Resultados preliminares nas eleições presidenciais bolivianas indicam que dois candidatos de direita irão passar ao segundo turno.
Rodrigo Paz, da chapa de direita Partido Popular Cristão, ficou em primeiro, enquanto Jorge “Tuto” Quiroga, do Liberdade e Democracia, foi o segundo mais votado.
Paz surpreendeu ao se colocar como um outsider durante a campanha e se beneficiou da desconfiança dos bolivianos em relação à classe política.
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As pesquisas de opinião haviam colocado Quiroga e o candidato Samuel Doria Medina no segundo turno, mas Medina amargou o terceiro lugar.
Rodrigo Paz surpreende
Paz, de 57 anos, surpreendeu ao liderar os resultados preliminares neste domingo.
Ele não era considerado um dos principais candidatos e aparecia entre a quinta e a sexta posição nas pesquisas.
🧠 Análise da Situação
O candidato presidencial é filho do ex-presidente da Bolívia Jaime Paz, que governou o país entre 1989 e 1993, e nasceu na Espanha, onde a família se exilou durante a ditadura militar de 1964 a 1982.
Ele começou a sua carreira política como deputado e depois foi governador do departamento de Tarija, no sul da Bolívia.
Paz é senador e fez uma campanha modesta, com a principal promessa de “varrer a corrupção”.
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Crise
Os bolivianos chegaram ao dia da votação com uma crise econômica e escassez de combustível, que começou em 2014 com a queda na produção de gás e petróleo no país.
O preço dos combustíveis no país segue baixo devido a uma política de subsídios que custam US$ 3 bilhões por ano, enquanto receitas com a venda de gás natural – a maior fonte econômica da Bolívia – despencou por causa da queda do preço no mercado internacional.
Esses fatores têm levado a Bolívia a uma diminuição de suas reservas internacionais e ao aumento do déficit fiscal.
A inflação do país também aumentou.
Segundo a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), o índice este ano é de 15,1% – o pior desde 2008.
As dificuldades da população elevaram a popularidade de candidatos de direita, depois anos em que a política boliviana foi dominada pelo partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS).
Evo Morales e o voto nulo Evo Morales, ex-líder do MAS e político mais influente das últimas duas décadas, tinha como objetivo voltar à presidência nas eleições nacionais deste ano, após governar a Bolívia entre 2006 e 2019 em três mandatos consecutivos.
No entanto, sua candidatura foi bloqueada pelo Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP), que ratificou que nenhum funcionário público pode buscar uma segunda reeleição, seja de forma contínua ou descontínua.
De Lauca Ñ, no trópico de Chapare (Cochabamba), Morales pediu que se emitisse voto nulo como forma de expressão daqueles que queriam apoiá-lo, mas não podiam devido à sua inelegibilidade.
O ex-presidente apontou que essa ação evidenciaria a falta de legitimidade do processo e enviaria uma mensagem de rejeição a um sistema que, segundo ele, não garante igualdade de condições para todos os candidatos.
No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esclareceu que os votos nulos ou em branco não afetam a validade do processo.
O apelo de Morales teve eco entre seus seguidores, embora esse grupo tenha diminuído devido à profunda divisão interna do MAS desde o início deste ano.
📊 Informação Complementar
As tensões entre diferentes facções enfraqueceram a coesão do partido e sua capacidade de mobilização.
O pedido de voto nulo de Morales e a baixa popularidade do atual presidente da Bolívia, Luis Arce, deixaram a esquerda sem candidatos competitivos.
Andrónico Rodríguez, do partido Aliança Popular, ficou com apenas 8,2% dos votos, em quarto lugar, segundo os dados de boca de urna.
Já o candidato do MAS, Eduardo del Castillo, ficou com 3,2%.
Ele é ex-ministro de Arce, que decidiu não se candidatar.
O partido enfrenta divisão interna, com Arce tendo uma briga pública com Morales, que saiu do MAS.
Fonte: estadao
17/08/2025 22:37