De joelhos, chorando, Abel celebra a noite mais mágica do Palmeiras.
E da sua carreira.
“Choro de alívio.
Preciso provar que mereço estar onde estou.” 4 a 0 na LDU.
Chega à terceira final da Libertadores.
E ficará em 2026
Na noite em que completou cinco anos de Palmeiras, o presente: a reviravolta inédita na semifinal da Libertadores.
Nenhum time, na história, nesta fase, reverteu uma derrota por 3 a 0.
Na decisão, o Flamengo.
O português foi aplaudido de pé.
No mesmo palco, o Allianz, onde foi cruelmente xingado, depois da eliminação da Copa do Brasil para o Corinthians
Um, dois, três, quatro, cinco, seis.
Sete passos e o chute seco, no meio do gol.
Raphael Veiga sacramentou o placar sonhado.
Palmeiras 4 a 0, diante da LDU.
O Allianz Parque balançou com a justa euforia dos 39.491 torcedores.
A reação de Abel Ferreira foi contida.
Eram ‘apenas’ 36 minutos do segundo tempo.
Ele seguiu tenso até Wilmar Roldán encerrar o jogo.
Aí, deixou suas emoções, represadas, virem à tona.
Andou, sozinho, desprezando os vários abraços que recebeu no caminho.
Foi até bem perto da torcida, de onde saíram, em agosto, as mais pesadas ofensas que recebeu na vida.
Desta vez ouvia e via os torcedores o aplaudirem de pé.
Gritarem seu nome.
E desabou.
Caiu de joelhos e chorou.
Teve a redenção, o fim da mágoa, como presente dos seus cinco anos no Palmeiras.
No dia 30 de outubro de 2020 era anunciado como substituto de Vanderlei Luxemburgo.
Desde então, dez títulos conquistados.
E ontem chegou à 16ª final, recorde absoluto para um treinador deste clube gigante brasileiro.
Abel jamais foi tão aberto a revelações íntimas quanto na coletiva do início desta madrugada.
📊 Informação Complementar
“Quando acabou o jogo contra o Cruzeiro, fui para casa e comecei a rezar, mas Deus disse: ‘vai fazer sua parte, não adianta rezar porque os outros também estão rezando’.
Tem a ver com trabalho e preparação.
“Em Quito, ao contrário do que alguns dizem, nosso adversário foi muito melhor do que a gente no 1º tempo.
Não conseguimos nem encaixar e nem pressionar.
“A LDU, em casa, durante toda a Libertadores,“ não sofreu um único gol.
Foi muito mérito deles na casa deles, eles aproveitaram bem a altitude.
“No primeiro tempo, em alguns momentos, parecia que estávamos parados.
No segundo tempo, corrigimos e, mesmo fazendo um jogo ruim, criamos oportunidades suficientes para sair sem o 3 a 0.”
“Acordei na terça de manhã e minha cabeça estava bagunçada.
Sempre tenho um bloco de notas para escrever coisas que passam pela minha cabeça.
Aí, criei três planos.
Cheguei no escritório e falei que teríamos que ser a surpresa.
Quando as peças começaram a encaixar, vimos que seria possível.
Na terça a noite, minha esposa perguntou se eu estava nervoso.
Falei que estava nervoso, mas confiante.
Ela disse: ‘vai ser mais uma noite de sofrimento’.
“Eu disse: ‘sim, se prepare, vai ser um mix de emoções’.
E ela disse: ‘temos uma homenagem que querem te fazer’.
Disse: ‘esquece, não posso ir, tenho que estar calmo’.
“Quem treina o treinador?
Passo energia aos jogadores, e quem passa energia a mim?
Durante o jogo, controlei ao máximo as emoções.
Simplesmente desabei, acho que estava pressionado.
Tenho que estar sempre provando a mim que mereço o lugar que ocupo.”
O técnico deixou escapar que gostaria que a arena palmeirense estivesse sempre apoiando ao time e a ele mesmo.
Lógico que ele estava se referindo aos palavrões que teve de ouvir na eliminação da Copa do Brasil para o Corinthians.
E chamou de ‘chiqueiro’ o Allianz Parque.
“Conheço como funciona o chiqueiro quando todo mundo está assim — e que fiquem chateados comigo, mas digo: pena que não seja sempre assim.
Quando está assim, é difícil e pesado para quem vem jogar contra a gente.
Hoje (ontem), foi um jogo tático e mental.
Tínhamos que estar focados naquilo que são as tarefas dos jogadores."
Lógico que haveria espaço para a outra redenção.
Com Raphael Veiga, autor de dois gols, entrando do banco de reservas, na etapa final.
Sosa e Bruno Fuchs haviam marcado no primeiro tempo.
Abel falou até que sabia que ele deve ter sido xingado pelo meia.
“O Veiga foi um dos que sofreram porque eu o substitui [no jogo de ida].
Ele passou alguns dias chateado comigo, mas pais e filhos são assim.
Ele sabe que tenho muito carinho por ele.
Quando tenho que decidir, coloco o lado profissional.
Há muitas formas de ser protagonista — não só como titular.
“Quando ele fez o gol, tenho certeza que me mandou para aquele lugar, mas não me importo porque sei que ele faz as coisas por ele e pela equipe.
“Ele é muito importante para nós não só pela dinâmica da equipe, mas porque é um jogador que tem gol.
Sou grato por ter um homem como ele conosco.
“Tenho certeza que ele está chateado comigo porque queria ter jogado (como titular), mas há muitas formas para ajudar.” O treinador revelou os motivos das mudanças significativas e que desnortearam Tiago Nunes, técnico da LDU.
“Tínhamos que surpreender o adversário.
Tivemos Allan e Sosa ao invés de Felipe e Facundo.
Precisávamos ter o pé trocado nas pontas.
Hoje, deu tudo certo, mas às vezes não sai como queremos.
A intenção é fazer o bem, mas lá, não fui capaz de ajudar meus jogadores.”
Mas ontem ele sabia ter sido fundamental.
As revelações pararam por aí.
Quando foi perguntado sobre enfrentar o Flamengo, na final da Libertadores, ele apelou para o lado superficial para a imprensa, em relação a futuros adversários.
“É um grande rival e espero que seja uma grande final.
O Flamengo chegou pela sua qualidade, organização e estrutura.
É um dos nossos rivais.
São dois times muito competitivos e competentes.
O futebol não é quem investe mais, mas é quem se prepara e tem tempo para se preparar.
O Palmeiras sempre anda competindo nos últimos anos, e será a mesma coisa neste ano.”
Leila Pereira invadiu a coletiva, elogiou muito Abel, que já havia enaltecido a presidente do Palmeiras.
O acordo para renovação para 2026 está fechado.
Sem multa rescisória, como exige Abel.
O anúncio deve acontecer nos próximos dias.
“O Abel é o maior técnico da história do Palmeiras”, decretou Leila para os jornalistas na coletiva.
Quem se atreve a negar?
16 finais, 10 títulos são argumentos irrefutáveis.
Abel não precisa se ajoelhar e chorar.
Ele está onde merece.
Mais do que ninguém…
Fonte: r7
31/10/2025 11:08
 
			 
		     












