As padarias de bairro são parte do cotidiano paulistano.
Presente em várias esquinas da capital, elas servem pão na chapa, pingado, sonho recheado e sustentam a rotina de milhares de pessoas todos os dias.
Mas, nos últimos anos, um novo tipo de padaria começou a se destacar na paisagem da cidade.
Inspiradas nas tradições japonesa, coreana e chinesa, padarias asiáticas vêm conquistando espaço com massas macias, recheios inusitados e um visual delicado.
Nesses endereços, o pão francês dá lugar ao shokupan; os sabores vão de feijão azuki e matchá a kimchi e curry.
O que se encontra ali vai além do bom e velho pão, é uma experiência que combina técnica, memória e inovação em cada fornada.
💥 Impacto e Consequências
Diferente das padocas tradicionais, essas padarias apostam em texturas leves, formatos elegantes e sabores equilibrados, onde o doce sutil e a pimenta têm mais espaço que o salgado dominante nas vitrines brasileiras.
A seguir, quatro padarias que mostram como essa cena se desdobra na cidade, indo dos estabelecimentos mais fiéis às tradições até propostas ousadas.
Komah Bakery
A Komah Bakery abriu em 2024 na Vila Madalena como uma extensão do restaurante Komah, já famoso na Barra Funda.
O chef Daniel Park e o empresário Alessandro Papi criaram uma padaria que mistura tradição coreana com influências francesas e italianas.
A proposta é apresentar a culinária coreana de forma acessível, com doces e pães delicados que agradam ao paladar brasileiro.
No cardápio, os pães são leves, sutilmente adocicados e recheados, como o Shikpang (versão mini R$ 8), uma versão coreana do shokupan japonês.
Daniel explica que a panificação tradicional coreana é mais firme, mas a adaptação da Komah valoriza a maciez e o sabor.
O café também evolui na casa, com o Dalgona sendo destaque, mostrando uma nova cara para a bebida tradicional coreana.
O público da Komah Bakery inclui brasileiros e descendentes asiáticos em busca de sabores diferentes e acolhedores.
Os itens mais pedidos são o queijo quente de kimchi e a sobremesa Targui (R$ 34), que combina feijão, mochi e matcha.
Para quem quer provar um pouco de tudo, o chef sugere um combo com Korokke de carne braseado (R$18), Kimchi Grilled Chesse (R$ 45), Citrus Ade (R$19), Dalgona (R$ 21) e bebidas como Matcha Latte (R$ 21) ou Gergelim Latte (R$ 21), que trazem a mistura das culturas coreana e brasileira.
Onde: Rua Girassol, 273 – Vila Madalena | De terça a sexta, 10h às 17h; sábado e domingo, 10h às 16h; fecha às segundas.
| @komahbakery
Bellapan Bakery
A mãe de Fabiano Kim, Sung Hee Ahn (62), conhecida como Serafina, é a alma e a principal responsável pelo sabor da Bellapan.
Apaixonada por pães e doces, ela desenvolveu as receitas que são até hoje a base da padaria.
Mesmo ao consultar outras referências, sempre adapta os preparos para ficarem do jeitinho dela, garantindo uma identidade única aos produtos.
Fundada no final de 2009, a Bellapan cresceu aos poucos, com a mudança para um espaço maior em 2015, que hoje comporta cerca de 130 clientes.
A padaria mantém o compromisso de oferecer apenas produtos frescos, nunca vendendo o pão do dia anterior e doando o excedente para idosos e crianças carentes da região.
O público é dividido entre coreanos, acostumados ao pão tradicional, e brasileiros, que vêm descobrindo esses sabores.
Para acompanhar a demanda crescente, a padaria voltou a funcionar aos domingos, reforçando o atendimento e a produção diária.
O cardápio segue uma linha mais tradicional, com uso frequente de massa folhada francesa, que seguindo o costume da casa, é de fabricação própria.
📊 Informação Complementar
A única exceção é o pão de queijo, que é terceirizado.
Para quem visita a Bellapan pela primeira vez, a recomendação é já ir acostumando o paladar provando o pão de feijão azuki (R$ 9), o pão com creme doce e sabores como frutas vermelhas (R$ 9), além dos chás coreanos, yuja chá (R$ 11) ou matcha latte (R$ 11).
Onde: Rua Prates, 563 – Bom Retiro| De segunda a sexta, 7h30 às 19h; sábado das 7h30 às 18h; domingo das 10h às 17h.
| Fecha no 3º domingo do mês e em feriados em dia de semana | @bellapanbakery Mirá A Mirá é uma cafeteria e padaria nipo-latina localizada em Pinheiros, comandada por Julia Fraga e pelo padeiro Leo Akira.
O grande diferencial da casa está no uso da fermentação com koji, um fungo tradicional do Japão que quebra amidos e proteínas, deixando os pães mais macios e com sabor complexo.
Essa técnica milenar, usada em produtos como shoyu e miso, é aplicada de forma inovadora na panificação, criando massas enriquecidas e mais saborosas.
O interesse de Leo pela fermentação vem de longa data e se intensificou ainda mais após trabalhar em uma padaria.
Foi nesse período que estudou picles, kombucha e miso, mergulhando de vez no universo dos fermentados, sempre buscando unir sua ancestralidade japonesa com técnicas francesas e italianas de panificação.
A Mirá traz essa mistura, com pães clássicos como baguetes e fermentação natural, sempre com toques asiáticos e latinos, além de confeitaria que provoca o paladar, como o Folhado com Yuzu (R$ 33).
Para quem visita a Mirá pela primeira vez, Akira indica experimentar o Pain Suisse (R$ 33), o Folhado de morango, Ichigo-sô (R$ 38), e bebidas como Lichia Matchá Fizz (R$ 28) e Mocha Shoyu (R$ 28), que surpreendem pelo equilíbrio entre umami e doçura.
O ambiente transmite segurança e acolhimento, resultado de uma equipe dedicada e apaixonada pelo que faz.
Para Leo, a fermentação com koji não é apenas técnica, mas um verdadeiro hobby e forma de expressão, que transforma a panificação em arte.
Onde: Rua Francisco Leitão, 265 – Pinheiros| De quarta a sábado, 10h às 17h; domingo, 10h às 16h; fecha às segundas e terças.
| @mira.spp
Zhong Yuan Mei Dian
A Zhong Yuan Mei Dian é uma padaria chinesa localizada na Liberdade, em São Paulo, comandada por Ming Li e sua esposa.
Natural de Cantão, Ming morou por dez anos em Hong Kong antes de se mudar para o Brasil, onde conheceu sua esposa, também chinesa, com quem abriu o negócio há três anos.
A casa é frequentada principalmente pela comunidade chinesa da região, mas também atrai brasileiros interessados em experimentar sabores autênticos.
Além dos pães típicos, como os baos recheados, há também bolos cremosos, massas fritas com mel e opções salgadas como sopas com macarrão e carne.
Autodidata, Ming afirma que aprendeu suas receitas pesquisando na internet e testando em casa.
O cardápio é pequeno, mas fiel à panificação tradicional chinesa.
Os baos custam entre R$ 15 e R$ 22, enquanto os bolos e massas fritas saem por R$ 8 cada.
Onde: Rua dos Estudantes, 166 – Liberdade
Fonte: estadao
24/08/2025 19:04
