Poucas horas depois de pousar em Xangai, eu já começava a entender por que essa cidade ocupa um lugar de destaque no cenário global. Ainda tentando ajustar o corpo por causa das 11 horas de fuso em relação ao Brasil, o olhar tentava acompanhar a paisagem que desfilava pela janela do carro: torres espelhadas, letreiros em mandarim, e um céu encoberto por uma névoa leve que, dizem, fazer parte da rotina por aqui.
Desembarcamos na China na última terça-feira a convite da BYD, gigante chinesa dos veículos elétricos, para conhecer de perto sua operação e papel no avanço da mobilidade sustentável. Mas, antes de chegar no Salão do Automóvel, decidi caminhar pelas imediações do hotel, localizado no centro financeiro e de negócios, marcado por arranha-céus.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES: IMPACTO EM CAMADAS
O desembarque no Aeroporto Internacional de Pudong já é uma experiência por si só. Moderno, organizado e eficiente, o terminal opera praticamente em silêncio, apesar do alto fluxo de passageiros e a demanda alta na imigração. Passando por avenidas mais largas avenidas da cidade a ficha então começou a cair: Xangai não é só grande — ela é realmente monumental.
Na chegada ao hotel, o cansaço da viagem dividia espaço com a curiosidade. Resolvi não dormir e depois do jantar fui andar pela região. Em poucos minutos, já estava diante da Torre Pérola Oriental, uma estrutura futurista que mais parece saída de um filme de ficção científica.
Nessa região o skyline ultramoderno é realmente o ponto alto. Mas para melhor visualização, é recomendado fazer a travessia de ferry passando pelo rio Huangpu.
É curioso como Xangai consegue ser, ao mesmo tempo, familiar e estranha. Familiar pelos elementos universais de uma cidade grande — metrô lotado e ruais movimentadas. Estranha porque o idioma, os costumes e até os cheiros das ruas nos lembram o tempo todo: você está longe de casa, num outro mundo.
MOBILIDADE EM MOVIMENTO – E EM SILÊNCIO
Os carros aqui chamam atenção pelo que não fazem: barulho. Boa parte da frota é elétrica, reflexo direto da política ambiental da China — e, claro, do trabalho de empresas como a própria BYD. Ônibus, táxis, até mesmo motocicletas passam quase sem ruído. À primeira vista, isso gera uma sensação de estranheza, mas logo vem o alívio de perceber como uma cidade pode ser mais silenciosa sem perder sua vitalidade. E quando eventualmente um carro a combustão aparece, o estranhamento é imediato.
Durante a imersão dos próximos dias, a reportagem terá a oportunidade de entender como a BYD vem liderando esse movimento de transição energética e qual o papel da China para o cenário global.
Por ora, sigo aqui absorvendo ao máximo do que a China tem a oferecer. Mas já posso dizer com segurança: estar aqui é, ao mesmo tempo, um mergulho no passado e um vislumbre do que o futuro pode ser, já que Xangai é moderna, mas ancestral. Caótica, mas absolutamente metódica.