BRASÍLIA – Os Correios aumentaram a meta do Programa de Demissão Voluntária (PDV) para 15 mil funcionários e já falam em “outras alternativas” ao empréstimo de R$ 20 bilhões que vinha sendo negociado com bancos.
No governo, está em estudo o que vem sendo chamado de “solução ponte”, para que a empresa consiga iniciar a implementação do seu plano de reestruturação sem a necessidade de negociar com as instituições financeiras em condições desfavoráveis.
Os funcionários da estatal já foram avisados do aumento do PDV para 15 mil.
A meta é atingir 10 mil desligamentos em 2026 e mais 5 mil em 2027.
Isso resultaria em uma economia de R$ 1,7 bilhão por ano com a folha de pagamentos, segundo cálculos da estatal, com retorno do investimento feito em nove meses.
📊 Fatos e Dados
“Está previsto um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) para 2026.
Trata-se de iniciativa totalmente voluntária, com condições atrativas e seguras para quem optar pela adesão.
📊 Informação Complementar
O impacto financeiro do plano é relevante: economia anual de cerca de R$ 1,4 bi a partir de 2027, com retorno do investimento em aproximadamente nove meses”, disse a estatal em comunicado interno.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que um possível aporte na companhia só seria feito dentro das regras fiscais.
Essa é uma das alternativas em estudo nessa solução de curto prazo.
A entrevista do ministro foi citada pela empresa.
“Até o momento, não houve evolução por motivo de discordância da Secretaria do Tesouro Nacional em relação às condições financeiras propostas pelos bancos.
Neste contexto, outras alternativas para solução dessa questão estão sendo construídas em parceria entre Correios e Tesouro, como veiculado em entrevistas do próprio ministro da Fazenda”, afirmou a empresa.
Conforme antecipou o Estadão, os Correios também confirmaram que a contratação dos aprovados em concurso de 2024 acontecerá apenas em 2027.
“Tão logo haja condição financeira, a intenção é retomar as convocações do concurso público em 2027″, disse a estatal.
Na equipe econômica, permanece o entendimento de que a situação da empresa é delicada e não existe solução fácil no processo de reestruturação.
Por isso, depois da negativa do Tesouro ao empréstimo, a visão é de que é preciso dar suporte ao novo presidente da estatal, Emmanuel Rondon, para que ele consiga implementar o plano e negociar “sem a faca no pescoço” com as instituições financeiras.
Rondon, antes de assumir o cargo, havia feito uma análise da estatal e detectado um descasamento de curto prazo, entre ativos e passivos, na ordem de R$ 7,6 bilhões.
O fluxo de caixa da empresa foi projetado até dezembro de 2025, e o pedido de R$ 20 bilhões visa quitar o empréstimo atual da companhia, no valor de R$ 1,8 bilhão com um grupo de bancos, além de regularizar dívidas com fornecedores, cobrir a folha de pagamentos e realizar investimentos.
Uma das principais preocupações da nova gestão é manter os funcionários avisados dos próximos passos da reestruturação.
Como o plano passa pelo aumento de receitas, manter uma relação transparente com o quadro de empregados é visto como pilar essencial para a recuperação da estatal.
Uma das metas é atingir 95% de entregas dentro do prazo, já no mês de janeiro, além de regularizar pagamentos com fornecedores.
A partir do segundo semestre de 2026, cerca de mil agências deficitárias passarão por revisões técnicas.
Participação da Caixa
A Caixa Econômica Federal vai participar da próxima rodada de negociações para concessão de empréstimo aos Correios.
A decisão de entrar no certame já foi avaliada na cúpula da instituição e comunicada ao Palácio do Planalto, segundo apurou a Coluna do Estadão.
Os Correios têm prejuízo acumulado de R$ 6,05 bilhões no ano até setembro, e o governo tenta captar um empréstimo de R$ 20 bilhões para a estatal.
Na última terça-feira, 2, o Tesouro Nacional avisou que não daria aval a um empréstimo nesse montante caso as taxas de juros estejam acima de 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
A proposta dos bancos, segundo apurou o Estadão, foi de 136% do CDI.
Ou seja, com essa taxa, a proposta está recusada e haverá nova rodada de negociação.
Nos bastidores, na primeira fase, houve desconforto na Caixa com os juros apresentados e uma reclamação entre dirigentes de que “não caberia a um banco público ganhar em cima dos Correios”.
Por isso, a instituição não se habilitou na disputa.
Procurada, a Caixa não comentou.
Banco dos Brics
Os Correios esperam concluir um outro plano de financiamento com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco dos Brics, que é presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Segundo a estatal, o objetivo é receber empréstimos de R$ 760 milhões por ano, entre 2027 e 2030, o que totalizaria R$ 3,04 bilhões, para investimentos em automação e modernização.
“A partir de 2027, o Plano de Reestruturação prevê um ciclo consistente de investimentos a partir da aprovação de financiamentos do New Development Bank (NDB), estimado em cerca de R$ 760 milhões por ano até 2030″, disse a empresa.
“Quando aprovado e contratado, terão como foco otimizar a estrutura dos Correios: ampliar a mecanização da triagem, modernizar frotas e avançar na digitalização de atendimentos e serviços”.
Fonte: estadao
06/12/2025 13:09











