A Vida de Chuck e mais: os filmes que investigam o sentido da existência Tom Hiddleston vive um doente terminal em busca de respostas sobre a existência, juntando-se à seleta lista de filmes que exploraram o tema com primor O mundo está prestes a acabar e, com ele, toda forma de vida.
Às vésperas do Apocalipse em A Vida de Chuck (The Life of Chuck, Estados Unidos, 2025), já em cartaz no país, guerras são travadas em abundância, desastres ambientais dizimam paisagens inteiras, a internet está fora do ar e os suicídios estão em alta — mas trabalhadores ainda saem de suas camas e os dias de semana permanecem úteis como sempre.
As tragédias que se acumulam são encaradas pela humanidade de forma profundamente banal.
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Longe da ficção científica, as catástrofes são metáfora para um fato que, quando não evitado, assombra a todos: a morte é inescapável e a vida, curta.
Para o misterioso Chuck (Tom Hiddleston), que definha de um tumor cerebral aos 39 anos, é mais fugaz ainda.
Sobrepondo o fim dos tempos a uma morte prematura, o diretor Mike Flanagan adapta o conto homônimo de Stephen King e elabora assim sua própria resposta a uma pergunta existencialista já encarada por diversos cineastas: qual é o sentido da vida?
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Para ele, ela é autossuficiente: assim como os cataclismos que ameaçam o mundo são terríveis e nada triviais, os momentos de alegria e conexão entre indivíduos são mágicos, não protocolares.
Quando Chuck, meses antes do diagnóstico, interrompe sua rotina para dançar ao som de uma baterista de rua, a coreografia atrai a atenção de uma garota infeliz (Annalise Baso) que se junta ao balé, e ambos atingem o efeito apoteótico, mesmo que diante de um punhado de transeuntes.
O simples ato de autoafirmação é similar à aventura em que parte o protagonista de A Vida Secreta de Walter Mitty (2013), ou à conclusão a que o protagonista sexagenário de A Grande Beleza (2013) chega ao descobrir que, apesar de modesto, seu primeiro amor foi mais importante do que qualquer glamour que conquistou como crítico de teatro.
💥 Impacto e Consequências
De A Árvore da Vida (2011) até Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022), a busca pelo propósito da vida guia cineastas adeptos de diferentes estilos.
Flanagan, por exemplo, faz o resumo valendo-se da visão de King, que por sua vez recorre ao poema Canção de Mim Mesmo (1855), de Walt Whitman, para filosofar.
“Eu sou grande, eu contenho multidões”, diz a citação.
Em A Vida de Chuck, ela significa que, assim como o protagonista, cada indivíduo carrega consigo um mundo particular — pessoas reais e imaginadas, cores, sons, filmes e livros, entre outros elementos — que é muito maior do que si.
Só por isso, toda vida já é plena de sentido, ainda que nem sempre seja percebido.
Felizmente, a humanidade pode contar com o cinema para relembrá-la de suas qualidades.
Publicado em VEJA de 5 de setembro de 2025, edição nº 2960
Fonte: veja
08/09/2025 08:29