A dura concorrência das pedras brasileiras contra o mármore importado Boa parte dos arquitetos, designers ou compradores ainda preferem os produtos de fora do país Durante a construção de sua casa milionária, a influenciadora Maíra Cardi viveu uma situação que ilustra bem os desafios do mercado de pedras naturais no Brasil.
Ela havia solicitado o uso de um mármore nobre e importado, o travertino romano, conhecido mundialmente por sua elegância e durabilidade.
No entanto, amigos próximos notaram que a pedra instalada em diversos cômodos da residência não correspondia ao que havia sido pedido.
Em vez do desejado travertino romano, o que foi entregue era o travertino mexicano, uma versão considerada inferior em qualidade, tonalidade e valor de mercado.
📊 Fatos e Dados
Esse episódio gerou grande repercussão, não apenas pela fama da protagonista, mas porque escancarou uma questão recorrente nas obras de alto padrão: o desconhecimento técnico e a valorização automática do que é importado.
O Brasil, que é um dos maiores produtores de pedras ornamentais do mundo, com uma variedade imensa de mármores, granitos e quartzitos, ainda enfrenta uma resistência cultural quando o assunto é prestígio e percepção de qualidade.
Muitas pedras brasileiras possuem características superiores às importadas, tanto em resistência quanto em beleza.
Algumas são únicas no mundo e têm enorme potencial de valorização no mercado imobiliário.
🌍 Contexto e Relevância
Mesmo assim, não são raros os casos em que arquitetos, designers ou compradores preferem importar pedras por acreditarem que, por serem de fora, são automaticamente melhores.
Em parte, isso é resultado de uma construção histórica de marca: países como a Itália conseguiram transformar seus mármores, como o famoso Carrara, em símbolos globais de luxo e refinamento.
O hotel Rosewood São Paulo, eleito o 24º melhor do mundo e o melhor da América do Sul, segundo ranking feito pela organização 50 Best, foi inaugurado em 2022 e seu idealizador, o francês Alex Allard, desde a época do planejamento do projeto, apostou nas pedras brasileiras e não as estrangeiras, para decorar seu empreendimento.
Defensor da matéria-prima local, ele sempre defendeu a qualidade superior das jazidas do Brasil, mas tinha o diagnóstico de que a diferença de competitividade girava em função do maquinário para corte e polimento, com uso de tecnologias avançadas e processos industriais mais rigorosos.
Uma vez identificada essa fragilidade, Allard tratou de importar a infraestrutura e capacitar mão de obra.
O resultado está a uma quadra da Avenida Paulista: uma decoração impecável, onde as pedras são protagonistas em sua beleza, tamanho e no casamento perfeito das veias dos mármores.
📊 Informação Complementar
Alex Allard não estava errado em valorizar tanto o mercado brasileiro.
O país ocupa posição de destaque no mercado global de rochas ornamentais, sendo o quarto maior produtor e o quinto maior exportador do mundo.
Em 2024, o setor movimentou R$ 1,3 bilhão, registrando um crescimento de 12,7% em relação a 2023, resultado que reflete a força da indústria nacional e sua competitividade internacional, impulsionada por uma das maiores diversidades geológicas do planeta.
Dentro desse tema, Flávia Milaneze, CEO da Milanez & Milaneze, apresentou na quarta-feira, 16, detalhes da planta da Cachoeiro Stone Fair, considerada uma das principais feiras do setor de rochas ornamentais.
A 36ª edição do evento será realizada de 26 a 29 de agosto, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, estado que é considerado berço de rochas naturais no Brasil.
Com mais de 1.200 empresas ligadas ao setor e responsável por cerca de 80% das exportações brasileiras de rochas ornamentais, Cachoeiro de Itapemirim é o maior polo processador de rochas das Américas.
Ed Martins, presidente do SindiRochas Espírito Santo, destaca que a feira fortalece esse protagonismo do estado e gera impactos significativos também para a economia local.
“Hoje, 10% do PIB capixaba é oriundo do setor de rochas”, diz.
A executiva Flávia Milaneze apresentou os principais indicadores da feira, incluindo o crescimento de 15% em relação a 2024.
“Embora tradicional, realizada há 36 anos, a feira segue consolidada e gerando interesse da cadeia produtiva”, diz a executiva.
A proposta da feira é impulsionar negócios e celebrar a força do setor.
Com previsão de receber 16 mil visitantes entre compradores, como marmoristas e distribuidores, profissionais ligados à construção civil, o evento reunirá expositores de nove estados brasileiros e de três países, Itália, Espanha e China.
A feira também oferece uma vitrine para as empresas do setor, permitindo que elas exponham seus produtos e inovações para clientes nacionais e internacionais, o que abre portas para novos negócios e expansão.
“O Espírito Santo reúne o que há de melhor no mundo em termos de indústria”, diz Tales Machado, presidente do Centrorochas.
A feira realizada pela Milanez & Milaneze, uma empresa do Grupo Veronafiere, e promovida pelo SindiRochas, Cetemag e Centrorochas, é exclusiva para profissionais do setor e o credenciamento deve ser feito no site no site cachoeirastonefair.com.br Quem sabe a Maira Cardi não é convidada para conhecer a qualidade da matéria-prima brasileira?
Fonte: veja
18/07/2025 04:28