Cerca de 58% dos brasileiros reduziram suas compras de alimentos por causa da inflação, segundo mostrou a pesquisa Datafolha, realizada na primeira semana de abril deste ano.
Entre os mais pobres, a mudança de comportamento no consumo atingiu um percentual ainda maior, de 67%.
Crítica ao governo
A inflação de alimentos é um dos principais pontos de crítica ao governo do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre os respondentes da pesquisa, inclusive, 54% dizem que a gestão tem muita responsabilidade pela alta dos preços dos alimentos nos últimos meses, enquanto 29% atribuem um pouco de culpa.
Outros 14% dizem que a atual gestão não tem responsabilidade sobre a situação.
A percepção, porém, muda de acordo com a inclinação política do entrevistado. Aqueles cuja intenção de voto se dividem entre Romeu Zema (Novo) ou Tarcísio de Freitas (Republicanos) — 78% e 77%, respectivamente — veem o governo Lula com o principal responsável pela inflação.
Já entre os eleitores do petista, produtores rurais e guerras carregam as maiores parcelas de culpa (57% e 55%, respectivamente). Ainda assim, 72% dos que dizem que pretendem votar em Lula novamente acreditam que o governo tem ao menos alguma responsabilidade sobre o aumento de preços.
Mudança de hábito
No geral, 80% dos entrevistados disseram que mudaram algum hábito para lidar com os preços mais altos: 61% passaram a sair menos de casa para comer; 50% trocaram a marca de café por uma mais barata; e 49% reduziram o consumo da bebida.
O café é um dos destaques da inflação nessa gestão de Lula, tendo o preço subido mais de 77% nos últimos 12 meses. Em alguns locais, ele encareceu mais que o dobro de um ano para cá.
Ainda segundo o levantamento, pouco mais de 25% da população dizem ter menos comida do que o suficiente em casa. Já 60% afirmam que a quantidade que têm é suficiente enquanto 13% dizem ter mais do que o necessário.
O Datafolha ouviu 3.054 pessoas de 16 anos ou mais em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.