubado, a discussão acabará no STF por causa de uma série de inconstitucionalidade.
“É desanimador ver um país que sediará a COP 30 e que sofreu tragédias climáticas como as do Rio Grande do Sul e Petrópolis, aprovar uma proposta que desmantela a principal ferramenta de prevenção de danos ambientais.
O PL facilita a liberação de empreendimentos com alto potencial de impacto, sem a exigência de estudos técnicos ou chancela de órgãos reguladores.
Para nós, é flagrantemente inconstitucional”, critica a advogada Mariana Faciroli, co-diretora do coletivo.
A Army Help The Planet está atuando fortemente nas redes sociais com campanhas de conscientização, tuitaços e apoio a petições.
Segundo a advogada, um dos princípios fundamentais do coletivo é a conscientização política apartidária: “Estamos ajudando a divulgar o abaixo-assinado do Greenpeace e organizando ações de pressão pública.
Uma das campanhas mais marcantes que fazemos, continuamente, é o Tira o Título Army, que incentiva fãs do BTS a tirarem seus títulos eleitorais”, diz Mariana.
“A nossa missão é promover causas socioambientais independentemente de quem esteja no poder.
Seguimos atuando mesmo diante dos ataques às pautas ambientais durante o governo anterior e continuamos vigilantes agora.
A luta não pode parar”, afirma.
A mobilização do Army Help, inicialmente digital, ganhou corpo e se estruturou.
Hoje, o coletivo conta com 28 voluntárias de todo o país, com formações diversas (engenheiras ambientais, professoras, designers, profissionais de RH, advogadas, médicas): “Somos um coletivo que nasceu da vontade de agir.
As queimadas que escureceram o céu de São Paulo em plena tarde, em 2019, despertaram um senso de urgência enorme.
Na época, começamos a levantar uma hashtag nas redes sociais e, de forma totalmente orgânica, ela foi parar nos trending topics mundiais.
Foi aí que percebemos o poder que tínhamos como fandom”, relembra Mariana.
Inspiradas pelas ações sociais e humanitárias do próprio BTS — como a campanha Love Myself com a Unicef —, as voluntárias entendem que o fandom vai muito além de consumir conteúdo: “O Army é um público muito engajado e politizado.
O BTS sempre abordou questões sociais importantes, como desemprego juvenil e saúde mental.
A cultura de fã mudou: agora é possível ser fã e cidadã ao mesmo tempo.
A nossa comunidade tem senso crítico”, explica Mariana.
A estrutura digital do coletivo também impressiona: só no Twitter, soma mais de 95 mil seguidores.
No Instagram, são 19 mil.
O TikTok, mais recente, já ultrapassa 12 mil seguidores.
“Nosso alcance é fruto de uma rede de fanbases que abraça nossas campanhas.
Temos muito orgulho disso.
📊 Informação Complementar
A doação de US$ 1 milhão do BTS ao movimento Black Lives Matter inspirou o fandom global a igualar o valor em 24 horas.
Isso mostra o tamanho do nosso impacto”, aponta.
Entre outras ações já realizadas, a Army Help The Planet arrecadou R$ 60 mil para a compra de oxigênio durante a pandemia, em parceria com a ONG Cidadania e Moradia.
Também já participou do Fórum Mundial da Paz em Busan, na Coreia do Sul, onde apresentou suas iniciativas como estudo de caso: “Falar sobre a Agenda 2030 da ONU num espaço como aquele, ao lado do Ban Ki-moon, foi uma honra que nunca vou esquecer”, comenta Mariana.
Além da luta contra a PEC da Devastação, o grupo prepara ações voltadas para pessoas do espectro autista, reforçando seu compromisso social: “Estamos organizando uma nova campanha, agora com foco na inclusão de pessoas autistas.
A agenda ambiental e social caminham juntas, e temos consciência disso”.
Com esperança no veto presidencial, mas preparadas para resistir se necessário, as voluntárias seguem mobilizadas: “Torço para que o presidente Lula vete essa PL porque sabemos que, se não vetar, a briga será no STF.
Queremos evitar esse desgaste institucional, mas estamos prontas.
A verdade é que não adianta eleger um Executivo comprometido com o meio ambiente se o Congresso é da bala e do boi.
Seguimos de olho e atuando, como sempre, mesmo que na calada da madrugada queiram passar a boiada.”
Fonte: veja
27/07/2025 06:40