5 pontos para entender a crise dos Correios
Como a estatal, que era lucrativa, agora precisa de um socorro de R$ 20 bilhões para fechar as contas.
Crédito: Gustavo Côrtes
BRASÍLIA – Adotar no Brasil o modelo europeu para financiar a universalização do serviço de entrega dos Correios pode ser uma das saídas para diminuir o rombo da empresa.
A ideia de financiar a universalização, como mostrou o Estadão, vem ganhando fôlego entre pessoas a par do plano de reestruturação da estatal e deve ser aprofundada pela equipe econômica em 2026.
Encontrar uma solução para o financiamento da universalização é um passo vital para o reequilíbrio da estatal, ao mesmo tempo em que a empresa implementa medidas de cortes de gastos e busca novas fontes de receitas.
💥 Impacto e Consequências
O cenário competitivo do segmento mudou muito na última década.
Fatores que eram um diferencial para a estatal passaram a pesar com a mudança do cenário.
O monopólio dos Correios na entrega de cartas e boletos, que representavam parte representativa do faturamento do setor, deixou de ser um colchão de segurança, à medida que essas atividades entraram em decadência, e as entregas do comércio eletrônico passaram a dominar o setor.
Ao mesmo tempo, a sua capilaridade por todo o território nacional fez a margem de lucro ficar apertada.
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Como única empresa com operação direta com agência própria em todos os 5.568 municípios brasileiros, exigida por lei, ela chega aonde ninguém mais consegue, mas também faz com que a maioria das localidades operem de forma deficitária.
Hoje, os Correios gastam cerca de R$ 5 bilhões com a obrigação de ter operação de entrega em todo o País.
Anteriormente, isso era custeado pelo monopólio postal, já que só a empresa pode entregar cartas no País.
Com a queda desse tipo de serviço, o entendimento é que os Correios ficaram apenas com o ônus, perdendo essa espécie de subsídio cruzado.
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Nos Estados Unidos, o Tesouro americano faz aportes anuais pela universalização, mas esse modelo não é bem-visto para a situação atual das contas públicas brasileiras.
Como funciona o modelo europeu?
Por isso, o entendimento é que o modelo europeu é mais adequado, com a criação de um fundo privado, com recursos de empresas de logística que acabam se beneficiando dos Correios para entregas em locais onde não há retorno econômico.
Há também exemplo de fundos semelhantes no Brasil, nos setores de telecomunicações, como o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e no setor de energia elétrica.
Para Roberval Borges, presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), que representa cerca de 20 mil funcionários ativos e inativos da estatal, financiar a universalização é uma das três etapas para tirar a empresa da crise.
“Primeiro, é preciso ter o empréstimo (cujo aval foi concedido pelo Tesouro nesta quinta-feira,18).
Depois, é preciso endereçar essa questão da universalização que custa R$ 5 bilhões por ano.
E, em paralelo, implementar medidas urgentes de gestão para recuperar a rentabilidade da empresa”, afirmou.
Ele também entende que o modelo europeu pode ser bem-implementado no Brasil.
“Parte do rombo se resolve com a universalização.
Os Correios têm que ter representação em todo o País, acesso ao serviço universal, isso tem um custo.
E as empresa privadas têm essa garantia, esse conforto de poder usar a estrutura dos Correios.
Na Europa, criaram uma lógica de financiamento.
É isso que deveria ser feito aqui no Brasil”, defende.
Os Correios aprovaram o plano de recuperação, que contempla três fases: recuperação financeira, consolidação e crescimento.
“Nos próximos 12 meses, os recursos serão aplicados em medidas determinantes, tais como: PDV e remodelagem dos custos com plano de saúde; 100% de adimplência com fornecedores; modernização e readequação do modelo operacional e infraestrutura tecnológica; liquidez assegurada durante a evolução do modelo econômico da empresa ao longo de 2026″, afirmaram os Correios após a aprovação.
Empréstimo de R$ 12 bilhões
Nesta quinta-feira, 18, o Tesouro Nacional aprovou a operação de crédito de R$ 12 bilhões aos Correios envolvendo cinco bancos.
📊 Informação Complementar
Com isso, a estatal terá o aval do órgão público, e poderá contar com juros mais baixos para pagar dívidas e estruturar o seu plano de recuperação.
Segundo nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, a operação respeitou o limite de juros estipulado pelo Tesouro, o que levará a uma economia de R$ 5 bilhões em encargos, em relação à primeira proposta, recusada pelo órgão.
“O Tesouro Nacional concluiu hoje a avaliação envolvendo a operação de crédito dos Correios com conjunto de 5 Instituições financeiras, sendo 3 privadas e 2 públicas.
Em relação à proposta de operação anteriormente cogitada pela Companhia, a agora aprovada dentro dos limites de juros, representa diferença em encargos de juros substancial, implicando em redução do custo com juros para os Correios em quase R$ 5 bilhões de reais em relação à proposta originalmente cogitada”, disse o órgão.
Fonte: estadao
18/12/2025 21:44









