Sexo, mentiras e política: adversários querem implicar Trump com Epstein É difícil não concluir que o presidente tem alguma coisa, ou muita coisa, a esconder – e seus inimigos usam isso para tentar desconstruí-lo A guinada no discurso de Donald Trump sobre seu ex-amigo próximo, o milionário suicida Jeffrey Epstein, alimentou mais as suspeitas do que as amenizou.
Por que o presidente deu de falar que não havia nenhum dossiê Epstein, criticar quem insistia nisso e chegar a dizer que não queria o apoio dos inconformados com as muitas pontas soltas do caso do aliciador de menores de idade encontrado morto numa cela de cadeia?
Sexo e mentiras, misturados num grande caldeirão político, inflamam a imaginação de qualquer um – ainda mais a de muitos trumpistas convencidos que o estado profundo acobertava uma rede de exploração criada por poderosos pedófilos.
Quando seu líder máximo, Trump em pessoa, saiu dizendo que o caso estava encerrado, depois de ser vasculhado pelo FBI e pelo Departamento de Justiça, e não havia mais nada a revelar a respeito, o mundo deles caiu.
A reação de perplexidade dos mais apaixonados partidários de Trump foi aproveitada em cada mínimo detalhe pela mídia antitrumpista – uns 90% do total – e por políticos que fazem oposição a ele.
Só para dar uma ideia: em duas semanas nesse mês de julho, o New York Times publicou cinquenta reportagens e artigos sobre Epstein.
É claro que viu nisso a maior oportunidade de prejudicar Trump já ocorrida nesse segundo mandato – e com razão, pois o presidente foi extremamente inábil na forma como lidou com os novos desdobramentos.
🔍 Detalhes Importantes
GRANDES FORTUNAS
Trump tentou até jogar na mesa um escândalo grande, o das manobras do governo Obama para implicá-lo como sujeito a manipulações da inteligência russa.
Não colou.
É um caso escandaloso, mas se não tem a exposição devida na mídia, não existe.
Lembremos que ter a narrativa define a realidade.
E a mídia quer a cabeça de Trump, não algo que o coloque na posição de vítima, muito menos de Barack Obama, ainda venerado pelos democratas e simpatizantes.
É possível que não saibamos de tudo o que importa em relação a Jeffrey Epstein?
Com toda certeza.
Ainda não existe sequer um consenso, entre pessoas bem informadas do mercado, sobre a forma como um ex-professor de matemática se tornou um gestor de grandes fortunas, tendo deixado para o irmão uma herança de mais de 500 milhões de dólares.
Também parece espantoso que não houve nenhum processo contra algum dos “amigos” – acadêmicos, políticos, milionários das finanças e da tecnologia – a quem Epstein oferecia jantares, festas, viagens em seus aviões, estadas em sua ilha particular e, segundo inúmeros relatos, acesso a adolescentes aliciadas para serviços sexuais no harém que ele mantinha para uso próprio e dos poderosos a quem queria agradar.
Apenas o príncipe Andrew fez um acordo, cível, para pagar uma quantia calculada em 15 milhões de dólares de indenização à mulher que disse ter sido oferecida a ele por Epstein “como uma bandeja de frutas”.
O fato de que Virginia Giuffre tenha morrido por suicídio em 25 de abril passado atiçou as suspeitas mesmo dos mais céticos.
Com esse pano de fundo, causaram revolta as declarações dos trumpistas colocados no FBI e no Departamento de Justiça dando o caso por encerrado.
‘SEGREDO MARAVILHOSO’ O caso provocou um racha até no império do hoje aposentado Rupert Murdoch, com a Fox News tentando manter a linha de apoio incondicional a Trump, apesar de algumas reclamações pontuais, e o Wall Street Journal fazendo o que jornais de respeito fazem, reportagens.
Numa dela, há a referência a um álbum com cartas de amigos para comemorar os 50 anos de Epstein, cheias de indiretas sobre sexo.
A atribuída a Trump fala num “segredo maravilhoso”, entre outras sugestões escritas sobre uma silhueta de mulher nua.
Trump quer dez bilhões de dólares de indenização, um número absurdo para impressionar a galera.
É difícil imaginar que o Journal publicasse uma informação desse tipo, sabendo de sua extrema sensibilidade, sem se cercar das maiores garantias.
Michael Wolff, o jornalista que se especializou um livros sobre Trump, afirma ter visto fotos tiradas com Polaroid mostrando Trump na piscina da casa de Epstein em Palm Beach, cercado por jovens beldades.
Em duas delas, afirma, duas jovens com os seios à mostra estão sentadas no seu colo.
Dá para acreditar?
Wolff nem sempre é uma fonte confiável, mas tem montanhas de informação.
Ele também afirma que Trump e Epstein, tão unidos pelo gosto por mulheres e por dinheiro, romperam em 2003 pelo segundo motivo.
Epstein mostrou ao amigo uma mansão que pretendia comprar, perto de Mar-a-Lago.
Por suas costas, Trump ofereceu um lance mais alto pela propriedade e a comprou.
Preço: quarenta milhões de dólares.
O amigo ficou revoltado e passou a ameaçar Trump, segundo Wolff.
Trump então foi à polícia do enclave de milionários e disse que “Jeff Epstein tem meninas” na casa em Palm Beach.
Ou seja, por essa versão, foi ele quem desencadeou a sequência de acontecimentos que levaria à primeira prisão e às investigações que provocariam a segunda prisão – e ao suicídio no qual tanta gente não acredita, inclusive pelas atitudes dos guardas que deveriam vigiá-lo 24 horas por dia e às falhas de gravação das câmeras na penitenciária.
TEORIAS CONSPIRATÓRIAS
São dúvidas permanentes e possivelmente jamais serão respondidas.
É completamente improvável que houvesse informações comprometedoras sobre Trump que não fossem trazidas à tona durante os períodos em que os democratas estiverem no poder – com liberdade de ação inclusive para plantar mentiras a respeito do “conluio” com a Rússia.
Mas também é completamente improvável que as suspeitas sejam desativadas.
Trump, nesse caso, tem a mão perdedora.
O escândalo pode refluir – e de novo voltar à tona como já aconteceu outras vezes.
No momento, muitos esperam para ver se Ghislaine Maxwell, a namorada, cúmplice e cafetina de Epstein, tem alguma revelação nova a fazer.
Poderia ela receber um perdão presidencial?
Seria um escândalo, mas Trump já mostrou que pode ter atitudes inesperadas ou até insensatas.
📊 Informação Complementar
O fato é que o fantasma de Epstein não vai embora e as teorias conspiratórias só aumentam.
Uma das mais frequentes é que Epstein trabalhava para o Mossad, o serviço de inteligência de Israel.
As informações comprometedoras que colecionava sobre homens muito importantes serviam para outros fins que não fossem o prazer de Epstein.
O fato de que o pai de Ghislaine, Robert Maxwell, judeu checo nascido Jan Hoch, fosse colaborador do Mossad bota muita lenha nessa fogueira.
Maxwell virou um magnata da mídia na Inglaterra, perdeu tudo e caiu, por ou sem querer, de seu iate na altura das Ilhas Canárias.
Só isso já dá um filme – e nem chegamos nos atores principais.
Ghislaine Maxwell está respondendo a questionários de advogados do Departamento de Justiça – e sonhando com um perdão de Trump.
Muitos sonham com o que ela tem a dizer.
Fonte: veja
29/07/2025 09:33