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As sombras da IA: nós faremos o que as máquinas não aprenderem a fazer

29 de junho de 2025
in Ciência, EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA
Home Ciência
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Vem causando frisson o estudo divulgado pelo MIT dando conta de uma “atrofia cognitiva” ligada ao uso da inteligência artificial (IA).

O experimento comparou três grupos escrevendo redações.

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Um dos grupos usava o ChatGPT; outro pesquisava no Google; e o terceiro usava apenas a própria cabeça.

Ao final de três rodadas, a turma que usou IA apresentou uma “atividade cerebral significativamente menor de memória, cognição e criatividade”, comparada às demais.

A IA era conveniente no curto prazo, mas a um alto custo cognitivo.

De um observador, li a frase: “O cérebro é como um músculo.

Ou você usa, ou você perde”.

O estudo é preliminar, mas o sinal é claro: abusar da IA quando se deveria estar treinando o cérebro para criar coisas e pensar criticamente pode ser desastroso.

Me lembrei de quando peço aos alunos para ler Dostoiévski.

Ler as 600 páginas de Crime e Castigo pode não ter utilidade.

📊 Informação Complementar

E quando peço um artigo a respeito, ou um retrato psíquico de Raskólnikov, isso pode ser obtido em alguns segundos no ChatGPT.

Se alguém fizer isso, terá economizado um bom tempo de leitura.

Mas terá perdido um universo de sutilezas e imaginação humana.

O estudo do MIT vai em linha com o declínio recente nos testes de QI.

Até o final do século passado funcionava o “efeito Flynn”.

A cada geração, havia algum avanço cognitivo.

Até a reversão, nos anos 1990.

Muita gente associa isso ao “efeito Google”, ao fato de “terceirizarmos” parte de nossa memória e esforço cognitivo.

Parece lógico.

Ainda me lembro quando estudava em Barcelona, meados dos 1990, e o professor nos explicava sobre o buscador AltaVista.

Não existia Google ainda, mas na hora compreendi que ia ficando para trás o mundo de enciclopédias e bibliotecas no qual havia sido criado.

Um mundo lento e trabalhoso, ainda que sedutor, trocado por um universo instantâneo.

E incrivelmente mais fácil, ainda que carente de cheiros e mistérios.

Trinta anos depois, a IA dobra a aposta.

Nos entrega uma carga de facilidade de uma outra ordem: em vez de informação, traz junto a inteligência.

Aquilo que até então era nosso traço distintivo, como espécie, e não é mais.

O estudo do MIT é realista.

Nada a ver com a onda de catastrofismo que acompanha o nascimento da IA.

E que acompanhou toda revolução tecnológica.

Diria que seu campeão, por estes tempos, é Yuval Harari.

Seu ponto: “Não provoque uma tecnologia que você não pode controlar”.

Soa falso.

Qual seria a tecnologia que, no seu início, não pareceria um tanto fora de controle?

Não foi assim com os aviões, quando Santos Dumont ou os irmãos Wright faziam seus primeiros voos?

Harari diz que a IA pode “lançar ataques nucleares, sintetizar um novo vírus mortal ou gerar uma onda de notícias falsas, humanos falsos, fazendo com que pessoas percam a confiança em qualquer coisa”.

Talvez tudo isso de fato aconteça.

O bom das previsões longas é que ninguém cobrará nada se coisa nenhuma acontecer.

Por isso tenho preferido o cinema e a ficção científica.

Um filme como M3GAN, por exemplo.

Que tal uma boneca high-tech, criada para cuidar de uma menina, mas que em algum momento ganha vida própria e se torna uma espécie de Chucky versão wi-fi?

A mais recente a que assisti foi a série Cassandra, do diretor alemão Benjamin Gutsche.

Neste caso, o robô é a governanta da casa, há uma história sinistra no passado, ela acaba saindo do controle (como de hábito) e passa a infernizar a vida dos moradores.

Seria como mísseis americanos lançados contra o Irã aderirem ao antissionismo, por conta própria, e explodirem em Tel Aviv.

O catastrofismo em torno da IA é uma indústria.

“Nós, humanos, faremos o que as máquinas não aprenderem a fazer”
Há riscos mais amenos.

Bill Gates sugeriu que em coisa de dez anos profissões como médicos e professores serão tomadas pela IA.

Não acho isso.

Mas e se for?

Se os robôs funcionarem melhor que os médicos e professores de verdade, valendo o mesmo para terapeutas e aeromoças, merecem os empregos.

Cocheiros eram imprescindíveis, até inventarem os automóveis.

Depois desapareceram.

Aprenderam a dirigir ou vender bilhetes no cinema.

O mesmo com datilógrafos e donos de videolocadoras, nos anos 1990.

Ainda agora os chineses lançaram o primeiro hospital 100% comandado por IA, ainda experimental.

Ele consegue atender em poucos dias o que hoje levaríamos dois anos para fazer.

Por que isso não se generalizaria, logo ali adiante?

É a condição do progresso.

Nós, humanos, só continuaremos fazendo, ao menos em grande escala, o que as máquinas não aprenderem a fazer.

Penso nisso quando peço um delivery, lá em casa, e vejo o rapaz chegando de moto com a comida.

Alguém acha que ele não teria nada melhor para fazer do que andar de moto com uma pizza na garupa, nas madrugadas de São Paulo?

O trabalho humano será cada vez mais um exercício de sofisticação e exotismo.

Tipo andar de charrete ao redor do Central Park e pagar caro.

No mais, a tecnologia sempre é assim: destrói empregos que se tornam arcaicos e cria novos.

Ótimo.

Sinal de que andamos para frente e não para trás, para desalento de muita gente.

Ninguém freará o avanço tecnológico.

O ludismo vandalizou as máquinas malditas, em Manchester ou Yorkshire, no início do século XIX.

E sumiu.

Em março de 2023, uma penca de cientistas e empreendedores, incluindo Elon Musk e o próprio Harari, lançaram uma carta pedindo que “os laboratórios suspendam durante pelo menos seis meses o treino de IA”, até que se tivesse alguma clareza sobre riscos e regras de segurança.

A carta caprichava no tom dramático, mas ninguém deu bola.

Nem mesmo os signatários.

A IA não funciona como a energia nuclear, que supõe investimento e regulação pesada.

Sua expansão é caótica e descentralizada.

E quem piscar o olho, como nos ensina o velho jogo do dilema do prisioneiro, vai para o inferno dos sem mercado.

De minha parte, fico com os otimistas.

Quando os automóveis foram inventados, na Inglaterra, o Parlamento aprovou os Red Flag Acts, que obrigavam alguém a andar na frente dos carros com uma bandeirinha vermelha, para evitar acidente.

Durou trinta anos e desapareceu.

É compreensível o drama em torno da IA.

Mas o que vale a pena mesmo, na vida de cada um, é prestar atenção ao alerta do MIT.

A tecnologia é ótima quando expande nosso repertório intelectual, traz informação e novos ângulos para observar o mundo.

Mas é péssima se substitui o senso crítico.

É triste observar provas e trabalhos inteiros, nas escolas, feitos com aplicativos de IA.

Isso não apenas destrói o prazer do exercício criativo, mas impede que se treine o “músculo” da cognição humana.

E isso é desastroso.

E quem sabe seja esta a verdadeira Cassandra, a nos assombrar, silenciosamente.

Em um mundo no qual avança a IA, não deveríamos deixar que nossa inteligência natural caminhe na direção inversa.

Fernando Schüler é cientista político e professor do Insper
Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA
Publicado em VEJA de 27 de junho de 2025, edição nº 2950


Fonte: veja

29/06/2025 19:59

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