Pensa Povo
sábado, dezembro 13, 2025
  • MUNDO
  • ESPORTE
  • ECONOMIA
  • POLÍTICA
  • ENTRETENIMENTO
  • JUSTIÇA
  • CURSOS
  • EMPREGOS
No Result
View All Result
  • MUNDO
  • ESPORTE
  • ECONOMIA
  • POLÍTICA
  • ENTRETENIMENTO
  • JUSTIÇA
  • CURSOS
  • EMPREGOS
No Result
View All Result
Pensa Povo

Azul de metileno: a verdade sobre o corante que virou “elixir da mente”

25 de junho de 2025
in Ciência, ENTRETENIMENTO, SAÚDE
Home Ciência
0
SHARES
Share on FacebookShare on Twitter

Azul de metileno: a verdade sobre o corante que virou “elixir da mente”
Substância ganhou as redes sociais com a promessa de melhorar o foco e até proteger contra o Alzheimer.

Médico desmistifica a história Entre cápsulas coloridas no Instagram e vídeos no TikTok que prometem foco, longevidade e juventude cerebral, um nome antigo reapareceu com roupagem moderna: azul de metileno.

RELATED POSTS

Com busca do governo por arrecadação, Brasil teve em 2024 maior carga tributária em mais de 20 anos

As fotos e cartas inéditas do jovem Ayrton Senna antes de ser piloto de F1

Vendido por influenciadores como a nova substância “biohacker”, capaz de turbinar o cérebro, melhorar a energia, fortalecer a imunidade e até prevenir Alzheimer, o corante azul voltou aos holofotes – mas desta vez, não pelos motivos certos.

O problema não está em sua existência, mas no abismo que separa os seus usos médicos reais da fantasia vendida como suplemento milagroso.

É hora de contar essa história com os pés no chão da ciência.

O azul de metileno foi sintetizado pela primeira vez em 1876 pelo químico Heinrich Caro, como um corante para tecidos.

Mas sua trajetória logo ganharia outro rumo.

💥 Impacto e Consequências

Por sua afinidade com estruturas celulares, passou a ser usado na microscopia e na bacteriologia, marcando tecidos e células com sua cor intensa.

E foi então que entrou em cena o cientista Paul Ehrlich – uma das figuras mais influentes da história da medicina – ao testar a substância como tratamento para a malária.

Contra todas as expectativas, funcionou.

O azul de metileno tornou-se o primeiro antimalárico sintético conhecido e abriu caminho para a era da quimioterapia.

Um corante têxtil que salvava vidas.

📊 Informação Complementar

Ciência pura.

Ao longo do século XX e XXI, a substância continuou sendo estudada e aplicada com indicações específicas.

Sua principal utilidade clínica atual é como antídoto em casos de metemoglobinemia, uma condição grave em que o sangue perde a capacidade de transportar oxigênio, mesmo quando os pulmões estão funcionando.

Em situações como intoxicação por nitrito, anilina ou certos medicamentos, a hemoglobina sofre uma alteração e não consegue mais fazer seu trabalho.

O azul de metileno, nesse contexto, atua como um revertente bioquímico e pode literalmente salvar uma vida.

Ele também tem uso hospitalar em certos tipos de intoxicação, e tem sido investigado como adjuvante em quadros de sepse refratária ou malária resistente.

Tudo isso, claro, em ambiente hospitalar, com dose controlada, supervisão médica e indicações precisas.

Mas nada disso é o que aparece nas redes sociais.

Nos últimos anos, o azul de metileno foi promovido por influenciadores digitais e autoproclamados especialistas em “otimização humana” como suplemento cerebral milagroso.

A promessa?

Melhorar o foco, aumentar o desempenho cognitivo, prevenir o envelhecimento do cérebro e potencializar o metabolismo.

A realidade?

Não há nenhuma evidência clínica robusta que sustente essas afirmações.

Alguns estudos in vitro ou em modelos animais mostraram efeitos promissores no metabolismo mitocondrial e no controle de radicais livres, mas esses achados não se traduziram em resultados clínicos relevantes em seres humanos.

Um exemplo emblemático é o caso do Alzheimer.

Durante anos, acreditou-se que o azul de metileno ou seus derivados poderiam interferir na agregação de proteínas tau, relacionadas à doença.

Mas o maior estudo clínico já realizado – publicado no Lancet em 2016, com 890 pacientes – demonstrou que o composto investigado (o LMTM, derivado do azul de metileno) não teve eficácia superior ao placebo.

A empolgação da comunidade científica se dissipou com os dados.

O que não se dissipou, porém, foi o entusiasmo dos vendedores de promessas.

Cápsulas azuis ganharam as redes, geralmente sem prescrição, orientação ou controle.

E é aí que mora o perigo.

O azul de metileno não é inofensivo.

Em pessoas que fazem uso de antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, pode desencadear a síndrome serotoninérgica, uma condição grave e potencialmente fatal, com tremores, confusão, hipertermia e até convulsões.

Em indivíduos com deficiência de G6PD, uma condição genética, o uso da substância pode provocar anemia hemolítica grave, que é uma condição em que ocorre a destruição das células do sangue.

Mesmo em casos leves, efeitos como náuseas, diarreia, dor de cabeça, alteração na coloração da urina ou da pele e sensibilidade à luz são comuns.

Além dos riscos individuais, há o problema coletivo: vender ciência distorcida mina a confiança nas instituições, banaliza os cuidados médicos e transforma saúde em produto de marketing.

Na Europa, associações farmacêuticas já alertaram contra o uso indiscriminado do azul de metileno.

Ele não é aprovado como suplemento, não é medicamento para uso domiciliar e não deve ser vendido para qualquer finalidade sem supervisão adequada.

No Brasil, infelizmente, farmácias de manipulação têm oferecido o produto de forma facilitada, com base em prescrições frouxas ou feitas por “médicos de Instagram” – um fenômeno preocupante e, no mínimo, antiético.

Não se trata aqui de rejeitar a ciência de substâncias antigas, muito pelo contrário.

O azul de metileno é, sim, uma molécula fascinante, e pode ter aplicações futuras relevantes.

Mas transformar um fármaco com usos clínicos específicos em “pílula da mente” para consumo recreativo é não só irresponsável como perigoso.

Em tempos de hype, precisamos mais do que nunca de bom senso.

Antes de seguir o conselho de um influenciador digital, vale a pena perguntar: isso tem respaldo científico real ou é só mais uma embalagem bonita para uma ideia vazia?

O azul de metileno salvou vidas – e segue salvando, dentro dos hospitais.

Mas, usado fora do contexto médico, ele pode ser mais ilusão azul do que solução brilhante.

* Gustavo Lenci Marques é médico cardiologista, pós-doutor em Ciências da Saúde, professor de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e especialista da plataforma de Carreira Médica PUCPR


Fonte: veja

25/06/2025 10:43

ShareTweet

Related Posts

Com busca do governo por arrecadação, Brasil teve em 2024 maior carga tributária em mais de 20 anos

by Iago
13 de dezembro de 2025

O Brasil registrou, em 2024, a maior carga tributária bruta (CTB) dos últimos 22 anos. Os tributos atingiram 32,2% do...

As fotos e cartas inéditas do jovem Ayrton Senna antes de ser piloto de F1

by Iago
12 de dezembro de 2025

As fotos e cartas inéditas do jovem Ayrton Senna antes de ser piloto de F1 Piloto já demonstrava paixão e...

Primeiro espetáculo de teatro com IA põe Albano Jerónimo a dialogar com computador

by Iago
12 de dezembro de 2025

Com uma parte do guião escrito, e quase sempre improvisado, "carne.exe" põe Albano Jerónimo a contracenar em palco com um...

Donald Trump acusa os media de “traição” por questionarem a sua saúde

by Iago
10 de dezembro de 2025

O republicano publicou uma longa mensagem na terça-feira à noite na sua rede social Truth Social, atacando o importante jornal...

Programa do GDF reduz tempo para tratamento do câncer na rede pública

by Iago
10 de dezembro de 2025

atualizado O câncer segue entre as doenças que mais desafiam os sistemas de saúde do mundo. No diagnóstico e no...

Next Post

A reclamação indireta de Braga Netto a Alexandre de Moraes

Qual deve ser a Herança da DR desta semana no 'Power Couple Brasil'?

TRENDING

Brasil

Com busca do governo por arrecadação, Brasil teve em 2024 maior carga tributária em mais de 20 anos

13 de dezembro de 2025
Brasil

Após caso Moraes, especialistas veem limites e riscos futuros no uso da Lei Magnitsky

13 de dezembro de 2025
Internacional

ONU encerra missão política no Iraque após 22 anos a pedido de Bagdade

13 de dezembro de 2025
POLÍTICA

Regras migratórias restritivas terão o primeiro teste real em 2026

13 de dezembro de 2025
POLÍTICA

Nova Lei das Finanças Locais “é uma necessidade imperiosa do país”

13 de dezembro de 2025
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
No Result
View All Result
  • Inicio
  • POLÍTICA
  • MUNDO
  • TECNOLOGIA
  • SAÚDE
  • ECONOMIA
  • ENTRETENIMENTO
  • SEGURANÇA
  • JUSTIÇA
  • Carnaval
  • VIDA E ESTILO

© 2024 Pensa Povo.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a utilizar este site, você está dando consentimento para o uso de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.