“Meu nome é Ozymandias, rei dos reis: contemplai as minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos.” As chances de que Donald Trump ande lendo Shelley e o soneto onde celebra, pelo nome grego, o faraó Ramsés II, são baixas.
Mas ele certamente deu uma acelerada em seu relacionamento com o poder.
Quer fazer coisas grandiosas, maiores do que deixou no primeiro mandato, mesmo que sejam arriscadas — ou talvez porque o sejam.
🌍 O Cenário Atual de veja
As reações podem ser de amor ou de ódio, mas Trump está rasgando as regras do status quo.
Um dos instrumentos para isso é o comércio.
O próprio Trump já disse que usa o comércio “para outras coisas”.
🔍 Detalhes Importantes
Nós estamos vivendo isso na pele, com a associação entre o aumento de tarifas e os procedimentos legais contra Bolsonaro e simpatizantes.
O roteiro do acirramento do tom nas relações bilaterais está sendo criteriosamente seguido.
Temos hoje um Brasil que o presidente americano quer transformar em exemplo do que não deve ser feito.
🔄 Atualizações Recentes
Outros países muito mais próximos, como o Canadá ou a Coreia do Sul, foram tratados com rigor inédito.
De nada adiantou o dinheiro gasto com lobistas, segundo mostrou uma reportagem do site Politico.
Algumas vezes a mesma firma de lobby, atividade discutível da democracia americana (com a única vantagem de que seus profissionais precisam ser registrados), conseguiu promover a causa de alguns clientes, mas não de outros.
A afinidade política conta pouco.
O único país beneficiado pela identidade ideológica foi a Argentina, com a sobretaxa de “apenas” 10%.
Um lobista indiano suspirou: “O modelo antigo de tentar exercer influência não parece estar funcionando”.
Entre os lobistas contratados pela Índia está Jason Miller, do círculo muito próximo de Trump e voz influente na defesa de Bolsonaro.
Miller foi detido para uma “conversa” com a PF depois de participar de uma conferência de direita no Brasil, a mando de Alexandre de Moraes.
Reagiu ele a uma entrevista do presidente Lula, aquela em que dizia que não iria se “humilhar” diante do presidente americano: “Lula é o Biden dos trópicos.
📊 Informação Complementar
O cérebro dele é purê de banana a esta altura”.
“As reações podem ser de amor ou de ódio, mas ele está rasgando as normas do status quo” O Trump do segundo mandato rediscutiu a relação com a Otan, conseguiu o compromisso de 5% do PIB com gastos em defesa, arrancou acordos de paz importantes, mesmo obscuros, como os assinados entre a Armênia e o Azerbaijão (Cáucaso do Sul!, exclamam os viciados em geopolítica) e República Democrática do Congo e Ruanda (África Central!).
Armou uma ofensiva que ninguém sabe como vai terminar ao designar como terroristas as maiores organizações criminosas da América Latina, o que as torna potencialmente alvos das Forças Armadas dos EUA.
Isso pode melar a relação que a presidente mexicana Claudia Sheinbaum constrói meticulosamente.
Mas como é possível ficar contra o combate aos responsáveis pelos mais hediondos crimes e pela desestabilização de países inteiros?
O maravilhoso poema de Shelley gerou a expressão “complexo de Ozymandias” para designar a transitoriedade da glória e do poder, usando como símbolo a estátua em que só sobreviveram a cabeça e as pernas do grande Ramsés.
Talvez Trump esteja acelerando tudo porque, aos 79 anos, sinta o tempo se esgotar e deixando apenas o “sorriso de frio comando” do faraó todo-poderoso.
Publicado em VEJA de 15 de agosto de 2025, edição nº 2957
Fonte: veja
17/08/2025 16:22