Num discurso em Madrid, Rasmussen sublinhou que Espanha tem elevado a sua previsão de crescimento económico enquanto se mantém renitente a investir em Defesa ao mesmo nível que os outros aliados da NATO, numa altura em que sucedem incursões de meios aéreos russos no espaço aéreo de diversos países europeus.
"Não vemos estes avanços económicos a traduzirem-se em investimentos na Defesa" por parte de Espanha, afirmou.
O contributo de Espanha como membro da NATO e da União Europeia deveria ser "muito maior", mas a Europa no seu todo deve "investir muito mais", acrescentou o antigo secretário-geral da NATO.
📊 Fatos e Dados
A última cimeira da NATO, em junho nos Países Baixos, resultou na concordância geral dos aliados com um novo compromisso de elevar gradualmente, até 2035, o investimento anual em Defesa e despesas relacionadas para 5% do PIB.
No entanto, a Espanha rejeitou esta meta mais elevada de 5%, considerando-a “irracional” e, em alternativa, chegou a um acordo para ficar de fora do compromisso, ficando-se pelas suas obrigações com a aliança de gastar 2,1% do PIB em Defesa.
Espanha já tinha declarado a sua intenção de atingir antecipadamente a anterior meta da NATO de 2% do PIB em despesas de Defesa até ao final de 2025, em vez da data original de 2029.
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Para Rasmussen, o "subinvestimento" na defesa "é um erro grave", porque "a Europa corre o risco de ficar para trás face às ameaças que enfrenta".
“Vivemos num mundo de grandes rivalidades entre potências”, no qual “a Rússia continua a sua guerra brutal contra a Ucrânia e, como vimos nas suas recentes e repetidas violações do espaço aéreo europeu, a ameaça russa está cada vez mais próxima”, frisou.
A Rússia aumentou em setembro as suas incursões no espaço aéreo europeu e da NATO, primeiro na Polónia com cerca de 20 ‘drones’, depois na Roménia, e finalmente na Estónia, onde a 19 de setembro três caças russos voaram durante 12 minutos sem autorização.
🌍 Contexto e Relevância
A isto juntou-se nos últimos dias o sobrevoo de vários aeroportos e bases militares dinamarquesas por 'drones', por detrás do qual o governo de Copenhaga suspeita estar a Rússia.
Para o antigo secretário-geral da NATO e antigo primeiro-ministro da Dinamarca, os europeus "precisam de ser capazes de se manterem firmes", numa altura em que "a Europa está cada vez mais sozinha".
“Durante muito tempo, baseámos o generoso sistema de bem-estar social da Europa num modelo ultrapassado, que consiste numa combinação de energia barata da Rússia, produtos baratos da China e segurança barata dos Estados Unidos.
Este modelo já não funciona", adiantou.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda pelo menos quatro regiões – Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia – além da península da Crimeia, anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.
Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.
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"Não é uma preocupação, estamos a investir"
Fonte: noticiasaominuto
01/10/2025 19:30