A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo o documento, Bolsonaro teria incentivado “deliberadamente” ações para viabilizar uma ruptura institucional, incluindo a manutenção de acampamentos de apoiadores em frente a quartéis-generais.
“O então presidente sempre dava esperanças de que algo fosse acontecer para convencer as Forças Armadas a concretizarem o golpe. O colaborador [tenente-coronel Mauro Cid], inclusive, afirma que esse foi um dos motivos pelos quais o então presidente Jair Bolsonaro não desmobilizou as pessoas que ficavam na frente dos quartéis”, cita a denúncia, com base na delação de Cid à Polícia Federal (PF).
Outro trecho do documento reforça essa linha de investigação ao afirmar que Bolsonaro “dava esperanças” de uma movimentação que levaria à ação militar. “O colaborador, inclusive, afirma que esse foi um dos motivos pelos quais o então presidente não desmobilizou as pessoas que ficavam na frente dos quartéis”, detalha o texto.
A PGR também destaca que os comandantes das três Forças Armadas assinaram uma nota permitindo a permanência dos manifestantes em frente aos quartéis “por ordem do então presidente Jair Bolsonaro”. Além disso, o ex-ministro e general Braga Netto teria incentivado os protestos, mantendo contato direto com apoiadores do ex-presidente.
Na denúncia, Cid menciona um vídeo em que Braga Netto conversa com manifestantes e pede que mantenham a esperança, afirmando que “ainda não havia terminado e algo iria acontecer”.
O documento conclui que “o colaborador reafirma que tanto o então presidente Jair Bolsonaro quanto o general Braga Netto esperavam que algo pudesse acontecer para convencer as Forças Armadas a darem o golpe e, por isso, incentivavam a manutenção das mobilizações em frente aos quartéis”.