Anestesistas acusam Daher de exigir R$ 20 milhões por “direito de trabalhar”; ouça áudio As conversas com os anestesistas foram registradas antes da operação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) atualizado Compartilhar notícia Áudios exclusivos obtidos pela coluna expõem conversas entre o médico José Carlos Daher, proprietário da rede de hospitais Daher, e um grupo de anestesistas, sobre a suposta cobrança de R$ 20 milhões para que os profissionais continuassem atuando na unidade.
O montante, segundo os relatos, teria sido exigido como condição para “comprar o direito de trabalhar” ou ingressar em um “novo modelo de serviço” proposto pela direção do hospital.
José Carlos Daher é um dos médicos mais tradicionais e influentes do Distrito Federal.
As conversas foram registradas antes da operação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em abril deste ano, que apura a existência de um suposto cartel na prestação de serviços de anestesia no DF.
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Na ocasião, Daher apareceu como uma das vítimas do esquema investigado.
Agora, entretanto, as gravações colocam o médico em posição delicada e motivaram uma nova frente de denúncias feitas por profissionais da área.
Segundo relatos de médicos ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato, o encontro inicial ocorreu na própria sede do hospital, com duração aproximada de 16 minutos.
Nesse diálogo, Daher teria declarado que o grupo de anestesistas deveria apresentar uma proposta para ingressar em um “novo serviço”, recusando-se a negociar com a cooperativa que os representa, a Coopanest-DF.
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Um dos médicos rebate: “A gente não tem esse dinheiro, vinte milhões de reais.” A resposta de Daher teria sido negativa quanto a qualquer intermediação por parte da cooperativa.
Na sequência, em uma segunda reunião gravada com mais de 30 minutos, o médico detalha sua proposta.
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Ele fala em uma “realocação de mercado” e menciona a necessidade de arrecadar cerca de R$ 1,35 milhão por anestesista, totalizando R$ 20,25 milhões.
O grupo seria composto por 15 profissionais.
De acordo com os áudios, o valor seria o “mínimo necessário” para viabilizar o modelo pretendido.
O médico também teria deixado claro que não abriria mão do montante e sugeriu alternativas, como a entrega de imóveis, terrenos ou pagamentos em espécie.
Segundo os relatos, Daher chegou a comentar que muitos anestesistas vinham de “boas famílias” e poderiam pedir ajuda financeira aos pais.
Episódios do passado Durante as gravações, o dono do hospital menciona episódios do passado que envolveram seu nome, como o caso da chamada “máfia das próteses” e o escândalo dos anões do orçamento, este último ocorrido na década de 1990.
Em tom crítico, ele fala sobre o promotor que atuou nas investigações e afirma que teria a intenção de processá-lo.
Os profissionais presentes também levantaram dúvidas sobre a titularidade dos equipamentos a serem comprados com o suposto valor solicitado.
Segundo os trechos obtidos, embora a responsabilidade financeira fosse dos anestesistas, os bens permaneceriam registrados em nome da instituição, sem garantia de participação societária, mesmo parcial.
Procurado anteriormente em outras reportagens, José Carlos Daher já havia negado envolvimento em qualquer irregularidade e afirmou ser vítima de represálias após denunciar práticas consideradas abusivas por parte de grupos que atuam na anestesiologia local.
Não há, até o momento, manifestação oficial do hospital ou da defesa do médico sobre o conteúdo específico das gravações citadas nesta reportagem.
Investigação em andamento Em abril deste ano, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em conjunto com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), deflagrou uma operação para apurar a existência de um suposto cartel de anestesistas atuando em hospitais privados da capital.
A investigação teve como foco a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Distrito Federal (Coopanest-DF), suspeita de coagir profissionais, impor barreiras à livre concorrência e praticar boicotes contra médicos não cooperados.
O grupo também é investigado por possível formação de organização criminosa e infrações à ordem econômica.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em clínicas, hospitais e residências de médicos ligados à cooperativa.
A apuração aponta que anestesistas independentes estariam sendo impedidos de atuar por não se submeterem às regras impostas pelo grupo.
Hospitais como o Daher foram citados na investigação como alvos de tentativa de boicote por parte do suposto cartel.
À época, o médico José Carlos Daher foi apontado como uma das vítimas da prática.
Fonte: metropoles
25/06/2025 12:59