Um ativista russo detido na Polónia durante o verão admitiu que passou informações ao Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em inglês) do país presidido por Vladimir Putin, local de onde saiu em 2021.
Esta confissão consta de documentos judiciais aos quais a publicação The Guardian teve acesso.
Na documentação, o homem, Igor Rogov, admite que trabalhou como agente infiltrado para os serviços secretos russos, tendo informado Moscovo acerca de outras pessoas ligadas à oposição.
Segundo o que é explicado pelo jornal, o agente infiltrado, de 30 anos, estava associado a vários movimentos da oposição na cidade russa de Saransk, nomeadamente, à Fundação Anticorrupção fundada por Alexei Navalny, um dos grandes opositores de Putin, que morreu em fevereiro do ano passado.
🧠 Análise da Situação
Quem é Igor Rogov (e como acabou detido)
Rogov e a sua esposa saíram da Rússia em 2021, de acordo com o que é indicado nos documentos judiciais.
Em 2022, receberam vistos para irem para a Polónia, onde chegaram dias antes da invasão da Rússia na Ucrânia, que começou a 24 de fevereiro de 2022.
Já no verão que passou, Rogov foi detido por suspeitas de estar relacionado com a explosão de uma encomenda.
A detenção surgiu no âmbito da investigação a vários incêndios com mão criminosa que têm acontecido no país – e outros ataques.
🔍 Detalhes Importantes
Suspeita-se que sejam orquestrados por agentes dos serviços secretos da Rússia.
Depois de Rogov, foi a vez de também a sua esposa, Irina Rogova, ser detida.
O casal foi acusado de cooperar com os serviços secretos russos, informando-os acerca de ativistas opositores de Moscovo que estivessem na Polónia.
Russian FSB agents Igor Rogov (30) & wife Irina entered Poland as "political refugees" in 2022, conducting espionage and terror activities involving explosives.
— Igor Sushko (@igorsushko) November 5, 2025
After repeated lies, they have now confessed due to overwhelming evidence against them and could face life in prison.
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Como é que Rogov foi recrutado?
E o que se seguiu?
Escreve o Guardian que o caso de Rogov é invulgar, dado que há indícios de que este homem russo parece estar em contacto com os serviços secretos russos há anos.
Por norma, explica a publicação, os detidos que a Polónia tem feito neste âmbito são cidadãos polacos, bielorrussos ou ucranianos – contratados via Telegram e pagos para fazer estes trabalhos de explosões ou incêndios.
Os documentos judiciais, consultados pelo Guardian, indicam que Rogov explicou que foi abordado por Moscovo há muitos anos, tendo-o convencido a infiltrar-se nos movimentos de oposição a Putin.
Ter-lhe-ão sido dados telemóveis descartáveis e ele ter-se-á mesmo encontrado com agentes de Moscovo de mais alto nível, nomeadamente, perto da sede dos serviços secretos.
"Nessa altura, ele também começou a receber dinheiro em troca de cooperação", lê-se nos documentos.
Foi também aí que ele terá informado a esposa, já que os mesmos documentos a citam, tendo esta dito que "ele tinha dinheiro, mas não trabalhava".
Já na Polónia, Rogov pediu a Irina que o ajudasse a fazer chegar aos serviços secretos contactos opositores que estavam na Polónia.
📊 Informação Complementar
Ela levou uma pen drive até à Rússia durante uma visita, escondida junto a recordações da Polónia, e entregou-as numa morada que ele lhe deu.
Segundo a publicação Wirtualna Polska já tinha adiantado, escreve o Guardian, é possível que o homem estivesse também a ser chantageado já na Polónia, com os serviços secretos a exigirem informações em troca de evitarem que o seu pai, na Rússia, fosse convocado para a guerra na Ucrânia.
Leonid Volkov, da organização fundada por Navalny, disse, segundo o Guardian, que a confirmar-se, o método corresponderia ao que estes serviços russos costumam fazer: "Isso não é surpreendente.
O FSB sempre fez isso, ainda faz e vai continuar a fazer: encontrar jovens vulneráveis, recrutá-los e depois enviá-los para organizações de oposição".
O casal vai ser ouvido em tribunal a 8 de dezembro.
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Fonte: noticiasaominuto
09/11/2025 22:18











