‘Efeito Trump’ pode ajudar Lula a escapar do declínio nas pesquisas
No México, as ameaças reforçaram o poder da presidente.
No Canadá, eleitores abandonaram os conservadores, favoritos, e mantiveram os liberais no poder No governo predomina a crença de que Lula deveria erguer as mãos para o céu e agradecer por Donald Trump ter começado a semana preocupado com o Brasil.
Desde a noite de domingo (6/7), ele divulgou duas mensagens em redes sociais.
🔍 Detalhes Importantes
Numa delas defendeu Jair Bolsonaro: “Ele não é culpado de nada, exceto de ter lutado pelo povo”.
E criticou o Supremo Tribunal Federal sem citá-lo: “O único julgamento que deveria estar havendo é o julgamento pelo voto do povo brasileiro.
Deixem Bolsonaro em paz.” Em outro texto renovou ameaças contra governos engajados em iniciativas que ele julga contrárias aos interesses dos Estados Unidos: “A qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas do Brics será cobrada uma tarifa adicional de 10% [aplicada às exportações para os EUA].
🌍 O Cenário Atual de veja
Não haverá exceções a esta política.”
No Itamaraty a veemência de Trump chama a atenção, mas é analisada, também, pelo histrionismo embutido.
Durante a campanha eleitoral, em outubro do ano passado, ele chegou a anunciar aumento de 100% nas tarifas aplicáveis aos países que aderissem à proposta de substituir o dólar no comércio dentro do grupo conhecido como Brics.
O surrealismo da proposição o levou a manter a ideia no esquecimento.
🌍 Contexto e Relevância
Até o último domingo, quando retomou a intimidação, agora com ameaça de aumento mais modesto (10%) nas tarifas de comércio.
Anfitrião da reunião de cúpula no Rio, no fim de semana, Lula defende teses como a da substituição do dólar como moeda de reserva global, assim como defende o ideário do fim da pobreza e da fome globais ou da reforma das Nações Unidas, começando pelo Conselho de Segurança.
Lula sabe, tanto quanto Trump, que esse tipo de expectativa é irrealista, ao menos nas circunstâncias atuais de implosão das alianças estabelecidas na IIª Guerra Mundial.
O dólar, por exemplo, continua predominante mais da metade dos negócios globais.
Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, no entanto, estão empenhados na disputa no universo paralelo da política, o das redes sociais.
O resultado, acham diplomatas, pode até ser funcional para Lula que enfrenta um ciclo de declínio na preferência eleitoral.
Ao defender Bolsonaro e acenar com ameaças, Trump pode estar dando uma inesperada e valiosa ajuda ao adversário, eventual candidato petista à reeleição.
Citam um par de precedentes desse “efeito Trump”.
Com a repressão aos imigrantes na fronteira sul dos EUA, ele acabou estimulando a união dos mexicanos sob liderança da presidente Claudia Sheinbaum, há meses no topo das pesquisas.
No Canadá, depois de uma década na oposição, os conservadores simpáticos a Trump lideravam todas as pesquisas.
Foi quando ele começou a sugerir a anexação do país aos Estados Unidos.
Então, o que parecia impossível aconteceu: os eleitores canadenses deram meia-volta e mantiveram os liberais no poder.
Fonte: veja
08/07/2025 19:32