Andreazza: “Será que surge um novo Alcolumbre, ofendido e oposicionista?” Carlos Andreazza analisa a mudança de postura de Davi Alcolumbre diante do governo e como a indicação de Jorge Messias ao STF virou peça central no Senado.
Crédito: TV Estadão
Hipótese 1.
Davi Alcolumbre é um governista.
Foi assim com Bolsonaro; e com Lula, até aqui.
Um governista de oportunidades.
Governista condicional, aquele tipo bem-disposto, que pende à facilitação, desde que contemplado a cada votação de interesse do Planalto.
📌 Pontos Principais
Contemplado com lotes de influência na superfície do Estado.
Aquele Alcolumbre que, negociando, fez os vales dos rios São Francisco e Parnaíba se estenderem até o Amapá.
Esse mágico, tendo agendado a sabatina de Jorge Messias para o próximo dia 10 como forma de garantir a sua incontornabilidade no processo, estaria agora à espera Lula.
Pronto para conversar.
Em política, ponto de não retorno é temperatura difícil de alcançar.
Alcolumbre, talvez esticando a corda com mais tensão que o habitual, teria estreitado a margem de negociação.
Margem estreita não deixa de ser margem.
Haveria um caminho.
Para esse Davi, um prático, a não escolha de Rodrigo Pacheco ao STF – por dolorosa que seja – converter-se-ia em moeda para comerciar.
Unidade monetária mesmo.
Um pacheco.
Dois pachecos.
Cinco.
Dez.
Cem.
Quantos pachecos valeria o comando da CVM?
📊 Informação Complementar
Da ANA?
Do Banco do Brasil?
“Divergências” são parte da democracia.
Esse Davi compreenderia a partilha de “cargos e emendas” como gesto de um governo de conciliação – e não como “ajuste de interesse fisiológico”.
Hipótese 2.
Um Davi Alcolumbre de repente oposicionista, ofendido com a “tentativa” governista de “criar a falsa impressão” de que “divergências entre Poderes” poderiam ser “resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”.
Seria, pois, um caso em que o novo Davi se ofenderia com o velho Davi, aquele que tem dois ministérios.
Teria de devolver os terrenos.
Talvez nem conversasse com Lula.
Movimento rompedor que – originário em “divergências entre Poderes” – não se basearia (não poderia se basear) no preterimento de Pacheco.
A constituição desse Davi oposicionista exigiria mais fundamentos; mais razões.
Por exemplo: o STF julgará em breve os primeiros parlamentares acusados de corrupções a partir do orçamento secreto.
Alcolumbre é um dos senhores das emendas parlamentares.
Há também as investigações relativas ao Master, especialmente aos investimentos de fundos de servidores estaduais em letras de crédito do banco – fundos comandados por gente apadrinhada, inclusive no Amapá.
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Acompanhe o placar do Estadão com os votos dos senadores Fabiano Lana: https://www.estadao.com.br/politica/fabiano-lana/lula-ou-alcolumbre-um-deles-sera-humilhado-no-caso-messias/ (Nada disso compõe a matéria do que definiria “divergências entre Poderes”.
O cronista adverte: fala-se aqui de um Davi que teria virado oposicionista.
Não de um milagre criador de republicanos.)
Ponto de não retorno, em política, é temperatura difícil de alcançar.
Esse Alcolumbre inédito – comerciante de súbito agastado com a exposição das mercadorias na vitrine – esticou a corda a grau de tensão sem precedentes para sua atividade pública até aqui.
Não estaria muito longe da condição excepcional de ter de bancar mesmo a queda de Messias.
Vai?
Fonte: estadao
01/12/2025 23:33











