Questão conceitual-marqueteira à parte, sobre se seria ocupação (modelo UPP, associado ao fracasso) ou retomada de território (como quer vender o governador do Rio), certo é que haverá novas operações policiais – com incursão em favelas – até a eleição.
Cláudio Castro, ante a aprovação do 28 de outubro, está desafiado pela tentação eleitoreira da operação policial; a ideia de que mais duas ou três como aquela produziriam um candidato a presidente.
Sozinha, aquela ação – marco do pós-Bolsonaro, primeiro fato político relevante da direita que tem Jair nem como coadjuvante – já deu ao governador a emancipação da família.
🌍 Contexto e Relevância
Se nunca pôde haver dúvida de que segurança pública seria o tema de 2026, seguro doravante será afirmar que o debate se desenvolverá em função da atividade policial para que as cidadelas do crime sejam reintegradas à República.
A partir de Castro, a direita tem discurso competitivo e a chance de superar a condição de refém da bandeira única da anistia.
A partir de Castro, esperava-se que Tarcísio de Freitas emergisse e liderasse.
🧠 Análise da Situação
Não rolou.
Seja porque prefira proteger o próprio telhado, seja por avaliar prudente prolongar o período de recolhimento após experimentar o fogo do bolsonarismo eduardista, o governador de São Paulo tem sido discreto.
A bola está quicando.
📌 Pontos Principais
A oportunidade, lançada.
Não tardará até que se converta em vácuo.
Não faltarão tentativas de preenchê-lo.
Não custa muito – ou talvez custe – para que o “a partir de Castro” se torne “com Castro” – “em Castro”.
O êxito popular da Operação Contenção o provoca ao flerte com o descomedimento.
Nunca faltam os assistentes megalômanos.
Na hipótese de que o ato nos complexos da Penha e do Alemão tenha sido produto de planejamento nos termos estritos da segurança pública, o flerte seria por um calendário de atividades norteado pelas urnas como fim.
A maré vai favorável.
Por que não tomar o risco?
O risco pressupõe cálculos para além da possibilidade de matar inocentes.
📊 Informação Complementar
A tentação do protagonismo – de ambicionar saltos maiores – também tenta os adversários a reagir.
Não é tentação pequena, aumentada a exposição-influência política do governador tanto quanto a superfície de sua vidraça.
A ascensão inesperada de Castro, para efeito (por ora) somente local, rearranjou o equilíbrio de forças no Estado da mesma forma que – diz o maledicente – despertou o TSE para o dormitante e gravíssimo caso Ceperj.
O julgamento que de súbito se iniciou, marcado no dia seguinte à operação, teria como gatilho a mesma percepção – a de jogador inesperado se impondo à mesa – que faz o cronista imaginar, caso a eleição fosse hoje, que o governador teria mais votos que Flavio Bolsonaro ao Senado.
Há dez dias, Castro considerava nem sequer concorrer.
Não tinha candidato a sucedê-lo no Guanabara.
Agora está obrigado a ter um e cortejado por vários.
O imperador Paes do Rio – que já passou a prefeitura -capitania adiante – terá adversário.
Fonte: estadao
07/11/2025 18:25











