Durante o julgamento no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, a primeira testemunha de defesa dos ex-policiais militares Eraldo Menezes de Souza e tenente Alexinaldo Santana Souza, o tenente-coronel Elson Cristóvão Pereira, foi ouvida na tarde desta segunda-feira (6) no caso do menino Joel Conceição Castro, de 10 anos, morto durante uma operação policial no bairro do Nordeste de Amaralina em 2010.
Questionado pelo promotor Ariomar José Figueiredo da Silva, Elson afirmou não se recordar se os réus prestaram socorro a Joel. Ele ressaltou que na época, a orientação da PM era para que os próprios policiais prestassem socorro às vítimas, mas que atualmente o protocolo é acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O tenente-coronel ainda relatou que soube da morte da criança somente no dia seguinte ao crime.
Anteriormente, duas das 15 testemunhas de acusação prestaram depoimento. Rafael Sampaio dos Reis, morador do bairro do Nordeste de Amaralina, testemunhou ter visto os ex-agentes atirando e um policial caindo e escorregando, além de outro agachado em frente à casa da criança. Rafael afirmou que presenciou três policiais em ação e destacou que estes se omitiram e não prestaram socorro. Ele relatou que, ao pedir ajuda aos policiais para socorrer o menino, o pai de Joel foi ameaçado.
O clima de violência no bairro na época foi destacado pelo policial Elson ao responder às perguntas da defesa. Ele mencionou a dificuldade de trabalhar na localidade devido aos frequentes conflitos armados e à presença de armamento pesado e granadas. Elson elogiou o réu Alexinaldo, descrevendo-o como um profissional proativo, disciplinado e equilibrado.
O julgamento conta com sete jurados, sendo cinco homens e duas mulheres. Cerca de 15 testemunhas serão ouvidas, sendo cinco de defesa e quatro de cada réu. Prevê-se a realização de dois julgamentos para analisar o caso.