Com conselhos estratégicos e ‘sala de guerra’, empresas que não foram isentas montam plano para sobreviver a tarifa de 50% Tarifa de 50%, antes prevista para esta sexta-feira, 1º, entra em vigor em 6 de agosto com quase 700 exceções Empresas brasileiras afetadas pela tarifa de 50% dos EUA adotam conselhos estratégicos e “salas de guerra” para mitigar prejuízos, redesenhar operações e buscar liquidez, enquanto setores como carnes e café preveem perdas bilionárias.
Empresas brasileiras que não foram isentas do tarifaço de 50% sobre os produtos feitos no Brasil e vendidos ao mercado norte-americano devem intensificar o uso de conselhos estratégicos para redesenhar operações e mitigar os prejuízos bilionários que virão com a guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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Inscreva-se no canal do Terra De acordo com Mary Elbe Queiroz, presidente do Centro Nacional para a Prevenção e Resolução de Conflitos Tributários (Cenapret), os conselhos são criados em momentos de instabilidade global e podem contribuir por meio de avaliações de riscos tributários e indicar caminhos para proteger a empresa de impactos cambiais e comerciais.
🌍 O Cenário Atual de terra
São esses órgãos que oferecem visão técnica e integrada para avaliar riscos e redesenhar rotas de exportação.
“Em cenários de instabilidade global como o provocado pelas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, o papel dos conselhos de administração e consultivos torna-se ainda mais relevante.
Esses órgãos funcionam como núcleos de inteligência estratégica, capazes de orientar a alta gestão na tomada de decisões rápidas e embasadas, inclusive em temas fiscais e regulatórios”, explica.
Julio Amorim, especialista em planejamento e CEO da Great Group, consultoria especializada em planejamento, gestão e estruturação de empresas, afirma que as empresas precisam agir com método e velocidade.
🔍 Detalhes Importantes
Segundo ele, o primeiro passo é revisitar a matriz SWOT com profundidade, identificando vulnerabilidades reais.
Em seguida, mapear riscos estratégicos e operacionais de câmbio a logística.
“É hora de montar um plano emergencial, com ações claras e responsáveis por executá-las.
E, principalmente, criar uma sala de guerra (war room): um comitê ágil, multidisciplinar, com autonomia para decidir e reagir rápido.
Esse time deve revisar cenários diariamente, ajustar rotas.
Redesenhar a operação é urgente com foco em liquidez, flexibilidade e inteligência de mercado”.
Prejuízo setorial
O decreto presidencial assinado por Donald Trump que estipula o tarifaço de 50% sobre os produtos feitos no Brasil tem 694 exceções.
Entre elas, suco de laranja, derivados de petróleo, parte dos produtos de aço, celulose e aviação ficaram de fora da taxação.
Ainda assim alguns produtos de importante peso na balança devem contabilizar perdas significativas.
A lista não contempla, por exemplo, café, carnes, frutas ou pescados.
Segundo estimativa preliminar da Leme Consultores, as exceções ao tarifaço atingem mais de 40% das exportações brasileiras para os EUA.
De janeiro a junho deste ano, o Brasil exportou US$ 20 bilhões (cerca de R$ 111 bi) para os Estados Unidos.
Desse total, US$ 8,2 bilhões –R$ 45,7 bi– (41%) são de produtos que figuram na lista de exceções de Trump, enquanto US$ 11,81 bilhões (R$ 65,89 bi) são produtos que foram atingidos (59%).
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa empresas como a JBS e a Marfrig, estimou perdas de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) com a nova tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras.
Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações de carne bovina do Brasil, depois da China.
Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior e gerente de produtos da Saygo Comex, ressalta que as empresas vão ter que trabalhar com os dados para saber o real impacto para o seu negócio.
Há empresas que o impacto vai ser grande, porque o material que trabalham, como carnee café, são exportados em sua maioria para os Estados Unidos.
Julio Amorim enfatiza que, neste primeiro momento, é importante agir onde dói mais, que é no caixa.
E isso passa por um posicionamento.
“Sem reposicionamento rápido no mercado, a estratégia vai para a produção.
📊 Informação Complementar
Muitas já adotam férias coletivas, redução de turnos e ajustes logísticos para ganhar fôlego.
Outras redirecionam esforços para mercados menos afetados.
Quem esperar estabilidade, vai sufocar.
O momento exige estratégia para oxigenar”.
Fonte: terra
31/07/2025 09:39