Frente à crise com EUA, Caiado aponta ‘fracasso’ de Lula e diz que tarifaço não pode ser tratado sob ‘prisma partidário’ Em entrevista ao Terra, governador critica União e diz que ‘Brasil não pode se dar ao luxo de perder importante parceria comercial’ Diante da imposição de tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), propôs medidas para mitigar os impactos econômicos no Estado e defendeu uma reação coordenada entre os governadores.
Em entrevista exclusiva ao Terra, ele sugeriu a adoção de um plano de ação em duas frentes — diplomática e econômica — e cobrou posicionamento mais ativo do governo federal.
Caiado também comentou sobre a relação entre o Planalto e o Congresso e fez críticas à condução da política externa.
Em meio à crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, que em três dias pode ressultar na tarifa de 50% prometida pelo presidente Donald Trump para todos os produtos brasileiros vendidos para o mercado americano, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), cita o “fracasso” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pede reunião emergencial do Fórum de Governadores com a participação do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Em entrevista exclusiva ao Terra, Caiado afirma que o "tarifaço é um problema que atinge o Brasil como um todo e não pode ser tratado sob o prisma ideológico ou partidário".
E, segundo ele, o governo brasileiro não apresentou "nenhuma medida concreta" para tentar amenizar ou reverter a tarifa de 50%, que deve entrar em vigor na sexta-feira, 1º.
"O Brasil não pode se dar ao luxo de perder uma parceria comercial tão importante quanto a dos Estados Unidos.
No entanto, o governo federal continua provocando, como fez recentemente na reunião dos Brics", disse o governador de Goiás.
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A proposta de Caiado é construir uma resposta conjunta dos Estados e, se possível, articular um canal de diálogo com o governo americano.
“O importante é buscar uma saída negociada e dialogada para esse impasse, restabelecendo a harmonia comercial entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou o governador, que defende que a resposta brasileira se concentre em duas frentes: diplomática e econômica.
Direções similares às que o governo Lula têm percorrido nas últimas semanas, apesar da ausência de resultados.
Na semana passada, Alckmin afirmou ter tido, sem dar detalhes, uma conversa com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
Nesta segunda-feira, 28, o vice-presidente declarou que as negociações com o governo norte-americano continuam.
Sem sinais de avanço nas conversas, Lula vem fazendo rodadas de reuniões com empresas para avaliar potenciais impactos e estudar possíveis respostas, mas já preparou um plano de socorro com 30 medidas de contingência.
Caiado, no entanto, faz uma analogia entre a atual condução da política externa brasileira e os movimentos adotados por governos da Venezuela em conflitos anteriores com os Estados Unidos.
Para ele, há o risco de a crise comercial ser instrumentalizada politicamente.
"Estamos assistindo a uma perigosa venezuelização da política externa.
Assim como Chávez e Maduro provocaram os Estados Unidos e acabaram se alinhando com russos e chineses, o Brasil caminha pelo mesmo rumo”, criticou ele, que também cita as dificuldades de articulação do governo Lula com o Congresso.
Segundo ele, a relação com o Legislativo tem se mostrado insuficiente para destravar reformas e atender demandas da sociedade.
"Lula perdeu o interesse em governar e não mostra disposição para dialogar com os diferentes setores políticos, muito menos com as demandas reais da população.
Prefere manter um discurso populista, tentando iludir o povo em vez de apresentar resultados concretos", afirma Caiado, que oficializou a sua pré-candidatura à Presidência em abril.
Veja a íntegra da entrevista:
Terra: Governador, como a imposição do chamado 'tarifaço' por parte do presidente Donald Trump pode impactar a política e a economia brasileira?
Caiado: Como governador, meu dever é cuidar do meu Estado, proteger os postos de trabalho e garantir a sobrevivência das empresas para que a economia de Goiás não seja desestruturada.
Foi exatamente por isso que anunciamos linhas de crédito específicas para amparar os setores mais afetados pelo tarifaço.
Não fomos nós, governadores, que criamos essa crise, mas somos nós que sentimos diretamente os efeitos dela na economia local.
Neste momento, nosso papel é abrir diálogo, ouvir o setor produtivo, buscar apoio internacional e negociar alternativas.
Já solicitei uma reunião de emergência do Fórum de Governadores, e vários chefes de Executivo já confirmaram a intenção de participar.
Estamos apenas aguardando o agendamento.
Na última segunda-feira, 21, houve a sugestão de convidar o vice-presidente Geraldo Alckmin para o encontro, algo que consideramos positivo.
O importante é buscar uma saída negociada e dialogada para esse impasse, restabelecendo a harmonia comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Terra: Qual é o seu conselho ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste momento, diante do conflito diplomático com os Estados Unidos?
Caiado: O governo federal não apresentou nenhuma medida concreta para tentar amenizar ou reverter essa situação.
O que vemos é a confirmação do que venho dizendo há tempos: essa gestão demonstra total incapacidade de governar.
Em dois anos e meio, ficou presa ao discurso de palanque, sem implementar um plano de governo real.
Quando questionado, no início da crise, se conversaria com o presidente norte-americano, Lula afirmou que não tinha assunto com ele.
Isso mostra uma completa falta de visão e de compromisso com a economia nacional.
O Brasil não pode se dar ao luxo de perder uma parceria comercial tão importante quanto a dos Estados Unidos.
No entanto, o governo federal continua provocando, como fez recentemente na reunião dos Brics.
O correto seria atuar em duas frentes: diplomática e econômica.
Na diplomática, buscar diálogo direto com o governo americano e com os demais atores envolvidos para suspender o tarifaço.
Na econômica, apresentar um plano sólido para reduzir os impactos nos setores mais sensíveis.
Enquanto o governo federal não age, Goiás foi o primeiro estado a adotar medidas práticas para minimizar os efeitos da taxação, com fundos subsidiados que estarão à disposição das empresas mais afetadas.
Estamos fazendo a nossa parte para proteger empregos e reduzir os danos à economia local.
Terra: Como o senhor avalia a atual relação entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Congresso Nacional?
O que ainda falta para acelerar as entregas aguardadas pelo País a partir dessa relação?
Caiado: Está claro que o governo Lula fracassou em todas as áreas, e o relacionamento com o Congresso é um reflexo desse fracasso.
Fora a sua própria base, que já é minoritária, o governo demonstra incapacidade de conduzir reformas ou mudanças necessárias ao país.
Lula perdeu o interesse em governar e não mostra disposição para dialogar com os diferentes setores políticos, muito menos com as demandas reais da população.
Prefere manter um discurso populista, tentando iludir o povo em vez de apresentar resultados concretos.
Terra: O "tarifaço" de Trump pode ter um efeito prejudicial na relação entre o centro político e o bolsonarismo no Brasil?
Caiado: O tarifaço é um problema que atinge o Brasil como um todo e não pode ser tratado sob o prisma ideológico ou partidário.
O foco precisa ser encontrar uma solução concreta, algo que o governo federal não tem feito.
📊 Informação Complementar
Estamos assistindo a uma perigosa “venezuelização” da política externa.
Assim como Chávez e Maduro provocaram os Estados Unidos e acabaram se alinhando com russos e chineses, o Brasil caminha pelo mesmo rumo.
E quem se vangloria disso?
O presidente Lula.
Essa crise deixa de ser apenas um problema econômico ou social e se transforma em instrumento de um projeto político e eleitoral.
Lula tenta usar essa situação para se fortalecer como candidato, em detrimento da economia nacional, das empresas e dos trabalhadores.
O objetivo dele não é resolver a crise, mas acirrar divisões internas para tentar se manter competitivo politicamente.
Fonte: terra
29/07/2025 09:34