BRASÍLIA — A ajuda dos bancos públicos aos Correios não passaria, num primeiro momento, de um empréstimo-ponte próximo de 10% do valor apontado como o necessário pela estatal para sair da crise.
A direção dos Correios anunciou na semana passada que negocia um aporte de R$ 20 bilhões de instituições bancárias para arcar com compromissos de curto prazo e colocar em marcha um plano de recuperação.
Como mostrou o Estadão, executivos de bancos públicos e o Tesouro Nacional — responsável por garantir o empréstimo — veem a proposta com cautela.
📌 Pontos Principais
Eles exigem que os Correios apresentem antes um plano de recuperação sólido, com prazos e metas concretas, que comprove a capacidade da estatal de superar a crise.
O desenho inicial apresentado pelos Correios é considerado insuficiente.
Executivos da Caixa estudam há seis meses formas de viabilizar um empréstimo para os Correios.
🧠 Análise da Situação
Existem pontos de interesse do banco público na empresa, como a capilaridade dos Correios, com unidades espalhadas pelo País.
O que poderia contribuir para reduzir os custos da Caixa com a manutenção de agências.
Não se trata, portanto, de um mau negócio.
📊 Fatos e Dados
Mas para que o aporte se concretize, é preciso demonstrar que os Correios terão capacidade de devolver os empréstimos.
Ainda que a garantia do Tesouro Nacional seja imprescindível, nenhuma instituição, nem pública nem privada, pretende desembolsar R$ 20 bilhões à vista para a estatal.
O desenho avaliado internamente na Caixa é de um empréstimo-ponte inicial que apenas daria a ignição ao plano de reestruturação.
A quantia seria bem menor do que almejam os Correios e não passaria de R$ 2 bilhões ou R$ 3 bilhões.
Em fases posteriores, os Correios poderiam captar recursos também de privados, por exemplo, por meio da venda de cotas de fundos imobiliários, formados com ativos da estatal que não podem ser vendidos.
A arquitetura financeira do empréstimo é mais um indício de como os bancos estatais, como a Caixa, veem com cautela a salvação dos Correios.
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Procurada, a Caixa não quis se manifestar.
A assessoria dos Correios informou que “o empréstimo segue em negociação e não comentaremos até a sua formalização”.
A estatal atravessa longa crise, não conseguiu colocar de pé um programa de demissão voluntária (PDV) efetivo e sofre com custos elevados em ações trabalhistas e passivos judiciais.
O comando dos Correios é compartilhado há anos por partidos políticos que têm interesse na capilaridade da estatal, com postos de comando e cargos espalhados pelo País.
Neste momento, o controle é do União Brasil, cuja indicação do ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, é atribuída ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
O novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, que veio do Banco do Brasil, é elogiado pelo seu perfil técnico, mas assumiu há pouco mais de 20 dias.
No primeiro semestre deste ano, o prejuízo dos Correios chegou a R$ 4,3 bilhões, três vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2024.
Fonte: estadao
21/10/2025 13:05











