Durante um jantar recente numa moderna tratoria romana nos confins da cidade, eu interagi com estranhos da mesa ao lado, descobri um novo vinho, tive uma epifania com uma massa – e sorri para a conta: pouco mais de €100 para dois, com vinho incluído.
Eu amo Roma tanto quanto o próximo visitante apaixonado por Bernini.
Mas para encontrar o ideal platônico da pasta all’amatriciana ou da trippa alla romana, tive de deixar para trás as praças de paralelepípedos do centro histórico, onde máquinas de moer turistas num pseudo estilo feliniano servem carbonara requentada para multidões.
Em vez disso, meu parceiro e eu passamos nossas duas semanas na capital da Itália pegando o metrô e ônibus rumo a bairros onde aluguéis acessíveis permitem que jovens chefs criativos nutram seus talentos – e o apetite de seus clientes – e onde o espírito de convivência ainda prospera.
O clima muitas vezes lembrava o Brooklyn, em Nova York, ou Berlim.
Mas a cozinha estava enraizada na mais genuína tradição romana, com suas massas acentuadas por guanciale, vegetais da estação e vísceras (popularmente, miúdos).
“Jovens chefs não abandonaram a tradição romana”, disse Marco Bolasco, autor de Roma Food Tour, indispensável guia de restaurantes recém-lançado.
“Mas estão reinterpretando a culinária local com ingredientes incríveis cultivos nos campos das cercanias.” E por causa do custo, ele acrescentou, toda essa ação começou longe do centro da cidade.
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Os seis lugares abaixo são a deliciosa prova disso – mas se certifique de fazer a reserva com antecedência.
Menabò Vino e Cucina Ainda estou sonhando acordada com o ravioli do Menabò Vino e Cucina, massas sedosas recheadas com coratella (miúdos de cordeiro) cobertas com um contraste vegetal de favas, ervilhas e aspargos e elevadas à estratosfera por um surpreendente molho de “leite defumado.” Aquela massa sozinha valeu a viagem de metrô de 40 minutos, partindo do centro em direção ao leste da cidade, até o antigo bairro operário de Centocelle.
Os irmãos Camponeschi (Paolo cozinha; Daniele atua como curador de vinhos e à frente da casa) abriram o Menabò há sete anos – atraídos, explica Daniele, pela vibe multicultural e pelo espírito comunitário de Centocelle.
Nessa próxima geração de tratorias de bairro, paredes azuis brilhantes e prateleiras de garrafas de vinho criam o cenário para os sabores robustos criados por Paolo com toques interessantes.
Outra pasta arrebatadora foi uma linda combinação de floresta e mar – espirais de fusillotti em um molho de tomate com cogumelos selvagens cardoncelli e um toque salgado de anchovas.
Entre os momentos maravilhosos da refeição estiveram costeletas de cordeiro fritas crocantes abrilhantadas por cerejas azedas e verduras selvagens amargas, e peixe-espada grelhado em um complexo bisque de coco preparado pelo sous chef Shahin Toufikur, de Bangladesh.
A carta com 300 rótulos de vinho tem uma seleção formidável de Champagne, junto com surpresas peculiares de pequenos produtores.
Via delle Palme 44 D/E, Centocelle; massas a partir de €14; pratos principais desde €16.
Mazzo
Centocelle também foi o bairro onde os chefs Francesca Barreca e Marco Baccanelli abriram seu cultuado Mazzo, de 12 lugares, em 2013.
Após quatro anos fechado, o restaurante ressurgiu em San Lorenzo, bairro boêmio repleto de grafites, a leste da estação de trem Termini.
Agora, seus fãs estão saboreando trippa alla romana — normalmente cozida, mas aqui transformada em uma pilha de tiras de tripa crocantes e mastigáveis sobre um vibrante molho de tomate — em um espaço que já abrigou uma padaria, com uma grande janela emoldurando a cozinha e um espaço para DJ exibindo a coleção de vinis dos proprietários.
Em um doce lugar, entre criativo e reconfortante, o curtíssimo menu tem alguns clássicos romanos, mas também reflete o gosto cosmopolita de seus chefes.
Nosso prato sublime de alface assada com o toque de lima e um fino véu de tahine foi uma pausa bem-vinda da culinária local, forte em miúdos.
Entre outros destaques estiveram o fettuccine de alho com pedaços de bacalhau salgado e pimentões secos da Basilicata; e ruote pazze (“cataventos loucos”) em um ragu cheio de alma feito com linguiça da Sardenha e erva-doce selvagem.
Depois do macio e selado bife de pescoço de porco com nabo assado glaceado, um brûlée de coalhada e limão fechou a refeição de maneira formidável.
Via degli Equi 62, San Lorenzo; massas desde €16; pratos principais a partir de €22.
Trecca-Roma Vale a pena pegar um ônibus, depois esperar 20 minutos em uma parada deserta na escuridão por um segundo ônibus e, quando ele não chega, desesperadamente chamar um táxi, tudo por uma tigela de pasta all’amatriciana?
Ponderamos a questão espremidos em uma mesa de mármore no Trecca-Roma.
Localizado no bairro de Garbatella, distante cerca de 6,5 quilômetros ao sul do centro, o restaurante é ao mesmo tempo raiz e moderno, com um menu de massas clássicas e miúdos entregues por garçons tatuados doidos para contar sobre o azeite biodinâmico.
O visual instagramável e a cozinha de nonna atualizada com ingredientes de primeira é cortesia dos irmãos Manuel e Nicolò Trecastelli, que possuem algumas pizzarias populares na cidade e sabem exatamente o que os jovens descolados de Roma estão querendo.
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Meu desejo pessoal por língua foi satisfeito por fatias grelhadas em um molho verde picante.
Em uma mesa ao lado, um par de veteranos gourmands disse que seu coda (um rico ensopado de rabo de boi Fassona) era o melhor da cidade.
A nossa refeição envolveu uma majestosa alcachofra inteira assada em um tanto daquele belo azeite, fettuccine rasgado à mão com molho de fígados de frango e um monte de manteiga, e um espeto de pagliata (intestino de bezerro não desmamado).
E a pasta all’amatriciana?
Eu caminharia feliz até o Trecca-Roma por aquele molho de tomates Marasca cultivados no Lazio, enriquecido pela adição autêntica de cebolas e entrelaçado com guanciale defumado.
Via Alessandro Severo 220, Garbatella; massas e pratos principais a partir de €15.
Enoteca Mostò
Chegar ao Quartiere Flaminio, ao norte do centro, não requer nenhum grande esforço de deslocamento.
Após um curto e rangente passeio de bonde da Piazza del Popolo, estávamos sentindo notas de pêssego em uma taça de um marcante vinho branco da Eslovênia, num adorável ponto de encontro de enófilos, a Enoteca Mostò, antes de uma aventura à base de pizza na Avenida Calò.
O barbudo e corpulento Ciro Borriello, da Mostò, é um expert em vinhos sempre pronto para recomendar a garrafa perfeita de sua seleção de cerca de 450 rótulos, sempre atualizada.
“Carta de vinhos?
Eu sou a carta!”, exclamou alegremente, servindo copos de um turco prosecco fermentado na garrafa, para acompanhar pratos de pecorino do Lazio curado em cerveja, finocchiona de porcos pretos da Toscana (salame com erva-doce) e uma linda salada de puntarelle com amêndoas e figos.
Viale Pinturicchio 32, Flaminio; entradas a partir de €10; taças de vinho desde €6.
Avenida Calò Logo acima da rua, a elegante Avenida Calò foi inaugurada no ano passado por Francesco Calò, que fez sucesso com sua pizzaria em Viena antes de se juntar à nova onda em Roma de pizza de autor.
Sua crosta única fermentada lentamente – feita com uma mistura de farinhas, com alta porcentagem de versões integrais – pode ser servida em cerca de 20 sabores, do clássico ao criativo e até ao exagerado.
Para provar alguns deles, peça o menu-degustação, um desfile de delicadas fatias apresentadas em suportes de porcelana feitos à mão.
A Bufalina 2.0 apresentou tomates doces e fios de manjericão frito sob uma espuma de mozzarella de búfala, tudo em cima da especial crosta “duplo crocante” de Calò – frita e depois assada, e reservada a certas pizzas.
Havia também uma composição verdejante de rapini desconstruído em três texturas de cremoso a crocante, e misturado com dois queijos e linguiça.
Quanto ao sabor de carpaccio de peixe com abóbora Hokkaido e lascas de atum-bonito, ele confirmou minha suspeita: tudo fica melhor em uma pizza.
Viale Pinturicchio 40, Flaminio; pizzas de €9 a €22; menu-degustação a €55.
📊 Informação Complementar
Gabrini
Não consegue entrar no Roscioli, o lendário restaurante-deli atualmente sitiado por turistas?
Vá ao Gabrini em Prati, o bairro residencial perto do Vaticano, para uma experiência parecida, aqui cercado por romanos de verdade.
A co-proprietária do Gabrini, Camilla Castroni, vem da família por trás da Castroni, uma rede histórica de alimentos especiais.
No ano passado, ela e seus sócios transformaram a delicatessen ao lado do primeiro endereço da Castroni em um espaço bonito, que abriga uma osteria, uma padaria, uma elegante cafeteria e um balcão ao longo da loja empilhado de salames e queijos de boas marcas.
Lá é possível comer um almoço impecável com, por exemplo, a leitosa mozzarella de Paestum, finas fatias de mortadela de slow food, presuntos de alta qualidade (como Parma e toscano) – e talvez gnocchi frito coberto com ricota, mocotó e laranja cristalizada.
À noite, mesas dobráveis são montadas e a iluminação fica suave e romântica.
Entre os pratos elegantes do chef Marco Moroni que provamos em uma noite foi uma pizzetta grelhada com um sedoso patê de fígado de frango e chutney de caqui, e tagliolini com massa à base de ovos envolto em uma emulsão de manteiga Bordier e queijo parmesão envelhecido que valia ouro.
Dica valiosa: Ligue para encomendar o frango assado para dois.
A carne suculenta da ave criada em uma fazenda sustentável da Lombardia é assada no espeto até ficar com a pele tostada e servida com legumes caramelizados na manteiga.
Termine a refeição com uma sublime torta de chocolate com ricota.
Viale Cola di Rienzo 200, Prati; entradas a partir de 6 euros; massas a partir de €15; pratos principais desde €19.
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Fonte: estadao
24/08/2025 19:01