Exílios, esperas e encontros com três grandes autores do Leste Europeu
Uma croata, um tcheco, uma russa…
E a visão de uma Europa (ou melhor, de um mundo) que construiu e derrubou fronteiras
Não é de hoje que o Leste Europeu é reconhecido como celeiro literário.
Vem de lá o atual Prêmio Nobel – mais precisamente, da Hungria -, e a lista de autores um dia cotados ou com chances de um dia receber a famosa distinção encheria algumas páginas.
🌍 O Cenário Atual de veja
Material para trabalhar em suas ficções nunca faltou – nem imaginação.
Aqui, apresentamos três escritores com lançamentos recentes no Brasil que, cada um a seu modo, nos pegam pela prosa e pelo mundo que nos convidam (ou obrigam) a redescobrir.
O Museu da Rendição Incondicional
Autora: Dubravka Ugrešić
Tradução: Aleksandar Jovanović
Editora: Carambaia
Páginas: 304
Um livro difícil de definir, mas extremamente engenhoso e tocante.
📊 Fatos e Dados
A escritora de origem croata (1949-2023) tece uma teia de memórias protagonizadas ora por ela mesma, ora pela mãe, ora por pessoas que cruzaram sua vida e caminho – da antiga Iugoslávia aos Estados Unidos – numa colcha de narrativas que vão do trivial ao sublime.
Como conectar peças e episódios deste mundo que soam tão improváveis e distantes entre si – a exemplo dos objetos encontrados no estômago de uma morsa num zoológico berlinense?
Eis o mote da premiada Dubravka Ugrešić ao compor seu museu interior – que leva o nome de um estabelecimento que realmente existiu na Berlim soviética – e nos apresentar um mosaico que sintetiza, na colagem de lembranças costuradas pela alma, o que foi (sobre)viver em meio a opressões, quedas de regime e guerras brutais – e, ainda assim, em um eterno exílio, enxergar anjos nas frestas da implacável realidade.
💥 Impacto e Consequências
O museu da rendição incondicional Trens Rigorosamente Vigiados Autor: Bohumil Hrabal Tradução: Luís Carlos Cabral Editora: 34 Páginas: 128 Estamos na Tchecoslováquia ocupada pelas forças nazistas no fim da Segunda Guerra Mundial.
E é numa estação de trem que assistiremos ao cotidiano, aos absurdos e ao jogo de tensão vividos por um jovem aprendiz de controle de tráfego ferroviário, Milos.
Em sua rotina, coabitam preocupações de foro íntimo e sexual, o trabalho mecânico de seguir ordens e direcionar vagões (inclusive alguns lotados de pobres deportados) e a sombra dos oficiais alemães que detêm a burocracia e a aristocracia locais.
Mas é nesse mesmo cenário aparentemente banal, que aloja situações inclusive cômicas, que o prosaico pode se tornar épico – e um rapaz inseguro, ganhar ares de herói.
Famoso pela adaptação ao cinema na década de 1960, Trens Rigorosamente Vigiados é um pequeno e surpreendente livro.
A primeira obra de Bohumil Hrabal (1914-1997) traduzida diretamente do tcheco para o português no país.
Trens rigorosamente vigiados Desaparecer Autora: Maria Stepánova Tradução: Irineu Franco Perpetuo Editora: Poente/ WMF Martins Fontes Páginas: 144 Depois de escavar as raízes familiares no livro Em Memória da Memória, Maria Stepánova, uma das autoras russas mais reverenciadas hoje, nos faz acompanhar os desencontros e encontros de uma escritora de meia idade em um canto da Europa.
M.
está a caminho de um congresso literário, mas uma sequência de situações passa a tirá-la de prumo e destino.
E assim ela se vê em estações de trem, quartos de hotel e andanças por ruas desconhecidas na companhia da solidão ou de estranhos.
E o que era para ser uma viagem a um evento com pompa e circunstância se transforma numa espécie de fuga – de si mesma, do mundo… -, com direito a uma insólita experiência em um circo itinerante.
Um romance que brinca (e briga) com a fábula do destino.
Fonte: veja
16/12/2025 09:22











