COP precisa focar em compromissos reais
As mudanças climáticas já afetam a sociedade de forma muito próxima, afirma Sergei Epof, vice-presidente da Panasonic no Brasil.
Vinte e nove delegações que vão à Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) assinaram carta sugerindo que o evento seja feito fora de Belém se não houver garantia de acomodações adequadas e acessíveis aos participantes na capital do Pará.
A conferência ambiental, que reúne países do mundo inteiro será realizada em novembro.
🌍 O Cenário Atual de estadao
O documento é endereçado ao secretário extraordinário da COP-30, Valter Correia, ligado à Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ao secretário do braço da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell.
A carta foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo e obtida pelo Estadão, Entre os signatários há representantes de dois blocos (um de países menos desenvolvidos e outro de negociadores africanos), além de 27 países como Bélgica, Canadá, Noruega, Holanda, Suécia e Coreia do Sul.
Os países expressam preocupação com a “persistente ausência de acomodação adequada e acessível” e a “falta de clareza de que isso seja resolvido a tempo”.
🧠 Análise da Situação
Dizem que isso afeta negociadores, observadores, empresas e representantes de povos indígenas, com número “altamente incomum” de delegações ainda sem lugar.
O governo federal diz manter diálogo com as Nações Unidas e demais envolvidos sobre a logística da conferência e afirma implementar um plano, em fases, de garantia de hospedagem (leia mais abaixo).
“Se a COP for inteiramente realizada em Belém”, dizem os signatários, “pedimos que as acomodações mais próximas ao evento sejam priorizadas para as equipes de negociação, observadores e outros que estejam no centro do processo”.
💥 Impacto e Consequências
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“Queremos que nossas equipes estejam na melhor condição possível para alcançar o sucesso para o planeta e as futuras gerações.
Confiamos na sua compreensão, e no apoio do secretariado da UNFCCC para garantir que essas garantias sejam atingidas, seja em Belém ou qualquer outro lugar”, diz o documento.
Os signatários dizem que a falta de hospedagem e as condições desafiadoras em Belém afetam, sobretudo, países menos desenvolvidos, nações africanas e ilhas pequenas, que não têm possibilidade de reduzir suas delegações sem que isso afete sua capacidade de negociar e representar seus interesses no evento.
A carta pede que as diárias nos hotéis não ultrapassem os 164 dólares (R$ 912), “em conformidade com o subsídio diário de subsistência imposto pela ONU”.
“Somos todos funcionários públicos, com responsabilidades perante os contribuintes, e não podemos justificar gastar o equivalente a um rendimento anual para participar da COP”, diz.
Eles pedem que os participantes possam participar “plenamente” da COP, “o que significa ser capaz de viajar a Belém, ficar em acomodações adequadas e acessíveis, e ir e voltar da conferência com segurança e em tempo razoável, inclusive tarde da noite”.
As negociações na COP, alertam, “avançam noite adentro, e as poucas horas de sono que alguém pode ter nesse meio tempo são extremamente preciosas”.
Em nota, a Secretaria Extraordinária da COP diz que “estão disponíveis 2,5 mil quartos individuais com tarifas fixadas entre US$ 100 e US$600″.
Acrescenta que 15 quartos individuais por delegação foram reservados para 73 países menos desenvolvidos, com tarifas de US$ 100 a US$ 200.
Para os demais países, a oferta foi de “10 quartos individuais por delegação, com tarifas entre US$ 220 e US$ 600″.
Lideranças de países como China, Alemanha, Reino Unido e Noruega já vinham expressando ao governo brasileiro temores sobre a infraestrutura para receber as comitivas oficiais e representantes da sociedade civil.
Telegramas trocados entre o Palácio do Itamaraty e diversas embaixadas do Brasil ao redor do mundo, revelados pelo Estadão, expunham em maio as preocupações de países que pretendem participar da COP.
Veja a lista de quem assinou a carta – AGN (Africa Group of Negotiators, grupo de negociadores de países africanos) – Áustria – Bélgica – Belize – Canadá – Ilhas Cook – Chipre – Tchéquia – Estônia – Finlândia – Guatemala – Islândia – Irlanda – Coreia do Sul – Letônia – LDC (Least Development Countries, grupo de países menos desenvolvidos) – Lituânia – Luxemburgo – Malta – Holanda – Noruega – Palau – Panamá – Polônia – Ilhas Marshall – Eslováquia – África do Sul – Suécia – Suíça
Fonte: estadao
01/08/2025 13:20