“Careca do INSS” abandona obra de mansão de R$ 9 milhões em Brasília
Pivô da fraude do INSS, Antonio Antunes foi preso pela PF nessa sexta-feira.
Ele abandonou obra em bairro rico de Brasília há três meses atualizado Compartilhar notícia O quarteirão de uma rua sem saída em um dos metros quadrados mais caros de Brasília já teve dias mais agitados.
A paisagem sonora anteriormente formada por pedreiros, betoneiras e caminhões foi interrompida – de uma hora para outra.
Logo após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Sem Desconto, em 23 de abril deste ano, o empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, vulgo Careca do INSS, abandonou a construção da mansão de dois andares no Lago Sul.
Assim, a obra está parada desde a segunda quinzena de maio, sem expectativa de ser retomada.
A coluna apurou que Antonio Antunes avisou aos fornecedores que teve seus bens bloqueados e que, dessa forma, não conseguiria dar andamento à construção.
O local passou a ser visto pelos vizinhos como um “elefante branco” na região.
Nessa sexta-feira (12/9), o Careca do INSS foi preso preventivamente pela PF por risco de fuga e por ocultação de patrimônio.
🧠 Especialistas Analisam metropoles
A PF calcula que o imóvel custa mais de R$ 9 milhões.
A estimativa levou em conta os preços do metro quadrado (m²) praticados pelo mercado na região.
O terreno tem 2.109 m².
A construção soma 845 m².
O Careca comprou o casarão no Lago Sul, à vista, por R$ 3,3 milhões em abril de 2024.
Em seguida, mandou demolir o imóvel e passou a construir a casa do seu jeito.
Dali em diante, deu início a uma obra que chamou a atenção de toda a vizinhança pela imponência do empreendimento.
São 7 metros de altura, tamanho bem superior aos demais imóveis da rua.
Como é o desenho da mansão do Careca do INSS no Lago Sul
O projeto da obra conta com cinco quartos, área gourmet, sala de cinema, adega e cinco vagas de garagem.
Já na área externa, o projeto prevê piscina de 74 m², pergolado, academia, salão de jogos e uma espécie de galpão de 135 m² para acomodar 14 carros.
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Galinhas tomam conta do terreno e boletos amarelam com o sol
Quem passa pelo local encontra tapumes metálicos na fachada.
Um outdoor dentro do terreno traz o desenho arquitetônico do imóvel, que combina concreto armado e acabamentos em madeira.
Um pergolado também sinaliza um jardim dentro da casa.
Pelo lado de fora, é possível ver que a parte estruturante da casa já foi finalizada e que os pedreiros estavam na etapa de alvenaria, até a obra ser interrompida.
O único movimento no local são de galinhas que passeiam livres pelo terreno.
Quando não se alimentam de milho do comedouro, elas ciscam e bicam a terra vermelha, evitando assim a proliferação de traças.
Outro sinal de vida, em meio a montes de terra e areia, são as duas palmeiras-imperiais, remanescentes do terreno revirado.
Os boletos da companhia de água e energia, amarelados pelo sol, são mais um sinal de que ninguém passa por ali.
Sem caixa de correios no imóvel, os papéis, em nome de Antonio Antunes, estão presos ao tapume metálico da construção.
Por entre as frestas, é possível ver ainda tijolos empilhados, vigas metálicas e de madeira e montes de terra.
Uma betoneira, esquecida ao relento, já não sabe quando voltará a rodar.
No barracão improvisado de madeira, por onde circulavam diariamente 10 pedreiros, existem apenas capacetes pendurados.
Vizinhos reclamam de obra do Careca do INSS
A casa do Careca do INSS tem apelido na rua: “Monstrengo”.
A coluna conversou com vizinhos, na condição de anonimato, que se dizem indignados.
Eles temem pela própria privacidade.
“Isso aqui é um elefante branco.
É de uma cafonice.
Coisa de roubo”, criticou um morador.
Outro vizinho ainda se assusta com a imponência da construção.
“Quem tem uma casa deste tamanho?
Essa pessoa deve ter uns cinco filhos.
Só pode”, descreve, ao lembrar a primeira coisa que lhe passou pela cabeça.
Para preservar a identidade dos moradores, a reportagem decidiu misturar alguns depoimentos e tratá-los todos no masculino.
Eles têm receio de serem identificados.
Um dos moradores mais antigos da rua não escondeu o incômodo com a altura da construção.
“Você não sabe o que é acordar e ver essa desgraça todos os dias.” Após saber pela reportagem quem é proprietário do imóvel de luxo, o morador emendou.
“Eu não sabia que era dele.
Só tinha ouvido falar que era de um ‘chefão do INSS’”, contou, assustado.
Embora nunca tenha trabalhado ou sido servidor do INSS, Antonio Antunes ganhou esse apelido pela influência que tinha dentro da autarquia federal.
O lobista, que ostentava uma frota de carrões e que até comprou imóvel nos Estados Unidos, conforme revelou a coluna, é apontado pela PF como um dos operadores do esquema que fraudava descontos indevidos em folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS.
Antonio Antunes mantinha procurações de associações investigadas e está sob suspeita de pagar propina a ex-diretores e ao ex-procurador-geral do INSS.
Um dos vizinhos do imóvel em construção se lembra da movimentação no terreno antes da operação da Polícia Federal, ainda em abril.
“Eram caminhões e mais caminhões de concreto”, descreve.
“Então, de uma hora para outra, parou a obra.
‘Será que acabou o dinheiro?’, me perguntei.”
Um vídeo publicado nas redes sociais da construtora que iniciou a obra da casa do Careca do INSS dá a dimensão de toda a movimentação.
Para fazer o concreto armado, um caminhão-betoneira usou um equipamento chamado de “bomba-lança” – parecida com um guindaste – para revestir toda a laje com o material de construção.
A reportagem chegou a consultar engenheiros e arquitetos de Brasília que têm projetos similares no Lago Sul.
Pela dimensão da casa “bem luxuosa”, eles estimam um gasto total de R$ 12 milhões, o que inclui projeto, fundação, alvenaria, arquitetura e acabamento.
Fonte: metropoles
14/09/2025 15:22