‘Adultização’ de crianças nas redes: por que você pode colocar seu filho em perigo sem saber Crédito: Renata Cafardo/Estadão Você, que é pai, mãe, tia, tio, avô, avó, se ainda não viu o vídeo Adultização, publicado na semana passada pelo influenciador Felca, veja.
Não é um conteúdo curto nem nada confortável de assistir, mas essencial porque ele aborda de forma didática os riscos da exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais.
Também não pense que ele trata apenas de famílias e outros adultos criminosos que deveriam estar presos por explorar de forma nefasta crianças e adolescentes.
🧠 Especialistas Analisam estadao
Tem isso também.
Mas ele fala do meu, do seu, do Instagram de quase todo mundo.
Uma das partes mais desconcertantes é quando o influenciador cria um perfil falso, começa a curtir vídeos de crianças e em minutos treina o algoritmo para só mostrar esse conteúdo.
💥 Impacto e Consequências
Alguns vídeos são aparentemente inocentes, de meninas exibindo seus cabelos bonitos ou fazendo ginástica artística.
Mas, então, ele mostra como a área de comentários desses vídeos se torna um repositório de pedófilos, que indicam links de perfis no Telegram usados para trocar imagens, aí sim, de pedofilia.
Ou seja, os vídeos das crianças lindas fazendo gracinhas se tornam um meio de proliferação do crime.
🌍 Contexto e Relevância
Felca expõe ainda com coragem os casos extremos, como o do influenciador Hytalo Santos, já investigado pelo Ministério Público da Paraíba por exploração sexual de menores de idade.
E denuncia também mães que ganharam dinheiro postando as filhas em situações vexatórias ou em vídeos cada vez mais erotizados a pedido dos seguidores.
Ele expõe a responsabilidade de todos, mas deixa claro como as plataformas de redes sociais que não só permitem, como impulsionam e lucram com essas violências.
O vídeo deve ajudar a acelerar um projeto de lei no Congresso Nacional, que já foi aprovado no Senado.
Esse texto quer fazer com que as plataformas digitais não possam mais operar nessa sanha de viralização, especialmente usando imagens de crianças e adolescentes.
Elas vão ser obrigadas a não só mudar o design do seu algoritmo, como acompanhar e denunciar quem cria e compartilha conteúdos de exploração e assédio contra menores.
O projeto de lei 2628/2022, cujo relatório deve ser lido esta semana na Comissão de Comunicação da Câmara, deve ter uma lista do que são esses conteúdos que precisam ser combatidos, que incluem material pornográfico e incentivo a comportamento viciante, como as bets.
A legislação se assemelha com o que já existe na União Europeia e o otimismo atual é justificado não só pela ajuda de Felca, como pelo fato de o tema ser um dos poucos defendidos por direita e esquerda.
Mas isso não quer dizer que os pais não devem refletir sobre a sua responsabilidade.
Como o Estadão mostrou no ano passado, a prática de compartilhar imagens dos filhos, chamada de sharenting (junção de parenting e share), pode trazer prejuízos para a saúde mental e o desenvolvimento das crianças.
Com mais de 20 milhões de visualizações, talvez o Adultização faça mães e pais pararem alguns minutos antes de postarem vídeos dos filhos de férias na praia.
Mesmo que as imagens escapem dos perigos mais aterrorizadores, a exposição sem controle nas redes sociais tem potencial para embaralhar o conceito de limite de intimidade, autoimagem, vício e de consumo de qualquer ser humano – em especial daqueles que estão ainda em formação.
Fonte: estadao
12/08/2025 10:25