Prazo maior para China e acordo com UE: como está a posição do Brasil a três dias do tarifaço de Trump?
Anunciada em 9 de julho pelo presidente americano, a tarifa de 50% entra em vigor na sexta-feira, 1º A três dias do tarifaço de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, o governo brasileiro enfrenta dificuldades nas negociações, enquanto outros países avançaram em acordos bilaterais para minimizar o impacto das tarifas A três dias de entrar em vigor a tarifa de 50% prometida pelo presidente Donald Trump para todos os produtos brasileiros vendidos para o mercado americano, o Brasil ainda não conseguiu avançar nas negociações com o governo dos EUA, enquanto países como Japão, União Europeia e até mesmo a China buscaram acordos bilaterais para minimizar o impacto das tarifas americanas.
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Na semana passada, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, afirmou ter tido, sem dar detalhes, uma conversa com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
Na segunda-feira, 28, Alckmin afirmou que o governo ainda está negociando.
🧠 Análise da Situação
Sem sinais de avanço nas conversas até agora, a tarifa de 50% deve entrar em vigor na sexta-feira, 1º.
"O governo americano afirmou na segunda que não tem pressa em realizar novos acordos, uma vez que acordo com os principais parceiros comerciais já foram realizados.
Isto sugere que o espaço para uma negociação do Brasil com os EUA é pequeno até a sexta", explicou André Senna Duarte, professor de Economia da PUC-RJ.
O governo Lula vem fazendo rodadas de reuniões com empresas para avaliar potenciais impactos da medida e estudar possíveis respostas, mas tem encontrado dificuldades para fazer contato com o alto escalão do governo Trump e tentar uma negociação.
Diante dessa dificuldade, o governo já preparou um plano de socorro a empresas brasileiras.
Julio Amorim, especialista em planejamento e CEO da Great Group –consultoria especializada em planejamento, gestão e estruturação de empresas–, alerta que empresas precisam mapear riscos, rever dependências e agir, pois “esperar por Brasília ou Washington é suicídio estratégico”.
“O tarifaço de Trump é mais político do que econômico, por isso negociar, agora, é quase impossível.
Enquanto China e UE jogam xadrez estratégico, o Brasil ainda aposta na sorte.
A três dias da mudança, quem não tiver plano B, vai pagar a conta com margem e emprego”, disse o consultor.
Mais de 10 mil empresas brasileiras serão afetadas pelas tarifas de 50% sobre produtos do Brasil importados pelos Estados Unidos, disse na semana passada o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) pediu "bom senso" ao governo brasileiro nas negociações.
Durante a inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), o presidente Lula (PT) reiterou a disposição de negociar com os Estados Unidos e afirmou esperar que Trump “reflita sobre a importância do Brasil” “Eu espero que o presidente dos Estados Unidos reflita sobre a importância do Brasil”, disse Lula.
"Com muita tranquilidade, o Brasil quer negociar com Trump.
A gente não quer briga, a gente quer negociar", afirmou o petista.
Impactos ao Brasil O mercado norte-americano é o segundo principal destino das vendas externas do Brasil, atrás apenas da China, com o petróleo tendo a maior participação em receita nas vendas para os EUA.
Além disso, os norte-americanos estão entre os mais relevantes para bens manufaturados brasileiros, de maior valor agregado, como aeronaves, autopeças e máquinas.
Portanto, a imposição das tarifas por Trump tem potencial de provocar queda de bilhões de dólares nas exportações brasileiras, sem considerar eventuais concessões setoriais, de acordo com analistas.
Veja abaixo os totais exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:
– CAFÉ – O Brasil, maior exportador mundial de café, tem os EUA tradicionalmente como principal destino do grão produzido no país, com as exportações no ano passado representando quase US$2 bilhões.
Esse montante representa 16,7% do total embarcado pelo Brasil.
– CARNE – Os Estados Unidos são o segundo maior mercado para a carne bovina do Brasil.
No ano passado, de acordo com dados da associação Abrafrigo, os EUA aumentaram a participação no volume exportado pelo país para 16,7%, ou 532.653 toneladas, gerando uma receita para exportadores brasileiros de US$1,637 bilhão.
– SUCO DE LARANJA – Na safra 2024/25, encerrada em 30 de junho, os EUA representaram 41,7% das exportações brasileiras de suco de laranja, somando US$1,31 bilhão em faturamento, conforme dados do governo consolidados pela CitrusBR.
– PETRÓLEO – As exportações brasileiras de petróleo aos EUA renderam ao país US$5,8 bilhões em 2024, ou cerca de 13% de tudo que o Brasil exportou desta commodity no ano passado, segundo dados do governo compilados pela consultoria StoneX.
– AERONAVES – As exportações de aeronaves aos EUA, notadamente aviões, renderam ao país US$2,4 bilhões, representando cerca de 63% do total exportado pelo Brasil, conforme o BTG.
A Embraer é a empresa com maior exposição nas exportações.
– SEMIFATURADOS DE FERRO OU AÇO – Os produtos semifaturados de ferro ou aço registraram exportações aos EUA de US$2,8 bilhões, com a participação dos norte-americanos nas vendas totais somando mais de 70%, segundo análise do BTG.
– MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E ENGENHARIA – O Brasil exportou o equivalente a US$2,2 bilhões desses produtos aos EUA, com o país da América do Norte também registrando uma fatia elevada do total, cerca de 58%.
📊 Informação Complementar
– MADEIRA – Os produtos de madeira tiveram exportações de US$1,6 bilhão para os EUA em 2024, com os norte-americanos respondendo por mais de 40% do total exportado pelo Brasil.
– MÁQUINAS E MOTORES – A indústria exportou US$1,3 bilhão aos EUA no ano passado, com esse segmento de manufaturados respondendo por mais de 60% de tudo o que o Brasil exportou, segundo um quadro apresentado pelo BTG.
– ELETROELETRÔNICOS – O Brasil exportou US$1,1 bilhão para os EUA no primeiro semestre deste ano, com o mercado norte-americano sendo o principal destino das exportações do setor, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Fonte: terra
29/07/2025 09:34
